Fruticultura aprova relatório e faz mais de 50 recomendações

A Comissão Especial da Fruticultura da Assembléia Legislativa aprovou nesta quinta-feira (21/10/04) o relatório final...

21/10/2004 - 00:01
 

Fruticultura aprova relatório e faz mais de 50 recomendações

A Comissão Especial da Fruticultura da Assembléia Legislativa aprovou nesta quinta-feira (21/10/04) o relatório final, encerrando os trabalhos que começaram em maio. O relatório apresenta cerca de 50 recomendações aos órgãos técnicos do Estado e governo federal e apresenta duas proposições e três requerimentos. Ele traça um diagnóstico do setor em Minas, resultado de quatro meses de reuniões, visitas técnicas e audiências públicas.

No encerramento, o presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT) agradeceu a participação dos convidados permanentes, dos deputados e funcionários da Assembléia, destacando que a fruticultura tem o papel de produzir alimentos de alto valor nutritivo que devem fazer parte da refeição diária do brasileiro; além de cumprir a finalidade de garantir a permanência das famílias no campo, gerar empregos e preservar o meio ambiente. Ele sugeriu que as ações da comissão, como requerimentos diversos, fossem anexadas ao corpo do relatório, como forma de demonstrar que os deputados não apenas discutiram os problemas, mas tomaram providências imediatas.

Também o relator, deputado Carlos Pimenta (PDT), e a deputada Ana Maria Resende (PSDB) agradeceram os participantes de audiências e visitas técnicas. Pimenta destacou que o relatório é muito fiel ao que os deputados presenciaram nas viagens, além de contemplar as reivindicações de produtores, colonos, autoridades, pesquisadores e lideranças. Lembrando que a produção mineira está estagnada há dez anos, o relator disse que o Estado precisa dar um salto na fruticultura, para se tornar auto-suficiente e até mesmo exportar. A deputada Ana Maria Resende disse que o sonho de todos os agricultores pode se tornar realidade e que é preciso colocar um titular na Secretaria da Agricultura que, além de conhecimentos técnicos, tenha força política "para conseguir mais recursos para o setor, vocação natural de Minas".

O relatório vai ser encaminhado ao governador do Estado, Aécio Neves, ao secretário de Estado da Agricultura, Silas Brasileiro, e ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pessoalmente, em visita da comissão. Com a aprovação do relatório foram aprovados também os três requerimentos anexos.

Conclusões pessimistas motivam recomendações a diversos setores

Entre as conclusões do relatório estão as de que a fruticultura mineira é inexpressiva, com o Estado importando cerca de 70% de seu consumo interno; que 87% da produção concentra-se em apenas três frutas, a laranja, o abacaxi e a banana; que a produção de frutas está estagnada há dez anos, em 2 milhões de toneladas, enquanto o País evoluiu de 35 milhões para 40 milhões de toneladas, no mesmo período. Outras conclusões são de que não há linhas de crédito específicas para o setor, no BDMG; que os produtores e beneficiadores de frutas têm baixa organização, com poucas cooperativas e associações; e que as pesquisas praticamente não existem, bem como a fiscalização de mudas e sementes.

O relator Carlos Pimenta dividiu as recomendações entre os órgãos do sistema agropecuário e fazendário mineiros. As mais significativas são: regulamentar a Lei 12.998/98, que cria o Programa Mineiro de Incentivo à Fruticultura; garantir recursos para a implantação das etapas I e II do Projeto Jaíba, visando à incorporação de 25 mil hectares de terras ainda ociosas; destinar recursos para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig); reativar o Programa de Desenvolvimento da Fruticultura, paralisado desde 2000 e incluí-lo no PPAG.

Recomenda ainda a instalação da Câmara Setorial da Fruticultura de Minas Gerais, como órgão da Secretaria da Agricultura; a promoção da integração das ações do setor, desenvolvidas pelos diversos órgãos estaduais; e o fornecimento subsidiado pela Cemig, de medidor de energia noturna aos pequenos produtores do Jaíba. Na área de beneficiamento, o relatório recomenda mecanismos de incentivo fiscal para as agroindústrias de sucos, polpas e doces que comprovem a aquisição de frutas de produtores filiados a associações e cooperativas; que sejam adotadas medidas para reduzir a carga tributária de defensivos agrícolas usados em culturas de frutas; e que sejam estabelecidas linhas de crédito junto ao BDMG para financiamento da renovação de pomares erradicados em virtude da incidência de pragas. O relatório faz uma recomendação especial à Epamig, para que crie, em sua estrutura, condições para desenvolver pesquisas emergenciais para o controle da praga sigatoka negra, que atinge bananais, já detectada no Sul de Minas, bem como criar mudas resistentes a essa praga.

Proposições legislativas

O relator apresentou um substitutivo ao PL 676/03, que altera a Lei 12.998/98, que cria o Programa de Incentivo à Fruticultura. O substitutivo acrescenta inciso ao projeto, com o objetivo de determinar o estímulo à fruticultura em todas as regiões do Estado, enquanto o projeto original propõe somente o incentivo à criação do pólo no Sul de Minas. E ainda prevê a criação, o desenvolvimento e a expansão de pólos de produção e de industrialização de frutas no Estado, especialmente nas regiões Norte, Sul, Zona da Mata e Triângulo Mineiro.

Já o projeto de lei apresentado dispõe sobre a destinação de recursos financeiros para o desenvolvimento de pesquisas no setor agropecuário. E três requerimentos: o primeiro solicita à Secretaria de Estado da Fazenda a adoção de medidas para estender às indústrias produtoras de doces à base de frutas o benefício fiscal concedido às produtoras de sucos; o segundo requer à Fepamig a publicação urgente de edital para financiamento de pesquisa de controle da sigatoka negra; e o terceiro pede à Epamig a disponibilização de um pesquisador para a Zona da Mata e um técnico agrícola especializado em fruticultura para o Perímetro Irrigado de Pirapora.

A comissão foi criada por requerimento dos deputados Laudelino Augusto, Padre João e Ricardo Duarte, todos do PT. Ela foi instalada em 26 de maio, sob a presidência de Laudelino Augusto, tendo como relator o deputado Carlos Pimenta. Os demais integrantes são os deputados Leonardo Quintão (PMDB), Roberto Ramos (PL) e a deputada Ana Maria Resende (PSDB). Participaram como suplentes os deputados Gilberto Abramo (PMDB), Leonardo Moreira (PL), Ricardo Duarte (PT) , Luiz Humberto Carneiro (PSDB) e Wanderley Ávila (PPS).

Foram feitas oito reuniões com convidados em Belo Horizonte, quatro audiências públicas em Jaíba, Norte de Minas; Maria da Fé, Sul; Monte Alegre de Minas, no Triângulo; e Rio Pomba, na Zona da Mata. E três visitas técnicas: ao pólo produtor e exportador de Petrolina, Pernambuco; ao perímetro irrigado de Pirapora; e à fazenda experimental da Epamig em Caldas, Sul de Minas.

Presenças: Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Carlos Pimenta (PDT), relator, e a deputada Ana Maria Resende (PSDB).

 

 

 

 

 

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