Entrada grátis no Mineirão ainda não foi regulamentada

Árbitros de futebol e ex-jogadores de futebol estão sendo barrados no Mineirão, apesar de terem o acesso gratuito gar...

10/11/2004 - 01:00
 

Entrada grátis no Mineirão ainda não foi regulamentada

Árbitros de futebol e ex-jogadores de futebol estão sendo barrados no Mineirão, apesar de terem o acesso gratuito garantido por lei estadual aprovada há dois anos. Ronaldo Zolini, ex-goleiro do Clube Atlético Mineiro de 1971 a 1979, levou sua carteira profissional, cópia do último contrato, documentos de identidade e cópia da lei e mesmo assim foi impedido de entrar, sob a alegação de que a lei ainda não foi regulamentada e fere o Estatuto do Torcedor.

Esse assunto provocou uma audiência pública da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira (10/11/2004), com a presença de várias autoridades do esporte, sindicalistas e advogados de árbitros e atletas. Sérgio Pessoa de Paula Castro, procurador da Advocacia Geral do Estado, confirmou que a lei realmente não foi regulamentada.

Fernando Sasso, presidente da Ademg, que administra o Mineirão, revelou que não tem nenhuma objeção à entrada livre de árbitros e ex-atletas, mas que a entidade hoje apenas cede o estádio ao mandante do jogo. Segundo ele, cabe à Federação Mineira de Futebol e aos clubes confeccionar ingressos e controlar o acesso. "Não há nada na regulamentação da Ademg que permita a emissão de carteiras, como estabelece a lei. Podemos fazer carteiras apenas para nossos funcionários", esclareceu.

Ana Maria Cecílio, que é juíza de futebol desde 1994, revelou que entra sem problemas com sua carteira da FMF em vários estádios do Brasil, mas sofre constrangimentos no Mineirão. Ela assessorou o deputado Antônio Júlio (PMDB) na elaboração do projeto que resultou na lei 14.334, de 2002, acrescentando os ex-atletas profissionais, os técnicos de futebol e os árbitros entre as permissões de ingresso gratuito da lei 12.186, de 1996.

Ana Maria disse que há 280 árbitros nos quadros da FMF, cem dos quais trabalham em jogos profissionais e 180 se dedicam ao esporte amador. Também lamentou que a lei que regulamenta a profissão de árbitro esteja "empacada" no Congresso há onze anos, e que o Estatuto do Torcedor tenha tramitado em menos de um ano. O presidente do Sindicato dos Árbitros, Aguinel Mozzer, afirmou que, nos principais jogos, não chega a 20 o número de árbitros que vão ao estádio em busca de aperfeiçoamento profissional. E revelou que, quando há preliminares, foi criada uma situação para que os atletas amadores pudessem assistir sem pagar.

Deputados e juízes pagam ingresso, lembra Sasso

O presidente da Ademg, Fernando Sasso, confirmou que tem visto os funcionários da FMF permitindo a entrada livre de árbitros no Mineirão, mas concorda que a lei deveria ser regulamentada, e que esse encargo deve ser passado à Advocacia Geral do Estado. Ressalvou que, embora ex-combatentes, policiais e juízes de menores entrem sem pagar, depois do Estatuto do Torcedor as mulheres e crianças passaram a pagar. "Autoridades judiciárias e deputados também pagam ingresso", ajuntou. Os demais representantes do esporte que falaram na reunião pediram vontade política para a regulamentação e sugeriram um número limitado de ingressos para árbitros, ex-atletas e técnicos.

Para os deputados, a solução é simples. "O governo tem que regulamentar, sob pena de sofrer ações dos sindicatos, ou então enviar projeto revogando a lei, sob a argumentação de que fere o Estatuto do Torcedor", opinou o deputado Weliton Prado (PT), que dirigia a reunião. Prado lamentou que, no Brasil, leis longamente discutidas não sejam cumpridas, como a da meia entrada para estudantes. "Há eventos em que os organizadores burlam a lei da meia entrada, que foi uma grande luta".

O deputado Paulo Piau (PP) também simplificou a questão entre regulamentação ou revogação, e ponderou que a iniciativa do deputado Antônio Júlio tinha atendido a um anseio da sociedade, tramitou por dois anos, foi aperfeiçoada e aprovada, e estava como letra morta pela falta de regulamentação. "Não adianta estipular em 120 dias o prazo para regulamentação. Isso é balela", disse Piau. O deputado notou também que a lei discrimina os árbitros das ligas amadoras do interior, que seriam cerca de 30 a 40 por cada uma das 102 ligas.

Presenças - Deputada Ana Maria Resende (PSDB), presidente; deputados Weliton Prado (PT) e Paulo Piau (PP).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715