Eventos institucionais marcam participação popular na ALMG em 2004

O ano de 2004 na Assembléia de Minas foi marcado por uma série de eventos institucionais que demonstraram a preocupaç...

21/12/2004 - 01:00
 

Eventos institucionais marcam participação popular na ALMG em 2004

O ano de 2004 na Assembléia de Minas foi marcado por uma série de eventos institucionais que demonstraram a preocupação do Parlamento com a discussão de questões que influenciam de perto a vida do cidadão mineiro: Meio ambiente, com ênfase na questão energética e no saneamento, economia, cultura, comunicação, participação política e a formulação de políticas públicas. Esses foram alguns dos temas debatidos nos vários eventos institucionais que a Casa realizou no ano. Foram seis ciclos de debates, dois fóruns técnicos e dois debates públicos.

A Assembléia sediou também quatro conferências estaduais que debateram políticas públicas para diferentes segmentos, preparando a participação do Estado nas conferências nacionais. Um evento inédito e marcante foi o Parlamento Jovem, programa em que estudantes simularam, no Plenário, uma audiência pública e uma reunião ordinária da Comissão de Participação Popular, com a discussão de vários assuntos.

Eventos sobre saneamento e São Francisco marcam posição de MG

Com duração de quatro dias, em setembro, o seminário legislativo "Saneamento Ambiental - Demandas e Intervenções necessárias", contou com várias reuniões de interiorização e preparação de seis meses, e resultou na aprovação de 300 propostas. O evento mobilizou centenas de profissionais e estudiosos do tema para a discussão da proposta do Ministério das Cidades criando a Política Nacional de Saneamento Ambiental (PNSA). Ela prevê a instalação de consórcios municipais de saneamento para fornecer água tratada, coletar e tratar esgotos, coletar e tratar o lixo e fazer drenagem superficial e controle de pragas e vetores. Discutida no seminário, a PNSA pareceu inviável e soou como ameaça às empresas estaduais de saneamento básico.

Transposição - O Ciclo de Debates "Em defesa do Rio São Francisco", realizado em novembro no Plenário, teve como saldo final a "Carta de Minas". O documento deixa como mensagem que o projeto de transposição do rio, que o governo federal quer iniciar em 2005, precisa ser melhor debatido pela sociedade, inclusive em seu aspecto técnico, e a União erra ao não investir prioritariamente na revitalização da Bacia do São Francisco. O ciclo de debates, que reuniu autoridades e ambientalistas de Minas Gerais e de outros estados da Bacia do São Francisco, teve por objetivo discutir o projeto de integração de bacias e a realidade ambiental do rio, com seus impactos sociais, econômicos e ambientais.

Cerrado - As vertentes social, econômica e ambiental do cerrado mineiro foram abordadas no Fórum Técnico "Cerrado Mineiro: Desafios e Perspectivas", realizado em junho na Assembléia, com a participação de técnicos de órgãos federais e estaduais envolvidos com o setor, entre outras entidades. Foram discutidas as estratégias de sustentabilidade para produção no cerrado (segundo maior bioma brasileiro) e políticas públicas para a área, entre outros assuntos. Depois de aprovado em Plenário, o documento final do evento, com mais de 70 propostas, foi entregue ao secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho.

Eucalipto - O Ciclo de Debates "O Eucalipto", realizado em maio, colocou frente a frente no Plenário defensores e críticos da cultura do eucalipto. Alguns especialistas mostraram os efeitos da monocultura de eucalipto sobre o meio ambiente, enquanto outros derrubaram mitos que cercam o cultivo. O professor da Universidade de Lavras, José Roberto Scolforo, mostrou que a cultura de eucalipto não pode ser considerada causadora da degradação dos rios e lençóis freáticos onde é praticada. Segundo ele, as raízes do eucalipto não afetam os lençóis freáticos, pois elas não atingem 2,5 metros de comprimento. Como o tema é polêmico, coube aos deputados o papel de interpretar as razões de cada lado e moderar as atitudes que não levassem ao pleno entendimento da questão.

Gás natural - Entidades empresariais participaram do Ciclo de Debates "Gás Natural para o Desenvolvimento", em maio, no Plenário. O evento foi marcado pela defesa unânime de uma maior utilização do gás natural veicular (GNV) e da redução de impostos sobre esse combustível. Houve também críticas à pequena participação do gás natural na matriz energética brasileira e pedidos de apoio governamental ao setor de GNV. O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer, defendeu a sociedade da Petrobras com a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), controlada pela Cemig. Essa última vendeu 49% das ações da Gasmig para a companhia de petróleo, o que poderá, segundo Brumer, incrementar o mercado de gás natural em Minas.

40 anos do golpe e participação política

No dia em que eram lembrados os 40 anos de golpe militar de 1964 - 31 de março - a Assembléia reuniu, no Ciclo de Debates "Resistir Sempre - 64 Nunca Mais", diversos personagens que marcaram a luta contra a ditadura militar. Políticos, juristas, deputados, intelectuais, jornalistas e outros nomes marcantes da luta contra a ditadura, além de familiares dos mortos e estudantes, participaram das palestras e debates. Foram enfocados o contexto sociopolítico e o significado do golpe de 64, as cassações no Legislativo mineiro e os testemunhos da resistência. Paralelamente ao ciclo, foi montada a exposição "1964-1985: A subversão do esquecimento", que mostrou os principais fatos que marcaram duas décadas de ditadura militar.

Participação Popular - Visando ampliar a participação popular no Legislativo, foi realizado em junho, o debate público "Participação Popular e o Poder Legislativo". Marcando a comemoração de um ano de funcionamento da Comissão de Participação Popular, o debate contou com as presenças de deputados estaduais de Minas e do Rio Grande do Sul, professores e estudiosos do tema. A importância das comissões de legislação participativa e a transição da democracia representativa para a participativa foram temas abordados no evento. Foi divulgada também estatísticas das audiências que debateram, em 2003, projetos do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) e do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI).

