Sindifisco denuncia ilegalidade em contrato do INDG

O presidente do Sindicato dos Fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda (Sindifisco), Lindolfo Fernandes de Castro, ...

10/11/2004 - 01:00
 

Sindifisco denuncia ilegalidade em contrato do INDG

O presidente do Sindicato dos Fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda (Sindifisco), Lindolfo Fernandes de Castro, compareceu à reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia Legislativa realizada na manhã desta quarta-feira (10/11/04), para denunciar a ação do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), instalado há um ano e meio dentro da Secretaria de Estado da Fazenda, através de um contrato no valor de R$ 4 milhões que expira no final deste ano.

Segundo Castro, os consultores do INDG estão tendo acesso a informações sigilosas sobre contribuintes e sobre os negócios do Estado, o que é vedado a entidades privadas e constitui prerrogativa exclusiva dos funcionários de carreira do Estado. Também estariam interferindo no planejamento de ações fiscais, o que configuraria invasão de prerrogativa dos fiscais. Dezenas de fiscais, presentes na platéia, vestiam jalecos com a inscrição de que o INDG significa a terceirização do Fisco.

O Sindifisco também levantou a suspeita de que as informações sigilosas passadas ao INDG pudessem vazar para as empresas patrocinadoras do instituto, e o receio de que poderiam ser usadas contra os concorrentes. "Uma grande cervejaria está patrocinando o INDG, e ao mesmo tempo é contribuinte. Isso seria ético? Seria legal?", indagou Lindolfo Castro.

Deputados divergem sobre suspeitas

O presidente da comissão, deputado Ermano Batista (PSDB), desconsiderou a suspeita do convidado, comparando a situação com a das 15 empresas que estariam patrocinando a reforma do Palácio da Alvorada. "Estas também são contribuintes, e isso não quer dizer que seja uma prática criminosa. Gostaria que o senhor fosse claro a respeito de qual prática criminosa estaria sendo feita pelo INDG, e respondesse quem é o patrocinador que está tendo vantagem ilegal e imoral no caso", indagou o deputado.

O sindicalista não respondeu aos questionamentos, argumentando que o papel do Sindifisco era apenas trazer as denúncias e as suspeitas ao conhecimento dos deputados, e que não tinha o poder de investigação do Ministério Público e dos membros da comissão. Quando foi solicitado a provar suas acusações, teve em sua defesa o argumento do deputado Chico Simões (PT), para quem a questão da ilegalidade do acesso privado a informações confidenciais estava provada, inclusive porque o Ministério Público teria condenado um "termo de confidencialidade" que os consultores do INDG precisavam assinar para ter acesso às informações.

Simões também considerou relevantes as suspeitas levantadas, e pediu ao presidente que convocasse uma reunião da qual participassem, além do Sindifisco, também o secretário da Fazenda, o Ministério Público e representantes do INDG e da Fundação Brava, que financia o instituto. Ermano Batista se opôs terminantemente a fazer uma "acareação" na comissão. "Não vamos promover um circo aqui. Queremos fazer uma investigação séria e a faremos por etapas, da maneira mais eficiente. Temos que considerar também um dado positivo, de que a arrecadação do Estado vem subindo e isso se deve ao trabalho sério da fiscalização, que é a nata do funcionalismo", disse Batista.

O deputado Jayro Lessa (PL), que substituiu Ermano Batista na presidência da reunião, testemunhou que considera sério o INDG e indagou se a arrecadação do Estado não vinha subindo em função do seu trabalho. Lindolfo Castro informou que não havia evidência disso, e que a recuperação da arrecadação tinha começado no governo Itamar, passando de R$ 480 milhões mensais para R$ 1,2 bilhão, que é seu patamar atual. Em seguida, criticou a política fiscal, dizendo que a exoneração fiscal em 2003 tinha chegado a R$ 4 bilhões. "Para os grandes patrocinadores, benefícios fiscais. Para os demais, os rigores da lei. Um deles paga apenas 2,3% de ICMS sobre a conta de luz. Outro teve aumento de crédito de 1.000%", exemplificou o sindicalista.

Reagindo a essas afirmações, o deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB) reclamou que "o convidado fala de tudo, mas não responde às perguntas. Não estamos aqui para debater sobre carga fiscal. Ou vamos nos ater ao requerimento, ou vamos iniciar aqui um debate político". Andrada acrescentou que era "exagero decretar que houve ilegalidade ou lambança" e informou que, numa próxima etapa, compareceriam à reunião o secretário da Fazenda, Fuad Noman, juntamente com o deputado federal Virgílio Guimarães, para falar sobre os benefícios da Lei Kandir.

Requerimento - Ao final da reunião, o deputado Chico Simões apresentou requerimento encaminhando documento sigiloso sobre triangulação de créditos entre empresas de ferro-gusa e alumínio e contendo denúncias de evasão fiscal, inclusive com nomes de diretores que praticavam os ilícitos. O parlamentar informou que se tratava de denúncia anônima, para preservar a vida do denunciante, mas que havia riqueza de detalhes para que a comissão fosse ao secretário Fuad Noman apresentar o documento como contribuição ao combate à sonegação. Simões queria que o requerimento fosse votado imediatamente, mas o presidente Jayro Lessa designou o deputado Antônio Carlos Andrada como relator para que fosse votado na próxima reunião.

Presenças - Deputados Ermano Batista (PSDB), presidente; Jayro Lessa (PL), vice-presidente; Antônio Carlos Andrada (PSDB), Chico Simões (PT) e Sebastião Helvécio (PDT).

 

 

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