Deputados visitam Usina de Irapé; Cemig nega atraso nas obras

Representantes da Cemig garantiram aos deputados da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembléi...

07/12/2004 - 21:39
 

Deputados visitam Usina de Irapé; Cemig nega atraso nas obras

Representantes da Cemig garantiram aos deputados da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembléia Legislativa que as obras de construção da Usina Hidrelétrica de Irapé não estão atrasadas. Os deputados Célio Moreira (PL) e Padre João (PT) visitaram, nesta segunda-feira (6/12/04), o canteiro de obras da usina, que fica no Vale do Jequitinhonha e deveria ter tido as comportas fechadas no dia 1º de novembro para o início da formação do lago, de acordo com seu cronograma original. A usina, anunciada como a "redenção do Vale da Miséria", começou a ser construída em abril de 2002, ainda no governo Itamar Franco, ao custo total de R$ 900 milhões. Caso a previsão inicial de formação do lago se concretizasse, a hidrelétrica poderia começar a gerar energia a partir de fevereiro de 2005. Mas problemas com o reassentamento das famílias atingidas pela obra atrasaram o cronograma de Irapé, segundo informações publicadas pela imprensa da Capital.

De acordo com um dos engenheiros da Cemig responsáveis pela obra, Marcionílio Ferreira Pacheco, as notícias que vêm sendo veiculadas pela imprensa "estão todas erradas". Segundo ele, a previsão de início de operação de Irapé que consta do contrato firmado entre Cemig e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é fevereiro de 2006. "A Cemig, na verdade, está antecipando esse prazo", justificou. De acordo com o engenheiro, a empresa trabalha com a possibilidade de fechar as comportas em fevereiro de 2005. Como a estação chuvosa já estará no fim, o lago deve demorar mais tempo para encher, e com isso, a usina deve começar a operar em setembro.

Marcionílio garantiu aos deputados que as obras não estão atrasadas. Falta apenas a conclusão da barragem de 208 metros de altura, dos quais 180 metros já estão concluídos (depois de pronta, a barragem de Irapé será uma das mais altas do Brasil). O atraso na entrega da obra se deve unicamente aos problemas enfrentados no processo de reassentamento dos atingidos. "Estamos fazendo compensações que não estavam previstas, como pavimentação de ruas, construção de praça e estação de tratamento de esgoto em Lelivéldia", explicou.

Além disso, de acordo com o engenheiro, o reassentamento é um processo complicado, em que a Cemig é obrigada a oferecer às famílias três opções de terras. A empresa já adquiriu terras em 18 municípios, num total de 65 mil hectares, cinco vezes a quantidade inicialmente acertada. Marcionílio não soube precisar o número de famílias atingidas nem a quantidade de pessoas já reassentadas, mas garantiu que os agricultores afetados pela usina não perderam a safra deste ano. "Tem muita fazenda já plantada. Quem ainda não plantou é porque tem preguiça", afirmou.

Usina vai gerar energia para 2,5 milhões de pessoas

Quando estiver pronta, a hidrelétrica de Irapé - Usina Presidente Juscelino Kubitschek - terá uma potência de 330 megawatts, o suficiente para atender 2,5 milhões de pessoas. O lago a ser formado pelo represamento do Rio Jequitinhonha terá 115 quilômetros de extensão, e inundará terras de sete municípios: Cristália, Botumirim, Grão-Mogol, Turmalina, Berilo, Leme do Prado e José Gonçalves de Minas. A usina está sendo construída por um consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Hochtief. O governo do Estado entrou com uma contrapartida de R$ 90 milhões, o que corresponde a 10% do orçamento previsto para a obra.

Segundo matéria publicada no jornal "Estado de Minas", um relatório da Fundação Estadual da Meio Ambiente dava conta de que, até novembro, nenhuma das 5 mil pessoas atingidas pelas obras da usina tinha sido reassentada, e só 34% das áreas destinadas ao reassentamento haviam sido adquiridas pela Cemig. Essa população à espera do reassentamento, dedicada à agricultura de subsistência, teria perdido a safra 2004/2005.

O deputado Célio Moreira, autor do requerimento para a realização da visita, disse que pretende agendar um encontro com a superintendente de Irapé, Mônica Neves Cordeiro, para discutir as pendências relativas ao reassentamento, o cronograma de conclusão das obras e as questões ambientais relativas ao lago a ser formado. O parlamentar disse que também pretende ouvir representantes das famílias que terão que ser removidas da região.

Já o deputado Padre João, que acompanhou as agruras vividas pelos atingidos pela Usina de Candonga, disse que não abre mão da realização de uma audiência pública para discutir o impacto ambiental da obra e as dificuldades enfrentadas pela população à espera do reassentamento. "As empresas sempre priorizam a aquisição de terras para a construção do empreendimento, nunca para o reassentamento das famílias atingidas", disse.

Presenças - Deputados Célio Moreira (PL) e Padre João (PT), além do prefeito eleito de Virgem da Lapa, Averaldo Moreira (PT), e do engenheiro do Consórcio Construtor de Irapé, Isaías de Souza.

 

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