Bataticultores pedem investimentos para melhoria da produção
A Comissão de Política Agropecuária e
Agroindustrial da Assembléia de Minas debateu, nesta terça-feira
(30/11/200), os problemas que envolvem a produção da batata em Minas
Gerais. A falta de investimentos em planejamento de produção,
capacitação de mão-de-obra e pesquisas são as principais
dificuldades enfrentadas pelos bataticultores, segundo afirmou o
secretário da Associação dos Bataticultores do Estado (Abasmig),
José Daniel Rodrigues.
Para resolver esses problemas, o representante da
Abasmig sugeriu a criação de um comitê técnico que discuta
regularmente propostas para aperfeiçoar a produção, além de um órgão
regulamentador da bataticultura. Segundo ele, a bataticultura gera
mais de 100 mil empregos diretos e 50 mil indiretos no Sul de Minas.
Apesar disso, lembrou, 32 indústrias de batatas fritas daquela
região estariam trabalhando abaixo da capacidade por falta de
matéria-prima disponível.
A grande produção de batatas no Estado, que gera a
maior parte de empregos no Sul de Minas, também foi destacada pelo
deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), autor do requerimento que
originou a reunião. Ele pediu que todos os parlamentares se unam em
prol dessa causa e busquem investimentos para o setor e sugeriu,
junto com o deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB), que presidiu a
reunião, a criação de uma comissão especial na Assembléia para
debater o assunto.
A responsável pelo setor de bataticultura da
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana
Gabriela, concordou que o setor precisa de mais organização no
sistema de produção, mas lembrou que a Secretaria desenvolve, desde
1999, o projeto "Introdução e Avaliação de Cultivares de Batata em
Minas Gerais", para sanar esse e outros problemas. Segundo ela, a
bataticultura também precisa de mais investimentos em plantio de
novas variedades e pesquisas, sem as quais os produtores brasileiros
necessitam importar sementes de outras variedades, encarecendo a
produção. "O programa da Secretaria já implantou 23 variedades de
batatas francesas no Brasil. Cinco delas já estão à disposição",
explicou. O programa investirá ainda em estudos de estratégias de
industrialização, comercialização e novas pesquisas para desenvolver
mais variedades de batatas.
O fiscal federal da Área de Defesa Fitosanitária do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Minas Gerais,
Paulo Parizzi, também defendeu mais investimentos em pesquisas de
novas variedades de batatas. De acordo com Parizzi, o Ministério da
Agricultura está lançando no Sul de Minas um programa para diminuir
o consumo de agrotóxicos nas plantações e os custos de produção,
fazendo com que as sementes cheguem aos produtores mineiros pela
cidade de Varginha. Até agora, elas são importadas e chegam de
vários pontos do País.
Benefícios da batata devem ser divulgados
O investimento em campanhas que divulguem os
benefícios oferecidos pela batata foi defendido pelo presidente da
Ceasa/BH, ex-deputado Edson Resende. Segundo ele, a batata tem uma
imagem negativa no Brasil: "As pessoas não consomem por medo de
engordar e prejudicar a saúde devido à concentração de agrotóxicos
do vegetal. Temos que mudar essa imagem negativa".
Outra sugestão apontada na reunião foi aumentar o
crédito para os produtores, que, de acordo com o engenheiro agrônomo
Roberto Couto, encontram grandes dificuldades para conseguir a
liberação. No entanto, o gerente negocial do Banco do Brasil em
Minas Gerais, Carlos Tadeu de Melo, disse que as reclamações feitas
pelos produtores são genéricas, o que dificulta a solução de
possíveis problemas. "Temos grande interesse em prestar assistência
aos produtores rurais mas, para isso, precisamos de mais detalhes
nas reclamações", afirmou.
A união dos bataticultores e a criação do comitê
técnico para debater e organizar a produção foram apontados pela
professora da Universidade Federal de Lavras, Antônia Filgueiras, e
pelo chefe do Departamento Técnico da Ceasa, Gilson dos Santos, como
formas de solucionar os impasses. Para eles, reivindicações isoladas
não dão resultado. "A evolução só virá com cooperativas e
organização da produção", argumentou.
Requerimentos aprovados
A comissão aprovou dois
requerimentos relacionados ao Mercado Livre dos Produtores da Ceasa
MG (MLP), em Contagem, ambos de autoria do deputado Gil Pereira
(PP). O primeiro solicita audiência pública para debater o reajuste
da tarifa pela utilização da área do Mercado Livre do Produtor em
133% e a criação do Conselho Gestor do MLP. O segundo requerimento
solicita o encaminhamento de apelo ao secretário de Estado de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para que seja agilizada a
criação do Conselho Gestor do Mercado Livre dos Produtores da Ceasa
MG.
O deputado também solicitou, em outro requerimento
aprovado, audiência pública para discutir as possíveis divergências
em relação ao edital de licitação da venda de terrenos do Projeto
Jaíba II, que estariam prejudicando o desenvolvimento do
projeto.
Ainda foi aprovado requerimento
de autoria dos deputados Antônio Júlio (PMDB) e Paulo Cesar (PFL)
solicitando audiência pública conjunta com a Comissão de Educação,
Cultura, Ciência e Tecnologia. O objetivo é dar prosseguimento às
discussões sobre a situação do Instituto Técnico de Agropecuária e
Cooperativismo (CT - Itac), em Pitangui, devido à ameaça de
fechamento.
Presenças - Deputados Gil Pereira (PP),
presidente; Luiz Humberto Carneiro (PSDB), Paulo Piau (PP), Dalmo
Ribeiro Silva (PSDB), Alberto Pinto Coelho (PP), Elmiro Nascimento
(PFL), Laudelino Augusto (PT) e a deputada Jô Moraes (PCdoB).
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