Informatização da Assembléia Legislativa completa 25
anos
A informatização da Assembléia Legislativa de Minas
Gerais (ALMG), que teve início em 1979, é hoje um modelo de
excelência dentro do poder público. Para comemorar a passagem dos 25
anos da chegada dos computadores à Casa, as gerências-gerais de
Sistemas de Informações (GSI), Documentação e Informação (GDI) e de
Taquigrafia e Publicação (GTP) lançam, na próxima quinta-feira
(2/11/04), no Salão Nobre, o "Banco de Pronunciamentos", um sistema
de informática para publicação de todos os pronunciamentos
realizados em Plenário, seja por deputados ou por autoridades, com
acesso também via internet.
Com números expressivos, como os 372 mil acessos
mensais ao seu site, cerca de 11 mil e-mails externos recebidos
diariamente e 900 computadores, que utilizam 51 sistemas diferentes,
a Assembléia de Minas continua inovando e, atualmente, trabalha na
substituição do Microsoft Office, conjunto de programas para edição
de textos, elaboração de planilhas eletrônicas e apresentações, pelo
OpenOffice, que tem as mesmas características, mas é gratuito.
O processo foi iniciado em 2002 e já proporcionou
uma economia de aproximadamente R$ 1 milhão para os cofres públicos.
Atualmente todos os gabinetes parlamentares e alguns setores
administrativos são usuários do OpenOffice. Em 2005 a mudança será
feita em todas as demais áreas da Assembléia onde for possível
migrar para o software livre.
De acordo com o gerente-geral de Sistemas e
Informações, Marcelo Migueletto de Andrade, fatos recentes
importantes na informatização da Casa foram a instalação do quarto
microcomputador nos gabinetes parlamentares, a duplicação da
velocidade de acesso à internet, passando de 2 Mbps (mega-bits por
segundo) para 4 Mbps, e também a implantação de vários novos
sistemas nas gerências-gerais de Administração de Pessoal, de
Manutenção e Serviços e de Projetos Institucionais, e ainda na
Coordenação de Saúde e Assistência. Para as próximas semanas estão
previstas ainda a substituição de micros antigos na Secretaria, a
troca das impressoras a laser dos gabinetes e a entrada em
funcionamento de um novo computador central para armazenar o banco
de dados corporativo, o que tornará mais rápidos todos os
sistemas.
História - O passo inicial
dessa trajetória bem-sucedida foi dado em 1978, quando o
ex-presidente da Assembléia, deputado Antônio Dias, e o então
diretor do Departamento de Pesquisa e Documentação Legislativa,
Fábio Madureira, foram a Brasília conhecer o Centro de Informática
do Senado Federal (Prodasen). O objetivo era obter acesso às bases
de dados institucionais do Congresso Nacional e conseguir apoio para
a implantação de um banco de informações semelhante em Minas.
A visita coincidiu com a necessidade do Prodasen de
ampliar seu raio de ação, procurando exatamente um Legislativo
estadual que pudesse receber tecnologia para desenvolver suas
próprias bases de dados. Naquele mesmo ano foi assinado um convênio
entre a ALMG, o Prodasen e a Companhia de Processamento de Dados do
Estado de Minas Gerais (Prodemge). Pelo acordo, a Assembléia passou
a ser usuária das bases de dados do Prodasen, que ofereceu a
tecnologia necessária para a conexão. Em 26 de janeiro de 1979,
estavam instalados os primeiros equipamentos de informática -
terminais de vídeo - utilizados pela ALMG.
Avanço da tecnologia e da democracia
Madureira lembra que, naquela época, a ditadura
militar já dava sinais de esgotamento e vislumbrava-se no país uma
abertura política. Ele mostrou aos deputados que a Assembléia
mineira precisava se preparar para esse novo momento, que seria
marcado por uma imensa expansão dos recursos de informação. Assim, a
criação de uma infra-estrutura para armazenar e processar grandes
volumes de dados colocaria o Legislativo mineiro em uma posição não
só independente, como privilegiada.
