Deputados do Timor Leste visitam Assembléia de Minas na 3ª e 4ª feira

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai receber, nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro (terça e quarta-feiras...

29/11/2004 - 01:01
 

Deputados do Timor Leste visitam Assembléia de Minas na 3ª e 4ª feira

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais vai receber, nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro (terça e quarta-feiras), a visita de uma delegação de parlamentares do Timor Leste, que está no Brasil para conhecer o funcionamento do Poder Legislativo brasileiro a fim de colher subsídios para a estruturação do Legislativo naquele país. O Timor Leste é o primeiro país a surgir no século XXI, tendo sua independência sido internacionalmente reconhecida em 2002. Com isso, suas principais instituições, entre elas os Poderes de Estado, encontram-se ainda em fase de organização. Para tanto, os timorenses têm contado com ajuda de outros países, sobretudo os de língua portuguesa, como o Brasil.

A delegação, composta por 14 deputados e um técnico, chegou ao Brasil no último dia 15 e está em Brasília, onde cumpre uma extensa agenda de palestras e oficinas na Câmara dos Deputados. A Assembléia de Minas foi incluída no roteiro dos timorenses em função de ser considerada o Legislativo estadual mais avançado do País, tanto em termos de funcionamento do processo legislativo e da interlocução com a sociedade, quanto da capacitação de seu corpo técnico e infra-estrutura.

Em Brasília, a delegação está participando de palestras sobre questões gerais como o Estado brasileiro; divisão de poderes; democracia, ordem legal e fatores estruturantes do Estado e do Legislativo; correlação histórica entre processo de democratização e aparelhamento técnico do Legislativo; e papel do parlamentar. Os timorenses também vão participar, na Câmara dos Deputados, de oficinas sobre investimentos estrangeiros, educação, meio ambiente, orçamento e elaboração legislativa.

Programação na ALMG - No dia 30, às 8 horas, a delegação será recebida pelo presidente da ALMG, deputado Mauri Torres, no Salão Nobre. Em seguida, os timorenses assistem palestras sobre a visão institucional do Legislativo mineiro, com o diretor de Planejamento e Finanças, Leonardo Boechat; sobre a atuação político-parlamentar, com Cláudia Sampaio e Sabino Fleury, diretora Legislativa e gerente-geral de Consultoria Temática, respectivamente; e sobre participação popular e interlocução com a sociedade, com o deputado André Quintão e Juscelino Ribeiro, gerente-geral de Projetos Institucionais. Na parte da tarde, a delegação do Timor Leste visita alguns setores da Casa: Secretaria-Geral da Mesa, Diretoria Legislativa, Gerência-Geral de Apoio ao Plenário, Gerência-Geral de Apoio às Comissões e Gerência-Geral de Taquigrafia e Publicação.

No dia 1º de dezembro, a agenda prevê visita à Diretoria de Comunicação Institucional, Gerência-Geral de Imprensa e Divulgação, Centro de Atendimento ao Cidadão, TV Assembléia, Gerência-Geral de Documentação e Informação e Escola do Legislativo, onde os visitantes assistirão palestra sobre administração e infra-estrutura da Assembléia, com Neusa Pampolini, diretora de Administração e Recursos Humanos, e Wamberto Dias da Silva, assessor de Gestão de Recursos Humanos.

Um pouco da história de Timor Leste

A República Democrática de Timor Leste fica numa pequena ilha no Mar do Timor, entre a Austrália e a Indonésia. Sua capital é Dili. O país tem uma superfície de 14,6 mil km² (o menor estado brasileiro é Sergipe, com 21,8 mil km²) e pouco mais de 800 mil habitantes. A economia tem como base a agricultura, sobretudo o café, trigo e arroz, e o PIB é da ordem de US$ 380 milhões. O sistema político vigente é o parlamentarismo; e o país ainda não tem embaixada nem consulado no Brasil.

De 1585 até 1975, foi uma colônia portuguesa. A parte ocidental da ilha foi colonizada pelos holandeses, que a invadiram em 1613. Em 1859, Portugal e Holanda firmaram um tratado delimitando a fronteira entre o Timor Português (Timor Leste) e o Timor Holandês (Timor Oeste). Quando a Indonésia conquistou sua independência da Holanda, em 1949, anexou a metade holandesa.

