Mineiros contribuem para aperfeiçoar Estatuto do Desporto

Ao longo desta sexta-feira (3/12/04), políticos, professores e a comunidade esportiva de Minas estiveram reunidos no ...

03/12/2004 - 01:00
 

Mineiros contribuem para aperfeiçoar Estatuto do Desporto

Ao longo desta sexta-feira (3/12/04), políticos, professores e a comunidade esportiva de Minas estiveram reunidos no Plenário da Assembléia Legislativa, para a realização da Conferência Regional de Minas Gerais para a elaboração do Estatuto do Desporto, um conjunto de normas para substituir as leis esparsas que regulamentam a prática esportiva no Brasil. Foi um evento da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, sob a coordenação do deputado federal Ronaldo Vasconcelos (PTB-MG), e com a participação do deputado federal Gilmar Machado, petista mineiro que é o relator da comissão e está percorrendo o país em conferências semelhantes.

Na parte da manhã, houve abertura solene com autoridades na mesa presidida pelo deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) e quatro painéis com especialistas e estudiosos da regulamentação do esporte, seguidos de debate com uma dezena dos 180 inscritos na platéia. Esportistas ilustres estavam sentados na platéia, ao lado de estudantes e profissionais de Educação Física: Wilson Piazza, tricampeão mundial de futebol em 1970; jogadores famosos do Cruzeiro Esporte Clube (Zé Carlos) e do Atlético (Paulo Roberto), o cronista esportivo Fernando Sasso, o juiz Márcio Resende Freitas.

Os painéis foram coordenados pelos deputados Fábio Avelar (PTB) e João Leite (PSB), este último um dos goleiros de mais longa carreira no Atlético. O deputado federal José Militão (PTB-MG) também participou do evento. Na abertura, o 2º vice-presidente Adelmo Carneiro Leão lembrou que "o futebol está impregnado em nossa cultura", e que "o esporte é uma das melhores alternativas para ascensão social dos jovens e satisfação pessoal de quem o pratica".

"Só Pelé pode improvisar", afirma Vasconcelos

O coordenador da conferência, Ronaldo Vasconcelos, ressalvou que muitos debates terminam frustrados, sem tornar-se leis, mas que este caso era diferente. "O governo já definiu que vai implantar o Estatuto do Desporto, e devemos discuti-lo bem, planejar e organizar para que as coisas dêem certo. Só Pelé pode improvisar", disse Vasconcelos, listando, além do futebol, os demais esportes e os esportes paraolímpicos.

O relator do projeto, deputado Gilmar Machado, disse que o estatuto vai unificar a legislação esportiva no Brasil, substituindo a Lei Pelé, a Lei Zico e toda a legislação específica sobre o esporte, e que o projeto obedece aos dispositivos constitucionais que mandam investir no esporte educacional e de participação. Mencionou ainda os benefícios do esporte, mas lembrou que o exagero pode ser fatal, como no caso das 15 mortes ocorridas em academias por abuso de anabolizantes. Gilmar manifestou preocupação com o que chama de "monocultura do futebol", e que existem novos esportes que geram emprego e renda e onde os brasileiros se destacam, como o skate e o parapente. Revelou ainda que até o próximo dia 10 uma medida provisória vai criar uma nova loteria, chamada Telemania, com recursos canalizados para o desenvolvimento do esporte.

José Militão, que pertence à Comissão de Turismo da Câmara, revelou que o Rio de Janeiro, após os jogos panamericanos de 2007, que sediará, vai receber um reforço de 2 milhões anuais de turistas até 2012. Detalhou um pouco mais a finalidade da nova loteria: "Não queremos que o futebol brasileiro seja eterno devedor das contribuições sociais. Quem deve poderá abater suas dívidas. Quem não deve receberá recursos para consolidar suas atividades".

Expositores apontam lacunas e apresentam sugestões

O secretário de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, Marcos Montes, informou que cada centavo investido no esporte resulta na economia de cinco centavos em saúde, e que a atividade cria 5 mil empregos diretos em Minas. Para ele, "os caminhos do esporte convergem para o desenvolvimento social". Montes detalhou os 15 programas do governo estadual para apoio ao esporte e recomendou que o estatuto passe "pelo crivo dos profissionais de educação física que atuam nas escolas públicas, para que o esporte seja instrumento de inclusão social".

Emerson Garcia, professor de Educação Física, fez críticas pontuais ao projeto, a mais consistente delas prevendo que o atleta universitário ficará em desvantagem porque o estatuto não prevê se terá reposição de aula em épocas de competição. Eliana Novaes, da Secretaria de Estado da Educação, receia que a fonte de recursos para implantar o esporte nas escolas sejam os fundos de educação. "Isso seria inviável", afirmou. Leila Magalhães Pinto, da Escola de Educação Física da UFMG, sugeriu aumentar o acesso ao patrimônio esportivo construído ao longo dos anos pela sociedade.

Vital Severino Neto, presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, não tratou propriamente do acesso, mas da acessibilidade dos portadores de deficiência às praças esportivas. Lembrando as grandes vitórias dos paraatletas brasileiros em Atenas, informou que o presidente Lula acaba de assinar o decreto que regulamenta a acessibilidade. "Daqui por diante, todas as praças esportivas que forem construídas ou reformadas no Brasil terão que prever o acesso dos portadores de deficiência".

Sérgio Bruno Zech Coelho, falando em nome de 18 mil clubes, informou que pesquisa recente do Comitê Olímpico Brasileiro tinha revelado que 60% dos atletas são descobertos e desenvolvidos nos clubes, que são freqüentados por 30 milhões de brasileiros. "Não estou vendo nada no estatuto para favorecer os clubes, que antigamente tinham isenções de IPTU, de INSS, e hoje não têm mais nada", disse Bruno Zech.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715