Deputados querem evitar leilão da Epamig de Pitangui

O salvamento de um centro de treinamento da Epamig na cidade de Pitangui e da escola que funciona ali mobilizou quatr...

05/11/2004 - 01:00
 

Deputados querem evitar leilão da Epamig de Pitangui

O salvamento de um centro de treinamento da Epamig na cidade de Pitangui e da escola que funciona ali mobilizou quatro deputados para a realização de uma audiência pública conjunta das comissões de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e de Política Agropecuária e Agroindustrial, nesta sexta-feira (5/11/04). O evento aconteceu por iniciativa do deputado Paulo Cesar (PFL) na sede do Instituto Técnico de Agropecuária e Cooperativismo (CT-ITAL), que ficou lotada de alunos, funcionários e lideranças de Pitangui.

Está marcado para esta terça-feira (9) o leilão judicial da fazenda de 442 hectares, com lance inicial de R$ 4,8 milhões, para pagamento de parte de uma dívida trabalhista superior a R$ 22 milhões, movida por mais de mil funcionários e ex-funcionários da Epamig há 17 anos. Já houve um leilão para esta finalidade em Bom Despacho, mas ninguém deu lance.

Desta vez, os deputados foram informados de que pelo menos três compradores pretendem disputar a propriedade, pagando à vista, e decidiram realizar uma pressão política para evitar a perda dessa importante estação de tecnologia para agropecuária, onde trabalham 68 funcionários e 12 professores, e o fechamento da escola onde estudam 130 alunos.

O deputado Paulo Cesar disse que essa unidade da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) foi criada pelo então governador Newton Cardoso, e que a escola, existente há onze anos, tem capacidade para 240 alunos, e já chegou a abrigar 380 no seu melhor período. "Precisamos incentivar uma escola tão importante como esta, e não permitir que seja fechada. Lamento muito que os secretários da Educação e da Agricultura não tenham comparecido, o que mostra seu desinteresse", disse Paulo Cesar.

Secretária da Educação não conhece prédios públicos, diz Antônio Júlio

O ex-presidente da Assembléia, deputado Antônio Júlio (PMDB), fez uma crítica mais veemente das omissões do Governo: "Sempre houve descaso em relação ao CT-ITAC. A secretária da Educação, Vanessa Guimarães, não vai a lugar nenhum. Não conhece um prédio público em Minas. O presidente da Epamig, Baldonedo Arthur Napoleão, se conhece a unidade de Pitangui é por fotografia, porque nunca quis vir aqui. O Governo mostra seu descaso com a administração e desrespeito com a Assembléia, e nós ficamos passivos, ou pior, nos acovardamos", condenou Antônio Júlio.

A reunião foi presidida pelo deputado Padre João (PT), que lembrou as escolas famílias agrícolas como exemplo de formas de organização da sociedade para suprir deficiências do Poder Público. Para ele, o direito dos trabalhadores da Epamig de receberem seus créditos tem que ser respeitado, mas a criação de novas unidades educacionais sem otimizar as já existentes seria incoerência. Padre João e os demais deputados decidiram convocar outra reunião na Assembléia para tratar desse assunto e pressionar as autoridades do Governo a comparecerem.

O quarto deputado presente foi Jayro Lessa (PL), que também defendeu a revitalização da escola para desenvolver a capacidade tecnológica da região. "O problema jurídico do leilão pode ser resolvido rapidamente, mas o problema político de dar a correta destinação a esta unidade da Epamig está em aberto. Será preciso uma ampla articulação de várias áreas do Governo", sugeriu Lessa.

Epamig tem trunfos para evitar o leilão, diz advogado

Um alívio temporário para a angústia de funcionários, educadores, alunos e autoridades de Pitangui foi trazido pelo advogado Pedro Scapolatempore, da Epamig, que afirmou ter uma estratégia segura para evitar o leilão, e, caso alguém arrematasse, teria meios para anular a transação. Não quis, porém, adiantar qual seria essa estratégia. Messias Abreu, presidente da Câmara Municipal, sugeriu pensar na impenhorabilidade de bens públicos destinados a fins sociais. Um técnico da Epamig acredita que basta um decreto do governador que transfira a Epamig de empresa pública para autarquia, para evitar sua extinção.

As lideranças políticas de Pitangui compareceram em massa à audiência: prefeito, prefeito eleito e sete vereadores. O prefeito José Eduardo Lopes Cançado revelou que o CT-ITAC era o "filho rejeitado" da Epamig, porque Baldonedo Napoleão aparecia nos jornais da empresa visitando todas as unidades, mas se recusava sempre a ir a Pitangui. Para ele, a melhor solução seria que a universidade Unicor assumisse o imóvel e ali implantasse seus cursos de Agronomia e Veterinária. Outra sugestão foi de que o governo repetisse a solução de 2001, quando foi a leilão a unidade da Epamig em Juiz de Fora, e o governador Itamar Franco mandou que a Comig a arrematasse e cedesse em comodato para a Epamig, mantendo inalterados os serviços.

A diretora do CT-ITAC, Marúsia Guimarães Rodrigues, também apresentou sua lista de queixas: "Ninguém da Epamig vem aqui. É uma unidade-problema, onde os alunos não mostram respeito. No entanto, assumimos a direção com muitas dívidas, e conseguimos quitá-las. Embora a Epamig esteja toda penhorada, aqui não temos dívidas." Um aluno levantou-se para contestá-la: "As dívidas estão pagas, mas não temos água para beber e os sanitários não funcionam. Para visitar uma fazenda aqui perto, tivemos que pedir ao prefeito R$ 200 para o transporte", disse ele.

Presenças - Deputados Padre João (PT), presidente; Antônio Júlio (PMDB), Paulo Cesar (PFL) e Jayro Lessa (PL).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715