Assembléia sedia várias conferências estaduais

Com mais de 500 pessoas inscritas, entre elas a subsecretária da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a I Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres reuniu no Plenário representantes de entidades que defendem a causa feminina e políticas de gênero. Realização conjunta da Assembléia, da Secretaria de Desenvolvimento Social e do Conselho Estadual da Mulher, o encontro foi a etapa estadual da Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília, no mês de julho. Os objetivos do evento foram a formulação de diretrizes das políticas para as mulheres, a discussão de prioridades para os próximos anos e a eleição de delegadas para o encontro nacional.

Direitos Humanos - A II Conferência Estadual de Direitos Humanos, em maio, aprovou 170 propostas em sua plenária final, na Assembléia. Coordenador do encontro, o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, fez um balanço dos avanços alcançados como: a posição de fortalecimento do Ministério Público, mantendo seu poder de investigação, ameaçado de restrição por uma Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal; a oposição à federalização de crimes contra direitos humanos e a proposta de aumento da pena para agentes públicos que cometerem abuso de autoridade.

Juventude - A Assembléia Legislativa sediou também, em abril, a Conferência Estadual da Juventude, etapa preliminar para o evento de abrangência nacional, realizado em maio, em Brasília. Cerca de 150 jovens, escolhidos nas etapas preparatórias em 12 cidades-pólo de Minas, participaram dos debates e da formulação de propostas de políticas públicas para a juventude. No segundo dia do evento, os participantes se dividiram em sete grupos para discutir temas relacionados com educação, saúde, cidadania, minorias, implementação de políticas públicas e trabalho. Um relator redigiu o documento com as reivindicações ligadas ao tema proposto. Com base nesses relatórios, ao final do evento, foi elaborada a Carta de Minas Gerais, levada à Conferência Nacional da Juventude.

Desporto - Em dezembro, políticos, professores e a comunidade esportiva de Minas estiveram reunidos no Plenário da Assembléia para a realização da Conferência Regional de Minas Gerais para a elaboração do Estatuto do Desporto, um conjunto de normas para substituir as leis esparsas que regulamentam a prática esportiva no Brasil. Foi um evento da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, sob a coordenação do deputado federal Ronaldo Vasconcelos (PTB-MG), e com a participação do deputado federal Gilmar Machado, relator da comissão. Ao final do evento, os participantes reuniram as propostas apresentadas de mudanças no estatuto, contido no Projeto de Lei 4.784/01, em tramitação na Câmara dos Deputados.

Jovens exercitam democracia no Parlamento Jovem

O projeto Parlamento Jovem, realizado em setembro no Plenário, foi considerado pelos participantes "um verdadeiro exercício da democracia". Após seis meses de preparação com palestras, estudos, e pesquisas, o programa - uma parceria da Escola do Legislativo com a PUC Minas -, culminou com a reunião de 309 pessoas, entre alunos e professores da PUC e de seis escolas de ensino médio da Capital. Eles simularam uma audiência pública e uma reunião ordinária da Comissão de Participação Popular, discutindo políticas para prevenção às drogas e as cotas para minorias nas universidades estaduais. 77 jovens ocuparam o lugar dos deputados enquanto outros encheram as galerias, manifestando-se a cada pronunciamento. Na reunião ordinária, foram votados de forma fictícia pareceres sobre cinco projetos criados pelos estudantes.

Financiamento da cultura - Outro grande evento institucional foi o Fórum Técnico "Cultura: Política e Financiamento", realizado em agosto. Cerca de 450 participantes elaboraram e votaram 75 propostas para melhorar o desempenho do setor cultural. O documento com as propostas foi entregue ao secretário de Cultura, Luiz Roberto do Nascimento e Silva, ao presidente da Assembléia e ao governador. Uma das propostas é a criação de uma comissão permanente de Cultura na Assembléia, desmembrada da Comissão de Educação. Outra é a ativação do Conselho Estadual de Cultura, com a nomeação de seus membros em 30 dias. Outro desdobramento do fórum foi a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Cultura na ALMG.

TVs públicas - Em outubro e novembro, a Assembléia sediou um ciclo de debates sobre TVs públicas, abordando financiamento, produção, programação e o futuro do jornalismo público. A ALMG apoiou o evento realizando inclusive reunião especial em dezembro para comemorar os 20 anos da TV Minas. O ciclo, promovido pela Rede Minas e Secretaria de Estado da Cultura, teve palestras com os titulares desses órgãos, Ângela Carrato e Luiz Roberto Nascimento; o fundador da Rede Minas, Guy de Almeida; o subsecretário geral da Presidência, Ricardo Amaral; o coordenador da Radiobrás, Chico Daniel; o deputado federal Orlando Fantazzini; e representantes das TVs Cultura de São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Pará e da TV Horizonte, Rede Minas e TVC.

Plano Real - O Plano Real foi discutido do ponto de vista do desenvolvimento pelo professor de Economia da Universidade de Campinas, Plínio de Arruda Sampaio Júnior, no Ciclo de Debates sobre os dez anos do plano, realizado em agosto. Para o professor, é essencial levantar os impactos do plano para o desenvolvimento. "Para quem serve este modelo, se estabiliza preços e moedas, mas não melhora a vida da população?", indagou Arruda. Plínio Arruda Sampaio foi um dos expositores da tarde, junto com o professor de Economia da UFMG, Valdemar Servilha, e do economista e consultor Fabrício Augusto de Oliveira.

 

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