Prefeito cassado de Rio Piracicaba denuncia perseguição
política
O ex-prefeito de Rio Piracicaba, Pedro Theodolino
da Silva, denunciou que foi vítima de perseguição política, pouco
depois da sua posse na prefeitura, em janeiro de 1997, o que teria
levado à sua cassação, no ano de 1999. Em depoimento à Comissão de
Direitos Humanos, na reunião desta quarta-feira (25/8/04), ele
afirmou que o complô foi liderado pelo prefeito que o havia
antecedido, Antônio José Cota. Silva disse o motivo da perseguição
foi a sua recusa em participar de esquemas de corrupção na
prefeitura montados por Cota, quando este último era prefeito. O
prefeito cassado relatou que os dois se aliaram para concorrer ao
cargo, com a condição de que, uma vez eleito, nomearia Cota e seus
assessores para continuar atuando na prefeitura.
Pedro Theodolino registrou que, assim que tomou
posse, estranhou a fala de Cota, atual prefeito de Rio Piracicaba:
"Pedrão, posto médico e almoxarifado têm que ficar bagunçados". De
acordo com o ex-prefeito, antes que ele tomasse posse, foi criada
uma empresa fantasma para desviar recursos da prefeitura, sem o seu
conhecimento. A abertura da empresa foi o motivo alegado para a
instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito pela Câmara
Municipal da cidade, que seria totalmente controlada por Antônio
Cota. O prefeito cassado acha que os vereadores manipularam as
investigações, envolvendo-o injustamente na criação da empresa, o
que motivou sua cassação.
O ex-prefeito disse ainda que vem sendo ameaçado de
morte. O presidente da Câmara Municipal de Rio Piracicaba, vereador
Zaino Gomes Martins, pediu que Pedro "desse nome aos bois",
informando o responsável pela ameaças. O prefeito cassado falou que
a resposta seria dada pela Polícia Civil, que investiga o caso. "Há
muito tempo, estou atrás de justiça", desabafou. O vereador rebateu
dizendo que a insistência do prefeito em voltar ao caso não se
justificaria. "A Justiça já julgou; será que está tão errada assim
em todos os seus escalões?", questionou. Zaino rechaçou também as
acusações de que os vereadores seriam comandados pelo prefeito Cota.
Ex-prefeito não sabia de empresa fantasma, diz
inspetor
O inspetor de detetives da 1ª Delegacia de Polícia
Civil de Contagem, José Assis Couto, que atuou nas investigações
sobre o caso, acha que Pedro Theodolino, não tinha realmente
conhecimento da empresa fantasma. Ele estranhou que apenas uma nota
fiscal dessa empresa, paga pela prefeitura, tenha sido usada pela
CPI como prova para incriminar Pedro. "A CPI teve a pressa e o zelo
de apurar quem pagou, mas não teve essa mesma atitude para saber
quem recebeu o dinheiro", constatou. O detetive afirmou que o
dinheiro foi usado indevidamente para pagar viagens aos Estados
Unidos.
Providências - Como
providência em relação ao assunto, o presidente da comissão,
deputado Durval Ângelo (PT), anunciou que iria apresentar, na
próxima reunião, vários requerimentos. No primeiro, solicitará o
encaminhamento das notas taquigráficas dessa audiência ao chefe da
Polícia Civil, Otto Teixeira, e ao coordenador da Procuradoria de
Justiça Especializada em Crimes de Prefeitos, Gilvan Alves Franco.
Noutro requerimento, pedirá a Otto Teixeira que envie todas as
informações sobre a investigação do caso e que instaure inquérito
para apurar ameaças sofridas pelo ex-prefeito. Ao procurador Gilvan
Franco, o deputado vai pedir que o Ministério Público avalie
novamente o processo que levou à cassação do prefeito. Durval
afirmou também que vai requerer da Câmara Municipal o envio à
comissão de todos os autos da CPI.