Invasão pela Indonésia - Após a democratização de Portugal, na Revolução dos Cravos, vários territórios sob domínio português conquistaram sua independência. Timor estava a caminho de sua autonomia quando foi invadido pela Indonésia, que dominava a metade oeste da ilha e queria anexá-la por inteiro. Primeiro através de um partido fantoche, que defendia a fusão da parte oriental e ocidental. Quando este partido pró-anexação sofreu fragorosa derrota eleitoral, Jacarta decidiu invadir Timor Leste em 7 de dezembro de 1975. Entre os motivos que levaram a maioria a rejeitar a anexação estão motivos culturais e religiosos. Enquanto a maior parte da população do Timor Leste é católica, com adeptos de cultos animistas, os indonésios são islâmicos. As línguas e costumes são diferentes.

No início, as Nações Unidas condenaram a invasão, mas como a costa sul da ilha é rica em petróleo, as grandes potências acabaram se acomodando à anexação. O povo timorense não se submeteu à invasão. Desde os primeiros instantes, sob o comando da Frente de Libertação do Timor Leste (Fretilin), os timorenses resistiram e travaram uma sangrenta luta em defesa de seu território e de sua liberdade.

Durante muito tempo, o assunto Timor Leste não atraiu a atenção da opinião pública mundial até que, na década passada, alguns fatos contribuíram para jogar os holofotes da comunidade internacional sobre a antiga colônia portuguesa. O massacre do Cemitério de Santa Cruz, em Dili, capital do Timor Leste, em novembro de 1991, em que as forças de segurança indonésias mataram mais de 200 pessoas, foi o primeiro dos acontecimentos. A concessão do Prêmio Nobel da Paz, em 1996, a dois ativistas do movimento pró-independência, o bispo de Dili, D. Carlos Filipe Ximenes Belo, e o chanceler no exílio do governo do Timor Leste, José Ramos Horta, deu dimensão planetária à luta pela autodeterminação do povo daquele território.

Guerra civil matou 200 mil - Estima-se que mais de 200 mil timorenses morreram na guerra civil, sob o jugo dos militares indonésios, cuja violência e utilização de técnicas de intimidação e tortura geraram um movimento internacional de solidariedade ao povo do Timor Leste. Um acordo firmado em 1999, estabeleceu a realização de uma consulta popular, sob supervisão da ONU, por meio da qual os leste-timorenses decidiriam o futuro do território entre duas alternativas: autonomia especial, integrado à República da Indonésia; ou separação total, com a independência. De acordo com informações disponíveis na página do Exército brasileiro na internet, 98% da população compareceu às urnas e a causa pró-independência foi vencedora com 78,5% dos votos.

O anúncio do resultado da consulta popular desencadeou uma campanha de violência, saque e destruição por todo o território. As ações foram promovidas pelas milícias pró-integração, contando, em algumas oportunidades, com o apoio de elementos das forças indonésias, a quem cabia manter a segurança pública. Prédios públicos, estabelecimentos comerciais e residências foram incendiados indiscriminadamente. Quase toda a infra-estrutura foi posta a pique. Mais de 250 mil pessoas tiveram de abandonar suas casas, fugindo para as montanhas ou sendo deportadas para o Timor Oeste. A onda de violência e intimidação também levou à evacuação de jornalistas, observadores internacionais e agentes de assistência humanitária.

Força internacional da ONU - A violência sem limites e o reconhecimento do governo indonésio de sua incapacidade em contê-la levaram a ONU à criação da Força Internacional para o Timor Leste (Interfet), cuja liderança coube à Austrália. As tropas desembarcaram em Dili a 20 de setembro de 1999, o que forçou as milícias pró-Indonésia a fugir para o lado ocidental da ilha.

Em outubro de 1999, o Parlamento indonésio homologou o resultado da consulta popular e anulou o decreto de anexação do Timor Leste. Em seguida, as principais lideranças da causa da independência começaram o regresso à terra natal, após anos de exílio ou de prisão em território indonésio. Naquela altura, a administração do território estava confiada à Administração de Transição das Nações Unidas no Timor Leste (Untaet), chefiada pelo brasileiro Sérgio Vieira de Melo. Sob os auspícios da ONU, e dois anos após a votação de agosto de 1999, foi eleita uma Assembléia Constituinte. Em abril de 2002, as eleições presidenciais deram a vitória ao antigo líder do Conselho Nacional da Resistência Timorense, Xanana Gusmão. No primeiro minuto de 20 de maio de 2002, o mundo acolheu Timor Leste na família das nações independentes. A Untaet encerrou seus trabalhos e deu lugar à Missão das Nações Unidas de Apoio no Timor Leste (UNMISET), que tem por mandato assistir o governo leste-timorense em setores vitais para sua estabilidade e garantir a segurança interna e externa do país recém-independente.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715