Hospital Militar quer terceirizar serviço de radiologia

A proposta de terceirização dos serviços de radiologia prestados dentro do Hospital da Polícia Militar - e o destino ...

01/09/2004 - 00:00
 

Hospital Militar quer terceirizar serviço de radiologia

A proposta de terceirização dos serviços de radiologia prestados dentro do Hospital da Polícia Militar - e o destino dos 18 praças e três oficiais que a eles se dedicam como técnicos - motivaram uma reunião extraordinária da Comissão de Saúde da Assembléia, na tarde desta quarta-feira (1/9/04), a requerimento do deputado Sargento Rodrigues (PDT). Rodrigues alertou para o desmantelamento do atendimento à saúde dos militares da ativa, reformados e seus familiares, que somam 190 mil pessoas em Minas, e para o desrespeito aos direitos desses 21 militares, que prestaram concurso para exercer essa atividade e não poderiam ser deslocados para função policial.

A reunião foi presidida inicialmente pelo deputado Ricardo Duarte (PT), que manifestou-se por questão de princípio contrário a qualquer terceirização de serviços de saúde, e revelou sua preocupação com o projeto de lei enviado pelo governo contendo o plano de carreira de Saúde, do qual é relator. Duarte disse ter percebido a falta de previsão de concurso para o nível fundamental, o que o levou a supor que talvez o Estado esteja planejando terceirizar a atenção básica de saúde.

Ausentando-se o presidente, assumiu a coordenação dos trabalhos o deputado Célio Moreira (PL), que passou a palavra ao diretor de saúde da PMMG, coronel Rômulo Berbet Diniz. O diretor afirmou que o comando "tem o firme propósito de fortalecer a rede orgânica de saúde dos policiais e dos bombeiros", e fez uma veemente defesa das instituições militares, entre elas o Hospital Militar, que leva o nome do ex-capitão médico Juscelino Kubitschek, e o Instituto de Previdência do Servidor Militar, fundado 35 anos antes de Getúlio Vargas criar o primeiro sistema previdenciário público do País. "Ninguém vai terceirizar serviços de maneira irresponsável", assegurou o coronel, exemplificando com o serviço de nutrição e dietética, "que foi terceirizado e funciona bem".

O tenente-coronel Mauro Silva Velloso, diretor do Hospital, relatou as medidas de modernização da administração do hospital segundo os princípios da gestão participativa e da impessoalidade dos atos. Admitiu que nomeou uma comissão para estudar a viabilidade da terceirização dos serviços de radiologia e que houve discrepância entre as opiniões dos membros, a favor e contra a extinção do serviço próprio, ressalvando que os votos contrários foram dos próprios radiologistas.

Velloso disse que a instituição gasta muito com o credenciamento de clínicas radiológicas, e que a idéia é ampliar o serviço dentro do próprio hospital, sem que a terceirização acarrete aumento do custo do exame, que hoje é de R$ 12. Acrescentou que há dificuldade para a manutenção e atualização dos equipamentos de raios-X e para a compra de filmes radiológicos. "Nossa intenção é licitar os serviços com menor custo, e que sejam prestados com nossos próprios equipamentos, ficando a manutenção e o upgrade sob a responsabilidade da empresa vencedora", informou.

O deputado Sargento Rodrigues e o terceiro-sargento José Luiz Barbosa, presidente da Associação dos Praças da PM e BM (Aspra), contra-argumentaram que a terceirização seria uma estratégia do Estado para fugir a suas obrigações, e introduziram a questão dos direitos trabalhistas dos 21 radiologistas do hospital, que recentemente haviam ganho na Justiça o direito a adicional de insalubridade de 40% e a trabalhar jornada reduzida para 20 horas, devido aos riscos da exposição a radiações nocivas.

O diretor tenente-coronel Velloso informou que a folha de pagamento desses 21 militares é de R$ 60 mil, e que sua intenção é reaproveitá-los no próprio hospital, designando os praças para recepcionar pacientes e os oficiais para serviços de auditoria de saúde, com isso liberando os médicos para trabalhar em suas especialidades. Acrescentou que as decisões devem ser tomadas em nome do interesse público, e não de interesses particulares.

O major Zoé Ferreira Santos, presidente da Associação dos Oficiais da PM e do BM, afirmou que o grupo se sente violado em seus direitos, e que ninguém da direção teve o cuidado de conversar com eles e obter sua concordância sobre a terceirização e remanejamento de seus serviços. O presidente do Conselho Regional de Técnicos em Radiologia, Paulo Roberto Lima Ribeiro, disse que a lei que protege os direitos dos técnicos não distingue entre civis e militares, e que os direitos deles serão amparados pelo Conselho, inclusive o de aposentadoria com 25 anos de serviço. Ribeiro apresentou uma proposta conciliatória de que fossem aproveitados em sua profissão dentro dos serviços terceirizados, junto aos outros técnicos externos que serão trazidos.

Presenças - Deputado Ricardo Duarte (PT), presidente; deputados Célio Moreira (PL), Sargento Rodrigues (PDT), Márcio Kangussu (PPS) e Doutor Viana (PFL).

 

 

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