Direitos Humanos apura denúncias em Santos Dumont e JF

Deputados da Comissão de Direitos Humanos viajaram à Zona da Mata nesta quinta-feira (21/10/04), para apurar denúncia...

21/10/2004 - 00:00
 

Direitos Humanos apura denúncias em Santos Dumont e JF

Deputados da Comissão de Direitos Humanos viajaram à Zona da Mata nesta quinta-feira (21/10/04), para apurar denúncias em Santos Dumont e em presídio de Juiz de Fora. Na primeira cidade, em audiência pública na Câmara Municipal, pela manhã, Eliseu Gravina Jr. denunciou que sua noiva Camila Sá Fortes Nacif vem sendo molestada, há quatro anos, por um policial. Ele afirmou que o soldado José Eduardo Ferreira, casado, assediava a moça, abordando-a sempre que ela passava perto da 63ª Companhia do 9º Batalhão da PM de Santos Dumont, local onde o militar atua.

Como resposta, o noivo passou a enfrentar o soldado, encarando-o. Segundo Eliseu, depois disso, José Eduardo e colegas da PM passaram a constranger o casal e promover represálias, através de multas de trânsito e abordagens constantes. Então, o casal fez representação na Companhia da PM contra o soldado. José Eduardo Ferreira, que também estava na reunião, rebateu as acusações e informou que abriu inclusive processo de calúnia e difamação contra o casal. O comandante da 63ª Companhia de Polícia, tenente Júlio Malta de Araújo, alegou que manteve posição de isenção no caso. "O que chega de denúncia nós apuramos, mas nesse caso, não há qualquer prova", disse.

Deputados - Os deputados da comissão se posicionaram quanto ao caso. O presidente, Durval Ângelo (PT), falou que a comissão vai acompanhar o caso e pedir a ficha do policial envolvido. O vice-presidente, deputado Roberto Ramos (PL), indignou-se, dizendo: "vivemos numa sociedade que esbarrar num policial é considerado agressão e olhar para ele é considerado desacato." Já o deputado Biel Rocha (PT), lembrou que recebeu visita de Eliseu Gravina na Assembléia, o que provocou seu requerimento pela audiência em Santos Dumont. Ele reforçou ainda que "a função da comissão é trazer a público o que se comenta à boca pequena" e que o caso vai ser acompanhado até o fim.

Espancamento - Outra denúncia foi feita na reunião por Paulo Rafael Coura Jr., que acusou policiais da cidade por abuso e espancamento de dois amigos dele, no dia 10 de outubro. "A sociedade espera que policiais sejam anjos da guarda e não bandidos com arma", indignou-se.

Diretor e presos da nova penitenciária de JF são ouvidos

À tarde, os deputados visitaram as penitenciárias Ariosvaldo Campos Pires, que tem 198 presos, e a José Edson Cavalieri, antiga penitenciária do Exército para presos políticos de Linhares, com 112 detentos. A comissão ouviu o diretor geral das duas, o ex-tenente do Exército Flávio Moreira de Oliveira, que assumiu a direção em junho de 2003. Os deputados reforçaram para ele as denúncias feitas por jornais da cidade de maus tratos como choque em presos e espancamento com cassetetes.

O diretor rebateu acusações, afirmando que implantou um sistema de disciplina que desagradou presos e funcionários envolvidos em crimes no presídio. Oliveira listou uma série de irregularidades que estariam ocorrendo na penitenciária levando-a à desmoralização: corrupção, tráfico de drogas, plantação de maconha e prostituição incluindo menores (nas visitas íntimas, segundo ele, em vez de entrarem famílias de presos, estariam entrando garotas de programa, muitas delas menores). O dirigente disse que com armas apreendidas no local criou um verdadeiro "museu criminológico", com "terezas" (cordas feitas com lençóis), facas e facões.

Para reverter esse quadro, o dirigente afirmou ter consultado o subsecretário de Administração Penitenciária, Agílio Monteiro, e o superintendente de Segurança e Movimentação Penitenciária, José Karan. Com o apoio deles, afastou e demitiu funcionários, tirando pessoas que cometiam ilícitos no recinto, como entrega de drogas a presos. Ele relatou ainda que flagrou o preso Aloísio Martins Prado recebendo dois tijolos de maconha e que, quando levou-o para a delegacia para lavrar o flagrante, o preso queixou-se de tortura.

Presos - A comissão ouviu esse preso e outros seis - Eduardo Guimarães Faria, Sílvio Gomes, Renato Ferreira, Carlos Fernando, Ademar dos Santos Moreira e Iuri de Oliveira Alonso. Todos eles confirmaram os maus tratos, através de espancamentos e desrespeito, inclusive com a retirada de presos das celas depois de 22 horas, devolvendo-os machucados no dia seguinte. Os deputados também conversaram com o agente penitenciário Sérgio Rodrigues Ribeiro, acusado de truculência, mas ele negou as acusações. Em entrevista à imprensa de Juiz de Fora após a visita, Durval Ângelo anunciou que a comissão iria se reunir na Assembléia para estudar as providências cabíveis e decidir se tomariam alguma medida contra o diretor do presídio e o agente penitenciário.

Presenças - Participaram da audiência pública e da visita os deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, Roberto Ramos (PL), vice; e Biel Rocha (PT). Em Santos Dumont, também participaram a promotora de Justiça local, Nicole Frossard, e membros da Comissão de Direitos Humanos da cidade. Em Juiz de Fora, participaram da visita também os vereadores da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, José Mariano e Sílvio Ravaini e o advogado da OAB-JF, Fernando Tadeu David.

 

 

 

 

 

 

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