Presidente da Ocemg explica críticas à CPI do Café
O presidente da Organização das Cooperativas do
Estado de Minas Gerais (Ocemg), e vice-presidente da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB), Ronaldo Scucato, afirmou que a
entidade não é contra os trabalhos da CPI do Café. Ele participou de
reunião da comissão na Assembléia Legislativa nesta quinta-feira
(14/10/04) para esclarecer carta enviada ao governador em que a
entidade teria reclamado das investigações. Segundo ele, a carta
manifesta preocupação de cooperativas do Sul de Minas quanto ao
"denuncismo" de testemunhas - e não à apuração dos deputados. A
Ocemg representa 800 cooperativas em Minas, com 1 milhão de
cooperados.
A reunião foi convocada por requerimento do
presidente da CPI, deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL), depois
que a carta da Ocemg foi enviada à Assembléia pelo governador Aécio
Neves. Encaminhada em 27 de julho ao governador, a correspondência
foi assinada também pelo presidente do Conselho Nacional do Café
(CNC), Oswaldo Henrique Paiva Ribeiro, também convidado para a
reunião desta quinta-feira (14). Oswaldo Ribeiro não compareceu,
alegando outros compromissos, e diante das explicações do presidente
da Ocemg, consideradas satisfatórias, a comissão julgou
desnecessário novo convite ao presidente do CNC.
Ronaldo Scucato afirmou que tudo não passou de um
mal entendido e que a carta foi solicitada por cooperativas da
região de Varginha, preocupadas com a repercussão dos trabalhos da
CPI do Café. Scucato reconheceu que a carta poderia ter sido
encaminhada à própria CPI, "mas houve uma preocupação da entidade em
não interferir nas apurações, que consideramos necessárias, bem como
a identificação e punição de culpados", enfatizou.
Deputados aceitam explicações e pedem
colaboração
Os deputados consideraram satisfatórias as
explicações do presidente da Ocemg, apesar de terem se indignado com
os termos da carta, e seu envio ao governador. O relator, deputado
Rogério Correia (PT), enfatizou que o envio da carta ao governador
poderia indicar que "a CPI pudesse receber alguma interferência do
governo do Estado". Os deputados Fábio Avelar (PTB) e Paulo Piau
(PP) também manifestaram sua satisfação com os esclarecimentos de
Ronaldo Scucato, destacando que os cooperados muitas vezes são
usados por maus dirigentes. O presidente Sebastião Navarro também se
disse satisfeito com a reunião, sugerindo mais participação da
entidade nas investigações da CPI e no envio de sugestões ao
relatório final.
O vice-presidente da CPI, deputado Sargento
Rodrigues (PDT), lembrou ao dirigente da Ocemg que a comissão tem
poderes de investigação policial, por isso, "as acusações de
denuncismo poderiam ensejar uma ação dos deputados contra as duas
entidades que assinaram a carta". E explicou que da mesma forma que
houve cobrança de associados junto à Ocemg, a Assembléia foi
procurada por mais de 100 produtores para que apurasse o sumiço de
café de cooperativas. Ele destacou ainda que em nenhum momento a CPI
desviou seu foco de investigação, e que a publicidade dos trabalhos
é dever da Assembléia. Paulo Piau pediu que constasse em ata sua
discordância com o Sargento Rodrigues, que classificou a carta de
"leviana".
Rogério Correia sugeriu mais participação da Ocemg
no envio de sugestões, como mudança na legislação. Scucato disse que
é necessário o encerramento da tramitação do projeto que altera a
Lei 5.764, que está no Senado desde 1988. As emendas visam dar mais
poder às entidades representativas para interferir quando constatada
má-gestão, bem como responsabilizar dirigentes e o conselho fiscal
das cooperativas, em caso de fraudes comprovadas.
Requerimento - A comissão
aprovou requerimento do deputado Rogério Correia que intima a
prestar esclarecimentos à CPI, o ex-dirigente do Banco do Brasil de
São Sebastião do Paraíso, Acácio Antônio Spini.
Presenças - Deputados
Sebastião Navarro Vieira (PFL), presidente; Sargento Rodrigues
(PDT), vice; Rogério Correia (PT), relator; Fábio Avelar (PTB),
Paulo Piau (PP) e Roberto Ramos (PL).
|