Municípios terão novos critérios para receber ICMS ecológico

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deve enviar à A...

04/11/2004 - 01:01
 

Municípios terão novos critérios para receber ICMS ecológico

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deve enviar à Assembléia de Minas até o final do ano proposta para modificar critérios da Lei Robin Hood, que destina o ICMS ecológico a municípios que desenvolvem políticas de saneamento e de equilíbrio ambiental. Foi o que informou a superintendente de Apoio Técnico da Secretaria, Simone Rolla, que participou, nesta quarta-feira (3/11/04), de reunião conjunta das comissões de Meio Ambiente e Recursos Naturais e de Administração Pública da Assembléia. O objetivo da mudança é estabelecer medidas que garantam que os municípios apliquem a parcela do ICMS realmente em meio ambiente. Essa aplicação de recursos na área não é obrigatória. Hoje o ICMS ecológico distribuído aos municípios mineiros corresponde a R$ 17,967 milhões.

As sugestões para mudança da Lei Robin Hood estão sendo estudadas pela Secretaria de Meio Ambiente com a participação de vários órgãos ambientais. Segundo Simone Rolla, as discussões estão voltadas para o aprimoramento da determinação do fator de qualidade das unidades de conservação ambiental, com base em critérios dispostos em lei federal. Algumas mudanças são a aprovação da comunidade e a existência de uma estrutura mínima de gestão e de plano de manejo, entre outras que a própria Secretaria está estabelecendo. Simone Rolla disse ainda que também deverá ser modificada a resolução da Secretaria que regulamenta critérios de classificação das Áreas de Proteção Ambiental (APAs).

O fator de qualidade também deverá ser aplicado quando se tratar de municípios que reivindiquem o ICMS ecológico em função de manterem política de saneamento ambiental. Segundo a gerente de Divisão de Saneamento da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Denise Marília Bruschi, a medida vai facilitar o controle do recebimento dos recursos, de forma que também os pequenos municípios sejam atendidos. Até 2007, mais de 60% dos resíduos urbanos de Minas já estarão licenciados.

De acordo com a legislação federal, os municípios que têm direito ao ICMS ecológico recebem 1% do produto da arrecadação do imposto feita pelo Estado. O índice de participação de cada município é definido anualmente pela Secretaria de Estado da Fazenda, como informou o assessor da Superintendência de Tributação da SEF, Geraldo Luiz Brinati.

Objetivo pode ser aumentar arrecadação

O deputado Laudelino Augusto (PT), autor do requerimento pela realização da reunião, mostrou-se preocupado com a utilização inadequada dos recursos do ICMS ecológico, que acabam sendo usados em outras áreas por muitos municípios que o recebem. "Na prática, alguns municípios criam APAs para receber o ICMS ecológico e não cuidam delas depois, pois, em tese, a lei não os obriga", analisou o parlamentar.

O alerta também foi feito pelo diretor de Pesca e Biodiversidade do Instituto Estadual de Florestas, Célio Vale: "A Lei Robin Hood é um recurso a mais para os municípios e é natural que seja usado em outras áreas". Segundo ele, foi necessário que uma portaria estadual suspendesse a aprovação de novas áreas de proteção depois que muitas empresas perceberam que podiam apresentar às prefeituras projetos que aumentassem a arrecadação. "Tem que ter o recurso, mas com responsabilidade", enfatizou, defendendo mudanças na legislação.

A "corrida" dos municípios pela criação de unidades de conservação é um problema que também ocorre no plano federal, segundo explicou o chefe do Núcleo de Unidade de Conservação do Ibama, Nino Antonio Camini. Na opinião dele, os municípios precisam ter instrumentos de gestão muito bem definidos para manter essas unidades. Outro aspecto que deve ser considerado, segundo o coordenador do Projeto Manuelzão, da UFMG, Thomaz Matta Machado, é a criação de incentivos à não-canalização de córregos e rios, prática adotada por um número cada vez maior de municípios, desnecessariamente, segundo ele.

Incentivos fiscais - Já o presidente do Sindicato dos Fiscais e Agentes Fiscais de Tributos do Estado (Sindifisco), Lindolfo Fernandes de Castro, fez críticas à concessão de incentivos fiscais a grandes empresas que poluem o meio ambiente. Segundo ele, a carga tributária precisa ser revista, pois os maiores prejudicados seriam os trabalhadores, que continuam pagando 25% de ICMS sobre as contas de luz e telefone, por exemplo.

Novos prefeitos terão reunião com Secretaria

Em janeiro, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável deverá se reunir com os prefeitos que assumirão mandato a partir de 2005 para debater a aplicação do ICMS ecológico e outros assuntos relacionados ao meio ambiente, como informou a representante da pasta. A importância da conscientização dos novos prefeitos foi ressaltada pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que alertou que "muitos municípios não têm política para nortear tratamento de esgoto nem plano diretor".

"É importante rever a legislação e fazer com que ela seja cumprida, visando à preservação do meio ambiente", cobrou o deputado Paulo Piau (PP), citando leis de autoria dele, como o Programa Estadual de Conservação da Água, que dependem do Executivo para serem cumpridas plenamente. Ele também sugeriu a criação de mecanismos que incentivem não só os municípios, como também os cidadãos, a terem o compromisso de educação ambiental.

Já a presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputada Maria José Haueisen (PT), destacou que não adianta criticar a existência do ICMS ecológico, mas sim cobrar de cada poder local a defesa do meio ambiente, conscientizando as populações a exercer sua cidadania. Ela pediu apoio para recuperar o meio ambiente "totalmente destruído" de Teófilo Otoni, cidade onde foi eleita prefeita, e pediu agilidade na tramitação de projeto de autoria dela, que obriga empreendimentos econômicos com risco de dano ambiental a apresentarem garantia real, suprindo prejuízos futuros.

Audiência - Antes da reunião conjunta com a Comissão de Administração Pública, a Comissão de Meio Ambiente se reuniu e aprovou requerimento de seu vice-presidente, deputado Doutor Ronaldo (PDT), para que seja feita audiência pública sobre a Deliberação Normativa 74, de 2004, do Copam. A deliberação estabelece e classifica as atividades modificadoras no meio ambiente passíveis de autorização ou de licenciamento ambiental.

Presentes - Deputada Maria José Haueisen (PT), presidente da comissão de Meio Ambiente; deputados Paulo Piau, vice-presidente da Comissão de Administração Pública; Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente; Fábio Avelar (PTB), Márcio Passos (PL), Laudelino Augusto (PT) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

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