Direitos Humanos combate cadeião em Ribeirão das Neves

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, deputado Durval Ângelo (PT), compareceu na tarde desta se...

07/12/2004 - 01:00
 

Direitos Humanos combate cadeião em Ribeirão das Neves

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, deputado Durval Ângelo (PT), compareceu na tarde desta segunda-feira (6/12/04) a um ato público em Ribeirão das Neves contra a construção de um "cadeião" para 800 presos, obra de R$ 16 milhões anunciada pelo Governo de Minas para ser construída em regime de urgência. O advogado Fábio Alves, da Pastoral Carcerária, denunciou que o projeto do Governo é construir oito penitenciárias e um hospital penitenciário na cidade em 2006, aumentando a população carcerária do município para cerca de 8 mil detentos. Atualmente há cerca de 3.500 sentenciados distribuídos por presídios como o José Maria Alkmin, a Dutra Ladeira e o Jovens Adultos.

"Aécio Neves quer transformar a cidade em um novo Carandiru", criticou o deputado Durval Ângelo, referindo-se ao presídio paulista que foi desativado e posteriormente demolido. O ato público ocorreu no Plenário da Câmara Municipal da cidade, onde compareceram mais de 100 manifestantes com faixas, apesar da forte chuva que caía. Além do deputado e do advogado, participaram também o pároco de Justinópolis, Padre Paulo Cerceau Ibrahim, o vereador Vicente Carvalho e outros três vereadores eleitos e o sindicalista Marcos Terrinha, dos agentes penitenciários.

Padre Paulo disse que a cidade tem um efetivo de apenas 74 policiais, dos quais apenas 50 estão de serviço, e apenas sete viaturas, e que o Governo anuncia a construção de um grande hospital penitenciário, enquanto a população de 350 mil pessoas não tem acesso a um hospital decente. "Queremos esses R$ 16 milhões para ampliar e equipar o nosso hospital, e não para construir cadeias. Neves pede indústrias, mas não a indústria do crime", afirmou. "Éramos uma cidade-dormitório, mas hoje ninguém dorme por causa da violência. Dentro em pouco o Governo terá que duplicar a avenida Vilarinho, fazendo pistas especiais só para rádio-patrulha e rabecão", previu o sacerdote.

Familiares dos presos constroem favelas em Ribeirão das Neves

Durval Ângelo disse que menos de 10% dos presos que cumprem pena nos presídios de Ribeirão das Neves são da cidade, e que a maior reivindicação deles é ficar o mais próximo possível das famílias. O deputado defende que a proximidade com a família ajuda na recuperação e é um direito previsto na Lei de Execuções Penais. Outro religioso, o Padre José Geraldo, acrescentou que quando o preso é transferido para Neves, a família carente vem morar perto, formando novas favelas e agravando o déficit social.

O advogado Fábio Alves afirmou que a Prefeitura tem poderes administrativos para impedir a construção do chamado Centro de Detenção Provisória, e que não é verdade a afirmativa do Governo de que os juízes e promotores estariam apoiando o projeto. Alves resumiu para a platéia as alternativas diante da comunidade: uma é o caminho jurídico, uma ação pública contra o cadeião. As outras duas são a pressão política e a mobilização da comunidade. Lembrou que, há um ano, a comunidade foi com dois ônibus manifestar-se contra o cadeião diante do Palácio da Liberdade, e que o Governo mandou a polícia dispersar o ato e bater nos manifestantes.

Promotora criminal vai receber Conselho de Defesa Social

Antes do ato público na Câmara, o deputado Durval Ângelo, o advogado Fábio Alves e os padres tiveram uma reunião no Fórum com a promotora criminal Cláudia do Amaral Xavier, que disse desconhecer o projeto de concentração de penitenciárias em sua jurisdição. A promotora comprometeu-se a analisar a legalidade do projeto e entrar com ação civil pública para embargá-lo se for contra a lei e contra o interesse da comunidade.

Cláudia Xavier disse, ainda, que esteve atuando por alguns anos fora da cidade e que, ao voltar, ficou espantada com o bolsão de pobreza em que se havia tornado Ribeirão das Neves. Devido à urgência do assunto, marcou reunião com o Conselho de Defesa Social da cidade para esta terça-feira, às 13 horas.

Durval Ângelo disse à promotora que a cidade tem o menor índice de asfaltamento e de coleta de esgotos, e o maior número de áreas de risco da região metropolitana. Defendeu a implantação de um presídio do modelo Apac na cidade, só para os presos locais, a um custo muito menor do que os tradicionais e com índice de recuperação excelente.

 

 

 

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