A utilização da informática na Assembléia ficou
limitada, inicialmente, à consulta de dois bancos de dados: o
"Matérias em Tramitação no Congresso Nacional" (Mate) e o "Normas
Jurídicas Federais" (NJUR), que trazia a Constituição Federal e as
resoluções do Senado e da Câmara dos Deputados. A ALMG foi a
primeira casa legislativa estadual a dispor dessas informações
eletronicamente.
Sem dúvida, tratava-se de um grande avanço para a
época. A conexão com Brasília ficava disponível somente uma hora e
meia por dia. Nesse período, as consultas recebidas na parte da
manhã eram digitadas e processadas. Mesmo com todas as limitações
técnicas, esses recursos ofereciam um serviço diferenciado aos
deputados estaduais mineiros. Em março de 1980, terminais de vídeo
adquiridos pela própria Assembléia substituíram os cedidos pela
Prodemge.
Folha de pagamento era processada em uma semana
Na área administrativa, o setor de pessoal foi o
primeiro a se beneficiar da informática para desenvolver suas
atividades. Seu primeiro computador, adquirido em julho de 1979, foi
um Cobra 300, usado para processar a folha de pagamento. Com 32
kbytes de memória RAM e quatro unidades de disquetes de oito
polegadas, o cálculo da folha levava uma semana para ser feito, após
cinco a dez dias de lançamento dos dados, lembra o ex-gerente de
pagamento Eduardo Gomes Barbosa. "Apesar de o trabalho ter sido
bastante facilitado, ainda passávamos muitas noites fazendo a
digitação dos dados", diz ele.
Seis anos depois, o departamento trocou o
equipamento por um micro padrão IBM PC-XT, o primeiro da Assembléia,
e o tempo de cálculo da folha de pagamento caiu para 11 horas. Só a
título de comparação, hoje esse processamento não leva mais do que
20 minutos, incluindo-se aí diversos procedimentos que antes eram
feitos à mão. O setor de Pessoal sempre foi um grande foco de
informatização na Casa. Os diversos sistemas desenvolvidos para ele
permitiram agilidade cada vez maior ao trabalho e ao mesmo tempo o
remanejamento de aproximadamente 50% de seus funcionários para
outras áreas.
Convênio - Ao longo dos
anos, a Assembléia acompanhou o rápido avanço tecnológico e
continuou atualizando seus equipamentos e sistemas, tanto no que diz
respeito às áreas administrativas quanto na parte do processo
legislativo. Técnicos externos e de outros setores foram trazidos ao
longo dos anos para a equipe de informática que se formava. Diversos
convênios foram assinados, entre eles um com a empresa ABC Bull, em
1988, destinado ao desenvolvimento de um sistema de apoio à
elaboração da Constituição Mineira.
O analista de sistemas Luiz Valadares, que foi
diretor e gerente-geral da área de informática entre 1991 e 95,
lembra que esse convênio com a ABC Bull foi o argumento que faltava
para que os deputados se convencessem da necessidade da instalação
de computadores na Casa. A empresa tinha uma fábrica em Contagem e
buscava um cliente de peso para apresentar seu produto ao mercado.
Por isso, em 1989, cedeu à Assembléia um computador de grande porte
DPS-1 para que o sistema fosse desenvolvido.
"Isso facilitou muito o trabalho dos deputados,
fazendo inclusive com que Minas Gerais fosse o primeiro Estado
brasileiro a promulgar a sua Constituição", afirma Valadares.
Naquele ano, o então presidente da Assembléia, deputado Neif Jabur,
declarou que "a informática teve participação decisiva para que os
deputados pudessem dispor, em tempo hábil, das informações de que
necessitavam para analisar as matérias em discussão, apresentar
emendas e votar, cumprindo sua missão com segurança e rapidez".
A parceria entre o corpo técnico e a classe
política é elogiada também pelo ex-diretor Fábio Madureira: "o que
ficou para mim de todo esse processo foi a lição de que a classe
política da Assembléia nunca fez oposição às mudanças necessárias".
