Plenário recebe mudança no orçamento e debate segurança pública

A Reunião Ordinária de Plenário da Assembléia Legislativa desta quarta-feira (24/11/04) foi marcada por manifestações...

24/11/2004 - 01:00
 

Plenário recebe mudança no orçamento e debate segurança pública

A Reunião Ordinária de Plenário da Assembléia Legislativa desta quarta-feira (24/11/04) foi marcada por manifestações populares pela segurança pública e por embates entre deputados da base do governo Aécio Neves e da oposição sobre os recursos destinados ao setor. Durante a reunião, também foi lida a Mensagem 290, do governador, que encaminha emenda substitutiva ao Projeto de Lei (PL) 1.892/04, para mudar a proposta orçamentária para o exercício de 2005, que contém o Orçamento Fiscal e o Orçamento de Investimento das Empresas Controladas pelo Estado. A mudança acrescenta ao orçamento R$ 916,75 milhões, igualando receita e despesa, e é resultado do equilíbrio das contas públicas do Estado, anunciado pelo governador Aécio Neves na terça-feira (23).

De acordo com a mensagem do governador, o acréscimo na receita tem como justificativa o crescimento da receita do ICMS e da receita de dividendos, além da receita de aplicação financeira proveniente do ingresso dos novos recursos. Ainda segundo o governador, a medida vai repercutir nos recursos da reserva de contingência, da Fapemig, da dívida, da educação, da transferência a municípios e do Funfip. "Despesa com ações e serviços públicos de saúde não está sendo alterada, tendo em vista que os recursos anteriormente alocados superam o percentual mínimo de aplicação", afirma Aécio Neves, na mensagem.

Manifestantes reivindicam providências

Logo no início da Reunião Ordinária, comerciantes, taxistas, representantes de associações de moradores e das comunidades do hipercentro de Belo Horizonte e de Venda Nova e região levaram faixas, ocuparam as galerias do Plenário e reivindicaram providências para a resolução dos problemas causados pela violência. Vários deputados também falaram sobre o tema durante a reunião, utilizando o artigo 70 do Regimento Interno da Assembléia.

Os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança Pública, e Rogério Correia (PT), líder do Bloco PT/PCdoB, cobraram a aprovação do Projeto de Lei (PL) 823/03, de autoria de Rodrigues, que cria o Fundo Estadual de Segurança Pública. O projeto recebeu um substitutivo na Comissão de Segurança Pública e teve parecer pela rejeição aprovado na Comissão de Fiscalização Financeira. Agora, ele está pronto para entrar na ordem do dia. Ao defender o projeto, o deputado Rogério Correia fez várias críticas ao governo Aécio Neves, afirmando que cerca de 27% do que foi arrecadado para o setor acabou desviado para o caixa único do Tesouro. De acordo com ele, o governo empenhou apenas 65% dos recursos para a segurança que ele próprio havia destinado para o setor, no Orçamento 2004.

Em aparte ao deputado Rogério Correia, o deputado Sargento Rodrigues lembrou que o objetivo de seu projeto é "suprapartidário" e que está além de debates ideológicos, já que a responsabilidade sobre a segurança pública caberia a todos, tanto governo federal, quanto governo estadual. "Se nem mesmo a polícia tem sido poupada, como fica o cidadão comum? A solução para o problema está no custeio, na verba", alertou, após exibir um vídeo sobre a situação de insegurança da população. Rodrigues pediu apoio aos deputados da base aliada, especialmente ao líder do governo, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), para que intercedam junto ao governador pela proposta do Fundo de Segurança, mesmo que esta precise ser aperfeiçoada.

Deputados comentam anúncio de déficit

Os deputados João Leite (PSB), Miguel Martini (PSB), Gustavo Valadares (PFL) e Antônio Carlos Andrada (PSDB) defenderam as ações do governo de Minas na área de segurança pública e fizeram duras críticas ao governo federal, enquanto os deputados Rogério Correia e Weliton Prado (PT) denunciaram problemas no setor que seriam de responsabilidade do governo estadual. Críticas ao anúncio de déficit zero nas contas públicas do Estado também marcaram essa fase do debate, assim como palavras em sua defesa por parte dos integrantes da base de governo.

