Deputados visitam Usina de Irapé; Cemig nega atraso nas obras
Representantes da Cemig garantiram aos deputados da
Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembléia
Legislativa que as obras de construção da Usina Hidrelétrica de
Irapé não estão atrasadas. Os deputados Célio Moreira (PL) e Padre
João (PT) visitaram, nesta segunda-feira (6/12/04), o canteiro de
obras da usina, que fica no Vale do Jequitinhonha e deveria ter tido
as comportas fechadas no dia 1º de novembro para o início da
formação do lago, de acordo com seu cronograma original. A usina,
anunciada como a "redenção do Vale da Miséria", começou a ser
construída em abril de 2002, ainda no governo Itamar Franco, ao
custo total de R$ 900 milhões. Caso a previsão inicial de formação
do lago se concretizasse, a hidrelétrica poderia começar a gerar
energia a partir de fevereiro de 2005. Mas problemas com o
reassentamento das famílias atingidas pela obra atrasaram o
cronograma de Irapé, segundo informações publicadas pela imprensa da
Capital.
De acordo com um dos engenheiros da Cemig
responsáveis pela obra, Marcionílio Ferreira Pacheco, as notícias
que vêm sendo veiculadas pela imprensa "estão todas erradas".
Segundo ele, a previsão de início de operação de Irapé que consta do
contrato firmado entre Cemig e Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) é fevereiro de 2006. "A Cemig, na verdade, está antecipando
esse prazo", justificou. De acordo com o engenheiro, a empresa
trabalha com a possibilidade de fechar as comportas em fevereiro de
2005. Como a estação chuvosa já estará no fim, o lago deve demorar
mais tempo para encher, e com isso, a usina deve começar a operar em
setembro.
Marcionílio garantiu aos deputados que as obras não
estão atrasadas. Falta apenas a conclusão da barragem de 208 metros
de altura, dos quais 180 metros já estão concluídos (depois de
pronta, a barragem de Irapé será uma das mais altas do Brasil). O
atraso na entrega da obra se deve unicamente aos problemas
enfrentados no processo de reassentamento dos atingidos. "Estamos
fazendo compensações que não estavam previstas, como pavimentação de
ruas, construção de praça e estação de tratamento de esgoto em
Lelivéldia", explicou.
Além disso, de acordo com o engenheiro, o
reassentamento é um processo complicado, em que a Cemig é obrigada a
oferecer às famílias três opções de terras. A empresa já adquiriu
terras em 18 municípios, num total de 65 mil hectares, cinco vezes a
quantidade inicialmente acertada. Marcionílio não soube precisar o
número de famílias atingidas nem a quantidade de pessoas já
reassentadas, mas garantiu que os agricultores afetados pela usina
não perderam a safra deste ano. "Tem muita fazenda já plantada. Quem
ainda não plantou é porque tem preguiça", afirmou.
Usina vai gerar energia para 2,5 milhões de
pessoas
Quando estiver pronta, a hidrelétrica de Irapé -
Usina Presidente Juscelino Kubitschek - terá uma potência de 330
megawatts, o suficiente para atender 2,5 milhões de pessoas. O lago
a ser formado pelo represamento do Rio Jequitinhonha terá 115
quilômetros de extensão, e inundará terras de sete municípios:
Cristália, Botumirim, Grão-Mogol, Turmalina, Berilo, Leme do Prado e
José Gonçalves de Minas. A usina está sendo construída por um
consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e
Hochtief. O governo do Estado entrou com uma contrapartida de R$ 90
milhões, o que corresponde a 10% do orçamento previsto para a
obra.
Segundo matéria publicada no jornal "Estado de
Minas", um relatório da Fundação Estadual da Meio Ambiente dava
conta de que, até novembro, nenhuma das 5 mil pessoas atingidas
pelas obras da usina tinha sido reassentada, e só 34% das áreas
destinadas ao reassentamento haviam sido adquiridas pela Cemig. Essa
população à espera do reassentamento, dedicada à agricultura de
subsistência, teria perdido a safra 2004/2005.
O deputado Célio Moreira, autor do requerimento
para a realização da visita, disse que pretende agendar um encontro
com a superintendente de Irapé, Mônica Neves Cordeiro, para discutir
as pendências relativas ao reassentamento, o cronograma de conclusão
das obras e as questões ambientais relativas ao lago a ser formado.
O parlamentar disse que também pretende ouvir representantes das
famílias que terão que ser removidas da região.
Já o deputado Padre João, que acompanhou as agruras
vividas pelos atingidos pela Usina de Candonga, disse que não abre
mão da realização de uma audiência pública para discutir o impacto
ambiental da obra e as dificuldades enfrentadas pela população à
espera do reassentamento. "As empresas sempre priorizam a aquisição
de terras para a construção do empreendimento, nunca para o
reassentamento das famílias atingidas", disse.
Presenças - Deputados
Célio Moreira (PL) e Padre João (PT), além do prefeito eleito de
Virgem da Lapa, Averaldo Moreira (PT), e do engenheiro do Consórcio
Construtor de Irapé, Isaías de Souza.
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