Montanhas de detritos de ardósia preocupam deputados
A exploração da ardósia é uma atividade crescente
em Minas, que já chega a 500 mil toneladas por ano e gera 10 mil
empregos em cerca de 190 indústrias, espalhadas por oito municípios
mineiros. A expansão da atividade, no entanto, está gerando um
pesado problema ambiental, representado por 4,5 milhões de toneladas
de rejeitos e aparas anuais, que são empilhadas de qualquer maneira
à beira das estradas ou lançadas às margens de córregos.
A questão foi debatida em audiência pública da
Comissão de Turismo, Indústria e Comércio da Assembléia, na tarde
desta quarta-feira (22/9/04), a partir de requerimento do deputado
Doutor Ronaldo (PDT), que é vice-presidente da Comissão de Meio
Ambiente e Recursos Naturais e representante político da região de
exploração da pedra, que ocorre nos municípios de Papagaios,
Felixlândia, Pompéu, Paraopeba, Curvelo, Martinho Campos, Leandro
Ferreira e Caetanópolis.
Doutor Ronaldo questionou os empresários, geólogos
e entidades de apoio presentes sobre as alternativas de utilização
das aparas e da água, para que a atividade possa ser considerada
limpa. Os defensores da atividade informaram que o setor se
desenvolveu com recursos próprios, não tem dívidas bancárias, nem
trabalhistas, e cria seus próprios treinamentos e sua própria
tecnologia. "Chegou a hora do Governo nos apoiar com pesquisas para
utilização dos rejeitos, e também com infra-estrutura viária e de
energia, que são precárias em nossa atividade", reivindicou Décio
Barcelos, da Associação dos Mineradores de Ardósia (Amar/MG).
O geólogo Cid Chiodi, da empresa de assessoria e
projetos Kistemann & Chiodi, relacionou algumas possibilidades
de utilização das aparas, como a substituição da brita em concreto
para pavimentação e para a substituição de parte dos componentes da
cerâmica. Citou também os mosaicos artesanais, mas admitiu que o
volume seria insignificante. O pó da ardósia poderia ser utilizado
para a fabricação de cimento, e há pesquisas promissoras para que as
aparas se tornem fertilizante após catalização com esterco de
frango, muito abundante na região. Quanto a reutilização da água,
Ronaldo Valadares, da Amar-MG, disse que todas as indústrias
reciclam a água utilizada para serrar a ardósia, mas que fracassaram
suas tentativas de tratá-la antes de devolver aos cursos
d'água.
Minas tem jazidas para 15 mil anos
Se a exploração ficar no patamar atual de 500 mil
toneladas por ano, as jazidas já identificadas em Minas Gerais são
capazes de suprir o mercado durante 15 mil anos. O Estado responde
por 95% da produção nacional e por 98% das exportações. O maior
produtor mundial é a Espanha, mas a ardósia ocorre também na
Irlanda, Itália, França, China e Índia. Dos países importadores, o
principal é os Estados Unidos, com 27% das compras. A conclusão dos
empresários presentes é a de que Minas Gerais é herdeira do mercado
mundial de ardósia, pelo esgotamento das jazidas e pelas
dificuldades de exploração mineral na Europa.
Requerimentos - Foram
aprovados durante a reunião quatro requerimentos que estava na pauta
e que dispensam a apreciação do Plenário. Também foi aprovado outro
requerimento do deputado Doutor Ronaldo, pedindo esforços do
secretário de Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer, para a
instalação de uma fábrica de carrocerias em Sete Lagoas, próxima à
sede da Iveco, que fabrica chassis.
Presenças - Deputado Ivair
Nogueira (PMDB), presidente; Laudelino Augusto (PT) e Doutor Ronaldo
(PDT).
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