O computador da ABC Bull também foi utilizado pela área de pessoal.
Eduardo Barbosa considera aquele momento um dos mais marcantes para
o setor em termos de evolução tecnológica.
Internet - No início dos
anos 90, com a redução dos preços dos microcomputadores, a
Assembléia estabeleceu uma rede de comunicação de dados e passou a
substituir os terminais de vídeo por micros. Ao mesmo tempo, o corpo
técnico especializado em informática se fortaleceu, com a
contratação de analistas de sistemas via concurso público em 1991,
um ano após a criação do Departamento de Informática. Ao longo dos
anos, essa rede passou por diversas expansões e atualizações, sendo
usada até hoje.
Um projeto pioneiro de governo eletrônico foi
desenvolvido pela Assembléia naquele período. Em 1992, três anos
antes do início da popularização da internet no Brasil, o
"Assembléia On Line" levava informações sobre os trabalhos da Casa a
câmaras municipais, prefeituras e associações de municípios através
de terminais instalados naqueles locais conectados remotamente ao
CPD da Assembléia.
O correio eletrônico foi usado pela primeira vez em
1994. No mesmo ano houve a primeira conexão da Assembléia à
Internet, através da Universidade Federal de Minas Gerais. Em 1995
entrou no ar o site da Assembléia, o segundo de um legislativo
estadual no país. O primeiro foi o da Assembléia Legislativa de São
Paulo. Em 2000 entrou no ar a intranet, que rapidamente tornou-se um
importante meio de comunicação interna e acesso a sistemas,
recebendo quase mil acessos por dia.
A interligação com a rede mundial de computadores
forçou também a tomada de providências contra invasões pelos
chamados "hackers", programadores que conseguem acessar sistemas
alheios com objetivo de prejudicá-los. Em 2001 foi instalado um
sistema de proteção (firewall). No mesmo ano houve mais um concurso
público para contratação de analistas de sistemas e implantado um
software de gerenciamento de informações jornalísticas, que contém
todas as matérias produzidas pela Gerência de Jornalismo desde
setembro de 1996.
A expansão da rede também permitiu a conexão de
mais computadores a ela. Cada gabinete parlamentar possui atualmente
quatro microcomputadores, além de impressoras jato de tinta e laser,
scanner e um palm top, que permite ao deputado ter sempre em mãos
sua agenda de compromissos e de contatos, sincronizada com os dados
mantidos nos computadores do seu gabinete. Os deputados têm à sua
disposição, ainda, o Sistema de Apoio Parlamentar (Sisap), que
permite o cadastramento de dados sobre a base eleitoral de cada um,
além de diversos tipos de consultas e relatórios.
Hoje praticamente todos os setores da Assembléia
estão informatizados. Uma gerência que pode simbolizar a importância
da informática para o funcionamento da Casa é a de Documentação e
Informação (GDI). "Não há uma só operação que não seja feita com o
auxílio do computador", afirma a gerente-geral Sheyla Abreu de Brito
Mello. Desde o empréstimo de livros até a prestação de informações
sobre os acervos da biblioteca e do arquivo da Assembléia, tudo
passa pelos chips dessas máquinas cada dia mais
revolucionárias.
Números atuais da Informática na ALMG
Usuários cadastrados: 1.760
Microcomputadores: 900
Sistemas em uso: 51
Alunos treinados nos últimos 10 anos: 6.563
Solicitações de usuário atendidas em 2003:
6.864
Média diária de e-mails recebidos pela Internet:
10.850
Média mensal de acessos externos ao site da ALMG:
372.000 (fora do período de eleições)
Acessos externos ao site da ALMG em outubro/04
(eleições): 1,130 milhão
Média mensal de mensagens enviadas ao "Fale
Conosco" do site da Alemg: 150
Média mensal de acessos à intranet: 281.000
Endereço eletrônico da ALMG:
www.almg.gov.br
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