Projeto inclui homossexual como dependente no
Ipsemg
Na reunião, foi aprovado o parecer de 1º turno ao
projeto que altera a Lei Complementar 64, de 2002, que institui o
Regime Próprio de Previdência e Assistência Social dos Servidores
Públicos do Estado. Trata-se do Projeto de Lei Complementar (PLC)
47/03, da deputada Marília Campos (PT), que inclui o companheiro ou
companheira homossexual como dependente do segurado do Ipsemg. O
relator, deputado Biel Rocha (PT), opinou pela aprovação do PLC na
forma do substitutivo nº 2 e pela rejeição do substitutivo nº 1,
apresentado pela Comissão de Administração Pública.
No parecer da Administração Pública, o relator,
temendo a possibilidade de fraude, na relação de dependência,
acrescentou como uma das exigências de comprovação da dependência, a
mesma documentação que se exige para comprovar as relações
heterossexuais. Já o entendimento do relator Biel Rocha é que a
dependência econômica dos beneficiários homossexuais é presumida na
lei e, portanto, seria uma contradição exigir essa comprovação.
Também no parecer, é feita a definição clara do que seja companheiro
homossexual, a exemplo do tratamento dado ao heterossexual.
Desocupação de acampamento em Patrocínio provoca
requerimentos
A operação policial de desocupação do acampamento
de camponeses da fazenda Salitre, em Patrocínio, em que policiais
teriam agido com truculência e agredido vários sem-terra, provocou a
aprovação de vários requerimentos do deputado Durval Ângelo: pela
realização de duas reuniões, no dia 26/8, para ouvir os
denunciantes, e no dia 1º/9, para discutir a desocupação da fazenda
Salitre; encaminhando pedido à área de Taquigrafia da ALMG,
solicitando a transcrição de fita com os depoimentos prestados ao
deputado Durval Ângelo, no dia 24/8; ao Instituto Médico Legal
(IML), foi solicitada a designação do médico legista e professor da
UFMG, Roberto Campos, para examinar os laudos médicos dos camponeses
detidos na operação; à superintendência do Incra em Minas Gerais,
solicitou-se cópia do acordo de desocupação da fazenda Salitre; e ao
Comando-Geral da PMMG, foram requeridas a lista dos policiais
militares e do Gate que participaram da desocupação e informações
técnicas sobre um pó químico de cor branca atirado contra os
acampados;
Barman - Outro
requerimento de Durval Ângelo aprovado solicita a realização de um
ato público no dia 26/8, às 13 horas, na Praça Sete, centro da
Capital, para relembrar o falecimento do barman Anderson Rodrigues
Teixeira, que morreu no local. No mesmo requerimento, é reiterado o
pedido de providências das autoridades quanto ao esclarecimento do
caso e de outros relativos às vítimas de violência, arbitrariedade e
abuso de poder.
Juíza - O deputado
requereu também que sejam encaminhadas cópia das notas taquigráficas
da reunião da comissão no dia 18/8 para a Corregedoria do Tribunal
de Justiça e ao Procurador-Geral de Justiça. Nessa audiência, foram
feitas denúncias contra a juíza da Comarca de Esmeraldas, Maria José
Starling, e a comissão pede a esses órgãos que tomem providências em
relação ao caso. O último requerimento, do deputado Roberto Ramos
(PL), solicita informações ao presidente da OAB-Seção Minas Gerais
sobre as medidas adotadas para a apuração de reclamações de clientes
do advogado Edson José Teixeira, que atua principalmente em Campo
Belo.
Presenças - Deputados
Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha
(PT) e Gilberto Abramo (PMDB). Além das personalidades citadas na
matéria, compareceram também o presidente da Associação dos
Aposentados e Pensionistas de Rio Piracicaba, Jorge Figueiredo Cota,
Helvécio Caldeira, João Bosco Cota e o ex-presidente do PT de Rio
Piracicaba, Geraldo Mendes dos Reis.
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