Ex-funcionários da Cafepoços negam participação em irregularidades

A CPI do Café da Assembléia Legislativa ouviu, nesta quinta-feira (21/10/04), dois ex-funcionários da Cooperativa dos...

21/10/2004 - 00:00
 

Ex-funcionários da Cafepoços negam participação em irregularidades

A CPI do Café da Assembléia Legislativa ouviu, nesta quinta-feira (21/10/04), dois ex-funcionários da Cooperativa dos Cafeicultores de Poços de Caldas (Cafepoços), que se eximiram da responsabilidade pelas irregularidades encontradas na transferência de R$ 480 mil da instituição para seu braço financeiro, a Cooperativa de Crédito dos Cafeicultores de Poços de Caldas (Cafecredi). Tanto Frederico Ozanan Vieira, que atuou na gerência financeira da Cafepoços, quanto Ivânio Malaquias, que foi procurador e assistente da diretoria da cooperativa, negaram ser coniventes com a transação irregular. Esse dinheiro foi transferido para uma conta de investimento da Cafecredi para operações no mercado futuro, mas em vez disso, foi distribuído em 16 contas correntes movimentadas irregularmente pelo então presidente das duas cooperativas, Jaime Junqueira Payne.

Os dois ex-funcionários disseram que só ficaram sabendo do desvio do dinheiro por Payne após o início das investigações da CPI. Frederico Ozanan disse que foi o próprio Payne quem lhe autorizou a transferir o dinheiro para a conta de investimento para ser movimentado pela Link Corretora, responsável pelos negócios em bolsa da Cafecredi. Segundo ele, o total de operações em bolsa da cooperativa girava entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão. Ozanan, no entanto, disse não conhecer a destinação final do dinheiro, pois quem fiscalizava sua aplicação, segundo ele, era o setor de contabilidade da Cafepoços. Ele acrescentou que auditorias eram feitas anualmente, mas nenhuma irregularidade era constatada.

Ivânio Malaquias disse que a aplicação via Link Corretora constava dos balancetes mensais e do balanço anual da cooperativa, que era submetido à aprovação dos cooperados. Também disse não conhecer o destino final do dinheiro, pois, segundo ele, quem fazia as aplicações financeiras era o próprio Payne. Ele admitiu que assinou o pedido de transferência de dinheiro para a Cafecredi, mas disse que só ficou sabendo que o documento de compensação bancária ("doc") em nome da Link Corretora era falso na própria reunião da CPI. A revelação foi feita pelo deputado Rogério Correia (PT). De acordo com o deputado, esse "doc" não tem nenhuma assinatura e o seu número de autenticação foi falsificado.

Deputados cobram responsabilidade

As declarações dos dois convidados motivaram críticas dos deputados. Domingos Sávio (PSDB) cobrou responsabilidade dos dois ex-funcionários da Cafepoços. "Estou estarrecido. Vocês estão relutantes em dizer que Jaime Payne era responsável pelas transações irregulares", disse, acrescentando que Malaquias tinha procuração para responder pela cooperativa mas não se responsabiliza pela transferência irregular.

Já o deputado Rogério Correia (PT) questionou o rateio do prejuízo de R$ 14 milhões (equivalente a 84 mil sacas de café) entre os cooperados. "Os cooperados já tomaram prejuízo e ainda têm que participar do rateio. Eles não têm culpa do rombo, não podem ajudar a cobrir esse prejuízo antes de se saber quem são os culpados", afirmou o deputado, para quem Jaime Payne não é o único responsável pelo rombo na Cafepoços e na Cafecredi. A afirmação foi uma resposta à declaração de Ivânio Malaquias, que havia dito que a divisão do prejuízo entre os cooperados é permitida pela Lei do Cooperativismo (Lei Federal 5.764).

A portas fechadas, durante três horas, os membros da CPI ouviram outras três testemunhas intimadas: os ex-funcionários da Cafecredi Ademir Feltrim e Denise de Fátima Ranauro e a atual funcionária da cooperativa, Isabela Tassi Moreira.

Presenças - Deputados Sebastião Navarro Vieira (PFL), presidente; Rogério Correia (PT), relator; Domingos Sávio (PSDB) e Fábio Avelar (PTB).

 

 

 

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