Apelo por recursos para a cultura marca segundo dia de fórum técnico

A defesa de maior dotação orçamentária para o setor da cultura foi a tônica do segundo dia do Fórum Técnico Cultura: ...

31/08/2004 - 00:00
 

Apelo por recursos para a cultura marca segundo dia de fórum técnico

A defesa de maior dotação orçamentária para o setor da cultura foi a tônica do segundo dia do Fórum Técnico Cultura: Política e Financiamento, nesta terça-feira (31/8/04), no Plenário da Assembléia Legislativa. Um dos expositores que reconheceu a importância das leis de incentivo à cultura mas defendeu também a existência de recursos próprios garantidos por orçamento foi o diretor de patrocínio da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica (Secom) da Presidência da República, Leopoldo Nunes da Silva Filho. "O mecanismo do incentivo tem sido muito importante e aprimorado nos últimos dez anos, mas o financiamento à cultura não pode depender só disso", afirmou o diretor durante o fórum, uma iniciativa do Legislativo mineiro e da Secretaria de Estado de Cultura, que termina nesta quarta-feira (1º/9).

Para Leopoldo Nunes, que trabalha no órgão responsável por coordenar, acompanhar e planejar as políticas de comunicação institucional dos ministérios e das empresas estatais, a supervalorização das leis de incentivo e o enxugamento dos recursos orçamentários provocou distorções como a concentração de recursos, que prejudica produtores independentes. As propostas apresentadas pela Secom, segundo ele, são o maior planejamento das políticas de investimento por todas as partes envolvidas e a adoção de orçamento direto para o Ministério da Cultura e para as secretarias estaduais.

"As articulações intersetoriais estão abaixo do nível desejado", concordou o secretário-adjunto de Cultura de Minas Gerais, José Osvaldo Guimarães Lasmar. De acordo com Lasmar, é necessário combinar a agenda da cultura com as agendas de desenvolvimento, educação, turismo, meio-ambiente e, inclusive, da própria cultura, de forma a se estabelecer diálogo com os agentes culturais. "O desconhecimento das agendas mútuas é preocupante", salientou, destacando, no entanto, que a secretaria está trabalhando com um cenário de otimismo. Algumas das ações para transformar o quadro das políticas culturais do Estado são, segundo o secretário-adjunto, formas diferentes de operar a legislação do setor, diminuindo ou aumentando a contrapartida nas leis de incentivo, conforme cada caso, e institucionalizando o apoio estatal vindo de empresas como Cemig, BDMG e Codemig.

FIT é experiência positiva

Um exemplo de política cultural planejada que foi citado durante o fórum técnico foi a última edição do Festival Internacional de Teatro (FIT), promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte e encerrado nesta segunda-feira (30). De acordo com a secretária de Cultura de Belo Horizonte, Celina Albano, dos R$ 2,8 milhões orçados para o festival, apenas R$ 600 mil foram investidos pelos cofres públicos. A Secretaria Municipal de Cultura tem 0,7% do orçamento da PBH. "É pouco, mas trabalhamos para maximizar esse percentual e buscar novas fontes de recursos. Trabalhamos com programas e não com políticas de balcão", disse Celina Albano, reforçando a idéia de que "as leis são fundamentais, mas são complementares aos aportes".

A mudança na ênfase da iniciativa privada em relação ao investimento em cultura - que tem passado da perspectiva do mercado para a do social, buscando interlocução com poder público, produtores, artistas e comunidade - foi abordada pela coordenadora do Instituto Cultural Usiminas, Eliane Parreiras. "A empresa não mais apenas investe em cultura e se afasta do processo. Ela também planeja e acompanha", disse, classificando a nova fase como de profissionalização da gestão de patrocínio.

Diretor da Seplag cita projetos estruturadores

O diretor da Superintendência Central de Planejamento da Secretaria de Planejamento e Gestão, Bernardo Tavares de Almeida, apresentou um apanhado sobre alguns dos projetos estruturadores do governo estadual que têm relação com o setor cultural. Um deles é o da Estrada Real: "A infra-estrutura gerada em torno desse projeto fomenta o desenvolvimento da região e incentiva a produção cultural", disse, citando aspectos como pavimentação de trechos, demarcação dos circuitos, melhorias de saneamento, capacitação de profissionais e criação de empregos.

Outro projeto citado pelo diretor da Seplag foi o dos "arranjos produtivos locais", que objetivam retomar a vocação de regiões que continham fortes cadeias produtivas, nos setores moveleiro (no Triângulo e na Zona da Mata) e eletroletrônico (na Grande BH e no Sul de Minas). Os projetos estruturadores de inclusão digital, recuperação do Projeto Jaíba, criação do novo centro administrativo do governo do Estado e do centro cultural Praça da Liberdade/Casa do Conde também foram mencionados.

Produtora pede apoio ao cinema

Elza Cataldo, que disse ser a primeira mulher a produzir um filme em Minas Gerais, o longa Vinho de Rosas, em fase de produção final, fez um apelo para que o Estado dê mais incentivo à sétima arte. "Consegui fazer o filme por obsessão minha. Lamento a existência de projetos talentosos que infelizmente não tiveram entusiasmo ou saúde para trabalhar num filme por 15, 20 anos", desabafou. "Cinema é instrumento de conhecimento do Estado, nosso povo, geografia e história. Temos paisagens e personagens ricas e complexas, mas não há estrutura para transformar o cinema em indústria", continuou, pedindo uma nova forma de olhar para essa produção. "Os problemas são os mesmos. Não sabemos como agir", completou a produtora executiva da Companhia SeráQue?, Bete Arenque.

O presidente do Sindicato dos Produtores em Artes Cênicas do Estado, Rômulo Duque, pediu a criação de um fundo estadual de incentivo à cultura voltado para projetos pequenos ou vindos de outras regiões do Estado, que não tenham condições de competir com os da Capital. Na fase de debates, vários outros produtores, artistas e envolvidos na área cultural usaram a palavra para tirar dúvidas e apresentar sugestões aos expositores.

Presenças - Participaram da mesa dos trabalhos a deputada Ana Maria Resende (PSDB), que coordenou os trabalhos; o deputado Domingos Sávio (PSDB), autor do requerimento pela realização do fórum; e André Quintão (PT).

 

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