O deputado Rogério Correia, por exemplo, afirmou que o Estado deveria ter construído sete penitenciárias e criado o Fundo de Segurança Pública. "O governo do Estado precisa ter humildade de reconhecer que existem problemas e parar de maquiar a situação", criticou. Já o deputado Antônio Carlos Andrada anunciou que, em 2005, o orçamento estadual trará recursos da ordem de R$ 3,2 bilhões para as forças de segurança pública, enquanto o governo federal participará apenas com R$ 80 milhões.

Também o líder do governo, deputado Alberto Pinto Coelho, manifestou-se em defesa do governador Aécio Neves, destacando que a data do anúncio de déficit zero é histórica para Minas, que estaria, agora, resgatando seu desenvolvimento social e econômico. Segundo ele, a possibilidade concreta de superação do superávit primário está levando a uma ação não retórica, mas, sim, prática e efetiva, em áreas sociais e de infra-estrutura, além da segurança pública, prioridade do governo, afirmou. O líder do governo também citou os recursos que o governo do Estado está aplicando em segurança. Os deputados Paulo Piau (PP), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Márcio Kangussu (PPS) também ressaltaram a preocupação do governador com a segurança no Estado e a conquista do equilíbrio nas contas públicas.

Defesa dos direitos humanos gera debate

A deputada Lúcia Pacífico (PSDB), que foi assaltada nesta semana no Centro de Belo Horizonte, afirmou que os deputados devem fazer uma reflexão responsável sobre a segurança pública como dever do Estado. Segundo ela, o cidadão tem seus direitos desrespeitados e os índices de criminalidade são elevados. "Devemos nos calar diante de tal situação?", questionou. Ela cobrou mudanças no Código Penal e também no Estatuto da Criança e do Adolescente. De acordo com ela, muito tem sido feito pela Assembléia e pelo governador, mas isso não tem sido suficiente.

Já os deputados Leonardo Quintão (PMDB), Adalclever Lopes (PMDB) e Zé Maia (PSDB) reafirmaram a importância da defesa dos direitos humanos, mas ponderaram que muitas vezes os criminosos se beneficiam dos direitos humanos em detrimento das vítimas. O tema também foi abordado pelos deputados Rogério Correia e Domingos Sávio (PSDB), que afirmaram não haver incompatibilidade entre direitos humanos e combate à violência e criminalidade. "Não concordo com a tese de que direitos humanos protegem bandidos e significam tolerância com a impunidade. Se algum bandido se vale disso, é algo que deve ser condenado", afirmou Domingos Sávio, elogiando ainda o trabalho da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia.

No começo da reunião, o deputado Durval Ângelo criticou faixas que estavam estendidas nas galerias do Plenário que, segundo ele, faziam alusão à pena de morte e criticavam o trabalho da Comissão de Direitos Humanos, da qual é presidente. Ele pediu a suspensão da reunião por cinco minutos, para que as faixas fossem retiradas, e afirmou que a criminalidade no País só poderá ser combatida com o exercício dos direitos humanos: "Não se combate violência com violência".

Ao expressar sua opinião, o deputado Sargento Rodrigues concordou com a retirada da faixa que criticava os trabalhos da comissão, mas defendeu a permanência das outras faixas, que segundo ele, representam a voz da população, pois a pena de morte seria "decretada diariamente pelos bandidos aos cidadãos de bem". Rodrigues destacou que a maioria dos manifestantes já foi vítima de violência, tendo o direito de demonstrar sua indignação. "Ninguém agüenta mais essa situação de extrema insegurança", salientou o deputado Doutor Viana (PFL). Os participantes da manifestação foram elogiados pelo deputado Rogério Correia (PT): "Essas pessoas levantaram uma bandeira importante e necessária".

 

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