Ato público de comissão marca um ano da morte de
barman
Marcando um ano da morte do barman Anderson
Rodrigues Teixeira, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia
realizou, nesta quinta-feira (26/8/04), um ato público no mesmo
local e horário onde ele foi morto - Praça Sete, Centro de Belo
Horizonte, às 13 horas. Além do presidente da comissão, deputado
Durval Ângelo (PT) e do subsecretário de Estado de Direitos Humanos,
João Batista de Oliveira, o evento reuniu familiares de Anderson e
de outras vítimas de violência por parte de policiais do Estado e
representantes de entidades de defesa dos direitos humanos.
Durval lembrou que o ato, um protesto em nome das
famílias e da sociedade, era o início do movimento "Mães de Minas",
em defesa de justiça e de providências das autoridades para
esclarecer o caso de Anderson e outros ocorridos no Estado, a
exemplo do movimento "Mães do Rio". A representante da entidade do
Rio, que já conta com 300 mães, Euristéia Azevedo, disse que a
indiferença é que leva à injustiça e que só com luta conseguiriam
acabar com a impunidade. Para cobrar providências das autoridades,
as "Mães do Rio" se reúnem todas as quartas-feiras à tarde no centro
do Rio de Janeiro. Outra integrante do movimento, Maria Dalva da
Costa, relatou que esse trabalho começa a dar resultados: cinco
policiais que teriam executado o filho dela numa operação vão ser
julgados no fim deste ano.
Mães lamentam mortes e exigem providências
Empunhando faixas com nomes de seus filhos mortos,
várias mães lamentaram a morte de seus filhos e exigiram
providências das autoridades. A mãe do barman morto, Nésia
Rodrigues, reclamou que há um ano chora a perda do filho e que sua
dor aumenta mais quando vê a omissão das polícias e dos governantes.
Ana Brandão, mãe de Viviane Brandão, morta há quase dois anos,
chorou ao acusar o cabo da PM Sales de assassinar sua filha. Ela
disse que foi encontrado no carro dele sangue e um anzol que teria
sido usado para matar Viviane. Também aos prantos, Maria da
Conceição Barbosa denunciou que seu filho Alessandro foi torturado e
morto com apenas 13 anos, devido a uma decisão equivocada de uma
promotora, que mandou prendê-lo no Ceresp.
João Batista de Oliveira afirmou que trazia seu
apoio como subsecretário de Direitos Humanos e que se propunha a
cobrar dos chefes da polícias e de outras autoridades responsáveis a
solução dos crimes. A coordenadora do Movimento "Tortura Nunca
Mais", Heloísa Greco, acompanhada de sua mãe, Helena Greco,
militante histórica pelos direitos humanos, manifestou seu repúdio
pela "barbárie instalada no Brasil". Para ela, essa situação teve
início com o regime militar que "institucionalizou a tortura, o
massacre e o extermínio". Participaram também do evento
representantes do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos
(Conedh) e da Pastoral Carcerária.
Reunião secreta - Pela
manhã, a comissão realizou reunião secreta com a presença de
promotores de Justiça e denunciantes. Foram aprovados quatro
requerimentos dos deputados Durval Ângelo e Biel Rocha (PT) em que
solicitam: ao chefe da Polícia Civil, informações sobre as apurações
da Delegacia Especializada de Falsificações e Defraldações sobre
notas fiscais frias, quitadas pela Prefeitura de Rio Piracicaba, em
1997, que levaram à cassação do então prefeito, Pedro Theodolino da
Silva; que sejam encaminhadas, ao chefe da Polícia Civil, notas
taquigráficas das reuniões da comissão, em 18 e 25 de agosto,
solicitando que instaure inquérito para apurar ameaças de morte
sofridas pelo prefeito cassado; à Câmara Municipal de Rio
Piracicaba, cópia dos autos da CPI que concluiu pela improbidade
administrativa de Pedro Theodolino, e cópia dos autos do processo de
cassação de seu mandato; o convite a Criméia Alice Shimith de
Almeida para participar da mesa do "Fórum Social Mineiro - Soberania
e Participação Popular".
Presenças - deputados
Durval Ângelo (PT), presidente; Biel Rocha (PT) e Domingos Sávio
(PSDB)
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