Ipsemg promete retomar atendimento odontológico no
interior
Dentro de 60 dias, o Instituto de Previdência dos
Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) vai retomar o
atendimento odontológico em sua rede de credenciados na capital e no
interior. A garantia foi dada pelo presidente do instituto, Mauro
Lobo, durante reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa
realizada nesta quarta-feira (18/8/04). O atendimento odontológico
prestado por dentistas credenciados havia sido suspenso no ano
passado, deixando profissionais sem receber e pacientes com
tratamento interrompido.
Segundo a direção do Ipsemg, a rede credenciada no
interior era inflada e mal distribuída. A suspensão do atendimento
foi a alternativa encontrada para reorganizar a prestação do serviço
odontológico com o minguado orçamento de saúde do instituto, que foi
reduzido de R$ 357 milhões em 2002 para R$ 232 milhões no ano
passado. Uma das medidas tomadas para reduzir os gastos da autarquia
foi a suspensão dos contratos de quase 5 mil dentistas credenciados.
"Foram medidas drásticas, mas que viabilizaram financeiramente a
instituição", disse o diretor de saúde do instituto, Roberto
Fonseca.
Só depois de colocar as contas em dia, o Ipsemg
decidiu retomar o atendimento odontológico. A nova rede credenciada
que o instituto planeja deve ter cerca de 1,8 mil dentistas na
capital e no interior, número suficiente para atender a todos os
usuários do sistema, de acordo com o diretor de saúde. Na Capital, o
Ipsemg terá em breve um novo ambulatório odontológico, cujas
reformas devem terminar em dezembro, segundo Mauro Lobo.
Dentistas e usuários reclamam
As promessas de melhoria do atendimento não
convenceram dentistas e usuários dos serviços do Ipsemg. O
presidente do Sindicato dos Odontologistas de Minas Gerais, Amarílio
de Vasconcelos Campos, reclamou da baixa remuneração e das condições
de trabalho que o instituto oferece. Segundo ele, o salário-base de
um dentista do Ipsemg é de R$ 796,46. Ele também cobrou critérios
claros para o recredenciamento que o instituto vai ter que fazer
para retomar o atendimento no interior.
A representante dos usuários de Ouro Preto, Márcia
Valadares, diz que o atendimento do Ipsemg na cidade é terrível. De
acordo com ela, os servidores recorreram à Justiça para deixar de
recolher a contribuição do Ipsemg Saúde, que é de 3,2% dos salários.
"É melhor ficar sem o Ipsemg do que ficar nessa condição", disse.
Para o presidente do instituto, no entanto, a contribuição recolhida
não é tão grande assim. "A maioria dos servidores paga só R$ 30 por
mês. Não existe plano de saúde mais barato", afirmou.
O deputado Carlos Pimenta (PDT) reconheceu que a
estrutura do Ipsemg no interior é pequena para atender à demanda e
que as sucessivas mudanças na direção do instituto têm prejudicado a
sua reestruturação. "O grande desafio é fazer o diagnóstico e
encontrar o modelo ideal de atendimento", disse. Para o deputado
Arlen Santiago (PTB), o Ipsemg ainda é vantajoso quando comparado
com os planos de saúde privados. Já o presidente da comissão,
deputado Ricardo Duarte (PT), que pediu a realização da reunião, foi
mais incisivo. "Não me parece que as coisas estejam tão boas assim
no interior. Os descontos em folha são grandes e o atendimento é
péssimo. A maioria dos usuários está sem assistência", disse.
Presenças - Deputados
Ricardo Duarte (PT), presidente da comissão; Carlos Pimenta (PDT),
Arlen Santiago (PTB), Célio Moreira (PL), Márcio Kangussu (PPS) e
Doutor Viana (PFL). Também estiveram presentes o secretário do
Conselho Regional de Odontologia, Renato Durval Martins; o
presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-MG), Osmir
Luís de Oliveira; o superintendente de odontologia do Ipsemg, Jorge
Rabelo Tebet; e a presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg,
Antonieta Faria.
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