Deliberação sobre licenciamento ambiental visa desburocratizar setor

O secretário-adjunto da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Shelley de Souza...

10/11/2004 - 01:00
 

Deliberação sobre licenciamento ambiental visa desburocratizar setor

O secretário-adjunto da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Shelley de Souza Carneiro, garante que as novas deliberações do setor, que entram em vigor dia 2 de dezembro, têm o objetivo de desburocratizar o sistema sem retirar a responsabilidade dos empreendedores. A garantia foi dada na reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa, nesta quarta-feira (10/11/04), que discutiu a Deliberação Normativa 74/04, do Copam, que estabelece e classifica as atividades modificadoras no meio ambiente passíveis de autorização ou de licenciamento ambiental. A reunião resultou de requerimento do deputado Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente da comissão.

Em sua justificativa, o deputado destacou que a discussão da deliberação foi motivada pela necessidade de se conhecer bem as modificações antes de sua entrada em vigor. Ele disse que a comissão vem recebendo apelos para mediar junto ao Executivo a agilização do procedimento de licenciamento ambiental, mas que antes de qualquer passo é preciso buscar o equilíbrio entre a atividade econômica e a preservação. A deliberação faz parte do pacote de mudanças para o meio ambiente anunciadas recentemente pelo governador Aécio Neves, e vai substituir a Deliberação Normativa 01, em vigor desde 1990.

A nova norma originou-se de discussões com a sociedade civil, segundo Shelley Carneiro, em que participaram mais de mil pessoas, ao longo do ano passado. De acordo com o secretário-adjunto, a legislação anterior estava desatualizada, o que trazia inúmeros problemas para o setor produtivo, emperrando os processos nos órgãos ambientais por até quatro anos. Como exemplo, ele lembra que só no Instituto Estadual de Florestas (IEF) havia seis mil processos parados e que após um mutirão, este número foi quase zerado, "mas se continuássemos a usar a deliberação 01/90, em breve estaria tudo acumulado novamente", acrescentou Carneiro.

Base da norma é o aumento de classes para enquadrar os empreendimentos

O principal ponto da nova norma é o aumento das classes de enquadramento dos empreendimentos, de três para seis, de acordo com o porte e o potencial de degradação ambiental. As classes 1 e 2 são os pequenos empreendimentos, que passam a ser considerados de impacto ambiental pouco significativo, por isso não mais necessitando de licenciamento ambiental, mas só de licença de funcionamento do órgão competente.

Já nas classes 3 e 4 e 5 e 6 estão os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente sujeitas ao licenciamento ambiental, cujo potencial poluidor e degradador é obtido pela conjugação dos impactos nos meios físico, biótico e antrópico. Nas classes 3 e 4 estão os médios empreendimentos, cuja licença prévia e de instalação serão concedidas simultaneamente, eliminando uma etapa. Nas classes 5 e 6 estão os grandes empreendimentos, que terão formalização mais rápida, com os processos integrados entre todos os órgãos do sistema da Secretaria de Meio Ambiente.

Além das novas classes, os empreendimentos foram distribuídos em tabelas, conforme a área de atuação, em atividades minerárias, industriais químicas e alimentícias, infra-estrutura, serviços e agrossilvopastoris. Shelley Carneiro fez questão de ressaltar que a deliberação 74/04 sozinha não funciona. "Ela tem de estar amarrada a uma série de procedimentos, com a responsabilidade dada, mas com mais fiscalização pelos órgãos".

Para o gerente técnico do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), Gilberto da Silva Porto dos Reis, a deliberação representa um avanço nas relações entre órgãos do meio ambiente e empreendedores, mas é preciso mais fiscalização após a entrega do projeto, "para que o órgão acompanhe se o que está sendo implantado é o mesmo que foi aprovado nele". Isto, segundo Reis, para que o profissional não seja penalizado por alterações ou erros provenientes de alterações do projeto. Ele pediu que haja mais integração entre os órgãos da Semad (Feam, Igam, IEF).

O descompasso entre os órgãos também foi enfatizado pelo presidente da Associação Mineira de Empresas de Engenharia Consultiva (Amec), Rubens de Oliveira. Oliveira disse que se a Semad está concedendo mais responsabilidades às empresas, é preciso definir bem os termos a serem fiscalizados posteriormente, com a padronização dos critérios.

Deputados elogiam, mas pedem mais agilidade

Os deputados Paulo Piau (PP) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) elogiaram a iniciativa do governador, mas salientaram a necessidade de procedimentos mais ágeis, "para que Minas Gerais não continue a perder empreendimentos para outros Estados", conforme destacou Piau. Dalmo Ribeiro Silva, exemplificando com o fechamento de todas as indústrias de polvilho de Conceição dos Ouros, Sul de Minas, recentemente, pelo Ministério Público de Varginha, disse que é preciso que a legislação seja de domínio de todos, "porque falta informação a prefeituras e associações comerciais". Ele sugeriu que todos os profissionais que atuam na elaboração de projetos sejam cadastrados na Semad.

Requerimentos - Os deputados aprovaram o requerimento do deputado Laudelino Augusto (PT), que solicita a realização de uma audiência pública para conhecer, analisar e debater o relatório "O estado real das águas no Brasil", divulgado recentemente pela ong Defensoria das Águas. E mais três outros que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente, que dirigiu a reunião; Olinto Godinho (PSDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Ricardo Duarte (PT), Paulo Piau (PP) e Fábio Avelar (PTB).

 

 

 

 

 

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