Pais pedem divulgação de doença rara que atinge crianças

Promover a divulgação da rara doença genética mucopolissacaridose (MPS) não só na sociedade como também entre a class...

10/11/2004 - 01:00
 

Pais pedem divulgação de doença rara que atinge crianças

Promover a divulgação da rara doença genética mucopolissacaridose (MPS) não só na sociedade como também entre a classe médica, que muitas vezes desconhece seu diagnóstico, foi o principal apelo feito por parentes de crianças portadoras dessa patologia, em reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, nesta quarta-feira (10/11/04). A MPS faz com que as células não consigam degradar as moléculas de mucopolissacarídeos, que vão sendo armazenadas, prejudicando o metabolismo e acarretando problemas de saúde de diversos tipos. "Tem gente que não consegue nem falar o nome da doença. Queremos que nossos filhos tenham uma vida melhor, mas as maiores dificuldades são dar a eles saúde e escola", alertou a presidente da Associação Mineira de Mucopolissacaridose, Míriam Sandra Gontijo de Oliveira, mãe de um portador.

A associação tem cadastrados em seus registros 28 pacientes, mas, segundo a pediatra geneticista do Hospital das Clínicas da UFMG, Eugênia Ribeiro Valadares, que tem pós-graduação na área e presta atendimento a esses pacientes, pode haver um número maior de crianças que sofrem da doença e necessitam de tratamento, que tem um custo alto. A dificuldade de se descobrir a MPS, segundo a especialista, é que a criança portadora nasce sadia. Com o passar do tempo, vai apresentando sintomas como gripes constantes, falhas nos tecidos conjuntivo e ósseo, dificuldades visuais, auditivas e de respiração, além de mudanças na fisionomia. Às vezes, a doença, que se manifesta em seis formas diferentes, chega a provocar deficiência mental.

Por ser rara, segundo a médica, o diagnóstico da MPS "é um caminho das pedras" e deixa seu portador marginalizado, "seja rico ou pobre". "A luta isolada é uma caminhada muito dura e deixa as famílias desestruturadas", afirmou Eugênia Valadares. De acordo com ela, o tratamento exige que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com os especialistas em cada área se comunicando uns com os outros. A médica também considera importante que as famílias com crianças portadores da MPS se aproximem, para se fortalecer. O Hospital das Clínicas está realizando estudos sobre as manifestações da MPS e vai fornecer medicação específica para cinco crianças, que serão observadas clinicamente durante um ano.

Investir no tratamento é cuidar do social, defende subsecretário

"Reuniões como esta fazem com que as pessoas se informem e busquem se organizar. Uma gripe a gente cuida em casa, mas uma doença rara deve ser tratada pelo Estado", analisou o subsecretário de Estado de Direitos Humanos, João Batista de Oliveira, que interveio pela realização da audiência. Para ele, o investimento na divulgação e no tratamento da doença não deve ser visto sob o olhar do custo alto, mas sim como uma ação de defesa social. "O direito à vida é fundamental e não tem preço", reforçou, sugerindo que a Secretaria de Estado de Saúde leve aos profissionais de saúde informações sobre doenças raras.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), também defendeu a necessidade de se dar atenção especial à ocorrência de doença raras. "Ajudar a esclarecer essa doença é ajudar que os deputados se posicionem e intervenham para garantir o grande desafio da inclusão social", disse. Os deputados Marcelo Gonçalves (PDT) e Roberto Ramos (PL) também manifestaram sua solidariedade.

Educação - Já a diretora de Educação Especial da Secretaria de Estado de Saúde, Tânia Mafra Guimarães, que representou a secretária Vanessa Guimarães, ouviu vários apelos dos responsáveis pelas crianças portadoras da MPS sobre a necessidade de a escola atender esses alunos. Segundo ela, a secretaria está atenta à questão, analisando o que precisa ser feito para ajustar o atendimento desses alunos especiais. Ela destacou a importância de as escolas também informarem à secretaria quando receberem tais crianças.

Notas taquigráficas - Ao final da reunião, a Comissão de Direitos Humanos aprovou requerimento para que as notas taquigráficas da audiência sejam encaminhadas a órgãos como Ministério Público e secretarias municipais e Estadual de Saúde, para que tomem conhecimento da MPS e das demandas de seus portadores.

Comissão realizará novas audiências

Ainda na reunião, a Comissão de Direitos Humanos aprovou três requerimentos de autoria do deputado Durval Ângelo. Um deles pede a realização de audiência pública, programada para o dia 1º de dezembro, para debater aplicação, avanços, impactos e limitações da Lei 14.310, de 2002, que trata do Código de Ética e Disciplina dos Militares. O deputado também solicita audiência pública para debater e apurar denúncias de prática de crime de tortura contra presos da cadeia pública de Lagoa da Prata, supostamente praticada por policiais civis, conforme termo de declaração prestado à Corregedoria da Polícia.

Em um terceiro requerimento, Durval Ângelo pede que seja encaminhado ofício à Corregedoria da Polícia Militar e ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Direitos Humanos, Conflitos Agrários e Apoio Comunitário, pedindo apuração de denúncia de possível abuso de autoridade e cometimento de lesão corporal por parte de militares no município de Passos. As pessoas que se disseram vítimas dos abusos, Antônio Sampaio e Rafael Augusto Sampaio, relataram o episódio aos deputados no final da reunião.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PL), vice; Marcelo Gonçalves (PDT) e Ricardo Duarte (PT).

 

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