Servidores da saúde criticam plano de carreira da categoria

Servidores estaduais da área da saúde criticaram a proposta de plano de carreira da categoria, nesta quarta-feira (25...

25/08/2004 - 00:00
 

Servidores da saúde criticam plano de carreira da categoria

Servidores estaduais da área da saúde criticaram a proposta de plano de carreira da categoria, nesta quarta-feira (25/8/04). Eles participaram de audiência pública da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, convocada a pedido do deputado Ricardo Duarte (PT), para discutir o Projeto de Lei 1.337/03, do governador, que contém o plano de carreira. O projeto já recebeu parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça e está na Comissão de Saúde para receber parecer de 1o turno.

Para o representante da Coordenação Intersindical dos Servidores Públicos de Minas Gerais, Renato Barros, a nova lei não vai contribuir para a evolução da carreira dos servidores da saúde. Isso porque, segundo ele, o projeto enviado à Assembléia não contempla todas as reivindicações da categoria, apresentadas durante as negociações com o governo do Estado no segundo semestre do ano passado.

Entre essas reivindicações, Renato Barros destacou a incorporação de adicionais de gratificação às aposentadorias, jornada de trabalho de no máximo 30 horas semanais e criação de carreiras específicas para fiscais e auditores sanitários, além da regularização de trabalhadores à disposição em novos órgãos. Os sindicatos também cobram a manutenção dos concursos para cargos que exigem somente o ensino fundamental e reivindicam a definição das tabelas salariais da categoria.

A representante do Sindicato dos Médicos, Maria Madalena dos Santos e Souza, defendeu a elaboração de uma carreira própria para esses profissionais, reivindicação que deve ser contemplada no PL 1.337/03. "A criação do cargo de médico é importante para se garantir a qualidade do atendimento à saúde", justificou. Segundo ela, o Estado vem enfrentando dificuldades para contratar novos médicos por causa dos baixos salários. Atualmente, de acordo com a sindicalista, metade dos médicos da Fhemig são contratados sem direitos trabalhistas. Ela foi vaiada pelos servidores que assistiam à reunião, contrários à criação de uma carreira diferenciada para os médicos.

Seplag e SES rebatem críticas

Os representantes das Secretarias de Estado da Saúde e de Planejamento e Gestão, que explicaram o desenvolvimento das novas carreiras e os princípios que nortearam sua elaboração, rebateram as críticas feitas pelos servidores. A representante da Seplag, Jomara Alves da Silva, explicou que a regularização dos servidores à disposição em novos órgãos não é possível, já que isso, na prática, seria como ingressar em nova carreira sem concurso público. Já a incorporação das gratificações por produtividade à aposentadoria também é proibida, segundo ela, porque essas bonificações são vinculadas exclusivamente ao desempenho do servidor da ativa.

Para o representante da Secretaria de Estado da Saúde, Marcelo Gouvêa Teixeira, o processo de negociação com os servidores foi intenso e o projeto apresentado à Assembléia é fruto de consenso entre o Estado e as lideranças sindicais. Segundo ele, a regulamentação do exercício da autoridade sanitária não foi incluída no PL 1.337/03, mas sim no PL 1.686/04, que já tramita na Assembléia. Quanto às tabelas salariais, Gouvêa assegurou que, desde o início das negociações com os servidores, já estava combinado que elas seriam apresentadas após a aprovação de todos os planos de carreira do funcionalismo público estadual.

Aberta a palavra para a platéia, sucederam-se ao microfone representantes sindicais das diversas categorias da saúde, para criticar os privilégios obtidos pelos médicos (jornada reduzida, criação do cargo médico e regulamentação do ato médico) em detrimento das outras dez categorias de nível superior que trabalham no sistema. O representante dos médicos, Jacob Lambert, pediu aos demais que não lutassem contra suas conquistas, porque a luta de todos era contra o patrão, o Estado.

Outros reclamaram da dureza com que o Estado combate a greve da saúde, utilizando a publicidade para colocar a população contra as reivindicações que não são apenas trabalhistas, mas também de melhoria na prestação de serviços para a comunidade.

O diretor do Sind-Saúde, Paulo Carvalho, recolocou a discussão do plano de carreira, acusando o Governo de ter jogado fora o projeto que havia sido discutido com a categoria. "Não basta abrir a discussão e não acatar nada. Precisamos construir juntos o plano de carreira. O Governo mostra que não tem uma ética de relacionamento, e quer que fiquemos calados. O Estado não é sério quando se trata de saúde", desabafou.

O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) alertou os participantes de que a disputa interna entre as categorias enfraquece a luta geral e serve à lógica do Estado neoliberal. Lembrou que a dívida do Estado é de R$ 37 bilhões e que caminha rápido para a inviabilidade. "Ao mesmo tempo, fomos informados de que a renúncia fiscal este ano é de R$ 3,6 bilhões. Aécio vai entregar a seu sucessor o Estado em situação pior do que FHC entregou a Lula, sob o silêncio de uma mídia conivente", disse o parlamentar. Acrescentou ainda que os médicos estarão fora do fundamento ético e democrático se não apoiarem a luta de todos os demais profissionais de nível superior.

Às críticas de que a avaliação de desempenho só servirá para demitir funcionários, Jomara da Silva, da Seplag, contrapôs que a avaliação servirá para progressão e promoção na carreira, para o recebimento de produtividade e para demissão também. Marcelo Teixeira disse que a verdadeira dívida do Estado para com os cidadãos é a oferta de serviços dignos, e que o déficit do Estado era de R$ 2,4 bilhões no início do Governo, já caiu para R$ 1,2 bilhão e deve chegar a R$ 600 milhões em 2005. Acrescentou que ninguém será obrigado a ingressar no novo plano de carreira, e poderá optar por permanecer na carreira atual.

Ao encerrar a reunião, o presidente da Comissão de Saúde, deputado Ricardo Duarte, disse que só vai elaborar seu parecer sobre o projeto de lei do Plano de Carreira da Saúde quando houver consenso entre os sindicalistas e aceitação das propostas pelo governo. Marcou nova reunião para sexta-feira às 10 horas na Assessoria da Liderança do Governo.

Presenças - Deputados Ricardo Duarte (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Também estiveram presentes o diretor da Associação dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais, Carlos Augusto dos Passos Martins; e o representante do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Dalton Cardillo Macedo.

 

 

 

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