Fruticultura realiza última audiência e suspende trabalhos

A Comissão Especial da Fruticultura da Assembléia Legislativa já recolheu os elementos que buscava para elaborar um d...

09/09/2004 - 00:00
 

Fruticultura realiza última audiência e suspende trabalhos

A Comissão Especial da Fruticultura da Assembléia Legislativa já recolheu os elementos que buscava para elaborar um diagnóstico completo da atividade em Minas e sugerir políticas para o seu desenvolvimento, através do relatório a ser elaborado pelo deputado Carlos Pimenta (PDT). O presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT), coordenou a última audiência pública na tarde desta quinta-feira (9/9/04). Um requerimento assinado pelos quatro deputados presentes suspende os trabalhos até 18 de outubro, para análise do material recolhido e redação do relatório.

Os convidados da audiência eram representantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), da Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg), da Associação dos Produtores de Agroartesanato de Viçosa (Assov), da Secretaria de Estado da Agricultura e da cooperativa Crefruta da Zona da Mata. O tema foi "Organização e gestão social dos fruticultores", com ênfase no associativismo, qualificação de mão-de-obra, segurança no trabalho, fruticultura familiar e indústrias caseiras.

A comparação que sempre se fez, nas reuniões anteriores da comissão, do fraco desempenho da fruticultura brasileira em relação à pujança da chilena, recebeu uma informação definitiva do diretor de Recursos Tecnológicos e Naturais da Secretaria da Agricultura, Lucas Rocha Carneiro. Para ele, o diferencial é a escolaridade. "No Chile, a escolaridade média do agricultor é de nove anos. No Brasil, a média é inferior a um ano, e mesmo assim considerando que o Rio Grande do Sul tem média de três anos".

José Geraldo Soares, presidente da Assov, relatou os esforços de sua associação para crescer dentro das adversidades, reunindo 30 famílias de Viçosa e de seis municípios vizinhos. Eles produzem 72 toneladas anuais de compotas, 78 toneladas de doce em barra, 3 mil litros de licores, e extraem o mel das abelhas que fazem a polinização dos pomares. Soares criticou a visão de alguns prefeitos que rompem o contrato com a Emater e fecham seu escritório, deixando os agricultores à míngua de assistência técnica.

Demanda por formação profissional rural é crescente, diz o Senar

O coordenador de Formação Profissional Rural do Senar-MG, Jésus Maria Ribeiro, expôs os esforços de sua instituição nestes onze anos decorridos desde a sua criação. O Senar é mantido com 0,3% dos recursos da comercialização agropecuária. Ribeiro detalhou a quantidade de cursos oferecidos, de pessoas atendidas, e na área de fruticultura disse que os conteúdos dos cursos cobrem desde a implantação do pomar até a comercialização das frutas. Mencionou também o apoio ao associativismo e à produção orgânica e revelou que a demanda por formação profissional em fruticultura vem crescendo a cada ano.

Ricardo Alves Oliveira, da Fetaemg, por sua vez, pouco abordou a questão da fruticultura, detendo-se mais na luta geral dos trabalhadores rurais por reconhecimento, por crédito e para que o governo federal garanta a compra de produtos. Destacou a pujança da agricultura familiar na produção de soja, de mamona, de biodiesel e de cachaça, e atacou a dependência que a Emater hoje tem das prefeituras. "Sugiro uma 'desprefeiturização' da Emater, para que possa atender igualmente a todos que dos seus serviços necessitam, e não apenas aqueles produtores que votam no prefeito", disse o sindicalista.

Essa proposta foi apoiada por Lucas Carneiro, para quem a Emater devia ser regionalizada ou territorializada, para não ficar na dependência do prefeito. José Vanderlei Médice, da Crefruta, amenizou a questão, argumentando que a ingerência dos prefeitos é grande porque são eles que sustentam a Emater, pagando as contas do escritório e até a gasolina para os carros dos técnicos. Médice lamentou que a empresa esteja em tão má situação, ao ponto de seus técnicos estarem desatualizados. Essa afirmativa foi rebatida por Cormarie Almeida, extensionista da Emater, para quem a empresa mineira é a melhor do Brasil, que seus técnicos estão atualizados e que as prefeituras pagam apenas parte da gasolina utilizada nos carros.

DRT autua e fecha cooperativas fraudulentas

O delegado regional do Trabalho, Carlos Calazans, disse que o custo da mão-de-obra em fruticultura é alto para quem não pode contar com a ajuda da família, e que o Ministério do Trabalho está estimulando a formação de cooperativas, porque a legislação trabalhista tem menos exigências para essa forma de organização. "No entanto, estamos autuando e fechando as cooperativas fraudulentas, aquelas que têm dono e são formadas apenas para burlar a lei, explorar os trabalhadores e enriquecer seu dono", afirmou.

Os deputados apresentaram um balanço dos trabalhos da comissão. Padre João (PT) reconhece que houve avanços na oferta de crédito, com a criação do Pronaf, e que é preciso divulgá-lo mais para beneficiar mais produtores. Cobrou também uma educação para o consumo de frutas e sugeriu a diversificação da produção, para que o agricultor não fique sujeito aos riscos da monocultura.

Laudelino Augusto resumiu as seis viagens de trabalho que os deputados fizeram para conhecer no local várias realidades dos fruticultores e as informações mais importantes que foram colhidas. Conscientizou-se de que Minas Gerais tem climas variados para a produção de frutas de clima frio, temperado e tropical. "O que falta é principalmente orçamento e treinamento", concluiu.

Requerimentos - Dois outros requerimentos foram aprovados na reunião. Um deles, assinado pelos quatro deputados presentes, pede a marcação de audiência com o governador, com o secretário da Agricultura e o ministro da Agricultura, para entrega do relatório final. Outro, da deputada Ana Maria Resende (PSDB), pede uma audiência em Brasília com o presidente da Codevasf, para tratar dos projetos de irrigação de Pirapora e Jequitaí.

Presenças: Deputado Laudelino Augusto (PT), presidente; deputada Ana Maria Resende (PSDB), vice-presidente; deputados Padre João (PT) e Márcio Kangussu (PPS).

 

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