Relatório da Silvicultura pode trazer projeto de lei e 17 recomendações

Um documento final de cerca de 50 páginas foi lido pelo relator da Comissão Especial da Silvicultura da Assembléia Le...

31/08/2004 - 00:04
 

Relatório da Silvicultura pode trazer projeto de lei e 17 recomendações

Um documento final de cerca de 50 páginas foi lido pelo relator da Comissão Especial da Silvicultura da Assembléia Legislativa, deputado Célio Moreira (PL) nesta terça-feira (31/8/04), contendo um projeto de lei e 17 recomendações que serão encaminhadas a órgão diversos, em forma de requerimentos. A comissão foi criada para estudar e propor políticas públicas para o setor florestal, com foco nas florestas plantadas, e seus trabalhos tiveram início em 17 de junho. O encerramento está previsto para esta quinta-feira (2). O relatório foi discutido, mas a votação deverá acontecer nesta quarta-feira (1º), para que sejam incorporadas novas sugestões.

As principais recomendações contidas no relatório são para que o setor receba o mesmo tratamento de outras atividades agropecuárias; que haja uma revisão do modelo institucional que rege a atividade; que se promova o fortalecimento da Câmara Setorial de Silvicultura; que seja revigorado o programa Pró-Floresta; e que a Frente Parlamentar da Silvicultura da Assembléia apresente emenda durante a revisão anual do PPAG, em setembro, propondo a criação de uma nova rubrica orçamentária para abrigar o desenvolvimento do setor de base florestal mineiro.

O relatório sugere ainda o fortalecimento do Programa Estadual de Fomento Florestal, com incentivos tais como a desburocratização dos procedimentos de implantação, colheita e comercialização de matérias-primas florestais originadas de produtores rurais e plantios de pequenas extensões; além de criação de um programa complementar, para identificar e recompor áreas propensas à desertificação. A comissão propõe ainda a criação de um grupo de trabalho na Secretaria da Fazenda, com a participação de todos os setores envolvidos, para realizar um estudo sobre a revisão da política tributária para os produtos derivados da madeira; e o desenvolvimento de programas de integração de comunidades locais, visando o aproveitamento de mão-de-obra local, à melhoria da educação e qualificação profissional dessas comunidades, projeto que seria de responsabilidade das empresas florestais do Estado.

Por último, o relatório sugere linhas de pesquisa e mais pesquisadores para a área da silvicultura, a realização de concurso público para recomposição dos quadros do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a realização de uma campanha pública de esclarecimento e valorização da atividade, levada a efeito pelo governo estadual e pela Associação Mineira de Silvicultura.

Principal alteração vem em projeto de lei

O projeto apresentado no relatório prevê alterações nos artigos 47 e 48 da Lei 14.309 de 2002, que dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade no Estado. O objetivo é reduzir a ilegalidade na comercialização do carvão de mata nativa, com a alteração na base de cálculo deste produto autorizado para o consumo anual total, com o objetivo de ampliar a base legal de recepção desse carvão; e criação de auto-declaração de consumo excedente de carvão, para que o consumidor tenha o direito de optar por uma das três formas de pagamento da reposição em dobro a que será submetido, permitindo o investimento em floresta própria ou em associação de reposição, evitando o pagamento em dinheiro.

A proposição prevê também a substituição do antigo Plano de Auto Suprimento (PAS), por um Plano de Reposição Florestal (PRF), que possibilitará informações sobre o consumo anual total. E por último, adiciona um dispositivo que autoriza o IEF a criar normas de controle simplificadas para consumidores de matéria-prima florestal que utilizem exclusivamente madeira "in natura" de florestas plantadas.

O relatório apresentou também três requerimentos: um para a Secretaria da Fazenda e IEF, para estudarem a readequação da tabela de valores da taxa florestal aplicados a "lenha e toretes de floresta plantada"; outro à Secretaria de Meio Ambiente, pedindo o encaminhamento à Assembléia, de projeto de lei que criará o plano de carreira dos servidores do IEF, com a inclusão de um corpo de fiscais; e ao Instituto de Gestão das Águas (Igam), para que faça estudos e tome providências quanto à redução da vazão de água, o secamento de nascentes do córrego Buriti Grande, e o rebaixamento do nível de água nas cisternas dos moradores vizinhos à plantação de eucalipto em Felixlândia.

Diagnóstico mostra setor com grande potencial

De acordo com levantamentos da comissão, que fez várias audiências públicas e visitas técnicas, o setor silvicultor em Minas apresenta grande potencial, que precisa de políticas adequadas de financiamento e incentivos fiscais. A silvicultura representa 7% do PIB mineiro, respondendo por 580 mil empregos, além de contribuir anualmente com R$ 387 milhões para a receita estadual, agregando R$ 3,8 bilhões em exportações, segundo dados de 2002. A comissão trabalhou com três áreas de produção: siderurgia a carvão vegetal, celulose e papel e sólidos e painéis.

Com o ferro gusa, que tem como insumo o carvão vegetal, o setor faturou US 760 milhões no ano passado, sendo 50% disso com exportações. Gera 15 mil empregos diretos e 50 mil indiretos e contribui com cerca de R$ 460 milhões em impostos estaduais e federais.

Na área de celulose, apesar de só contar com uma unidade, a Cenibra, o Brasil ocupa a 10ª posição no "ranking" das transações internacionais de celulose, sendo que a empresa responde por 2% desse total. O setor gera 8,5 mil empregos diretos e 28 mil indiretos. No segmento de papel, Minas conta com 19 fábricas que atuam fortemente no setor de reciclagem, chegando a quase 15% de todo o papel reciclado no Brasil.

Os sólidos e madeira envolvem a movelaria e madeiras tratadas para uso na agricultura, construção civil e nas estradas de ferro. O setor moveleiro foi incluído como um dos projetos estruturantes do governo mineiro, contribuindo com 2% a 3% das exportações brasileiras.

O relatório aponta como principais dificuldades de crescimento do setor, o excesso de regulamentação e a falta de financiamento, entraves levantados pelos segmentos de base florestal ao longo dos trabalhos dos deputados.

A comissão contou com a participação permanente de várias entidades, entre elas, a Associação Mineira de Silvicultura, Emater, Faemg, Fiemg, Ibama, IEF. Mais 30 empresas e entidades participaram das audiências.

Durante a discussão do relatório, o deputado Padre João (PT) mostrou-se preocupado com o pouco espaço dado às populações atingidas pelas plantações de eucalipto e suas conseqüências, como secamento de lagos e nascentes. Ele pediu prazo para estudar melhor o texto e apresentar novas sugestões. A mesma preocupação foi mostrada por seu colega de partido, o deputado Laudelino Augusto. O deputado Paulo Piau (PP) disse que é importante reforçar as sugestões de pesquisa na área ambiental, enquanto o deputado Doutor Viana (PFL) destacou que hoje o empresariado do setor procura corrigir os erros do passado, resgatando o passivo ambiental. Todos ressaltaram a importância da comissão, o apoio recebido e o trabalho profissional do corpo técnico da Assembléia.

Presença: Paulo Piau (PP), presidente; Célio Moreira (PL), relator; Doutor Viana (PFL); Padre João (PT) e Laudelino Augusto (PT)

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715