Inspeção não encontra evidência de máfia chinesa em
BH
Após uma visita de inspeção realizada na tarde
desta quarta-feira (18/8/04) no Shopping Popular Oiapoque, no centro
de Belo Horizonte, os deputados da Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia consideraram "prematuro" afirmar que haja ação criminosa
da chamada "máfia chinesa", que estaria adquirindo pontos de venda
por valores de R$ 20 a R$ 40 mil, segundo denúncia que receberam. O
que os deputados comprovaram de fato é que há oito pontos de venda
na mão de imigrantes chineses dentre as 500 barracas do shopping, e
que alguns desses chineses não eram camelôs nas ruas de Belo
Horizonte.
O empresário que administra o Shopping, Mário
Valadares Rezende Costa, admitiu que há gente vendendo os pontos, e
que não poderiam fazê-lo, mas descartou qualquer atividade criminosa
destinada a dominar o local. O deputado Durval Ângelo deixou claro
que a comissão que preside não tem nada contra os chineses
trabalhadores. "Não temos nenhum tipo de xenofobia, mas precisamos
ficar alertas contra atividades criminosas, e não permitir que os
ex-camelôs vendam seus pontos no shopping e depois voltem para as
ruas. O shopping foi criado para tirá-los da vida indigna que
levavam".
No início da visita da comissão, houve uma certa
tensão entre os comerciantes ao ver a comitiva da Assembléia
acompanhada por toda a imprensa e alguns inclusive baixaram as
portas, possivelmente receosos de que fosse uma blitz da
Receita em busca de contrabando. É grande o número de lojas de
eletro-eletrônicos no Shopping Oiapoque, e o administrador Mário
Rezende Costa revelou os esforços que vem fazendo para legalizar a
importação dos comerciantes. "Queremos vender aparelhos de DVD
produzidos na Ásia, inteiramente legalizados, por R$ 200 até o
Natal", revelou.
Vários dos comerciantes chineses abordados pelos
deputados e jornalistas foram evasivos em suas respostas. Alguns
deles tinham escasso domínio da língua portuguesa, mas a chinesa Liu
Lianxing Gia, que possui um restaurante na avenida Barbacena,
apresentou-se como representante deles e colocou-se à disposição dos
deputados para falar sobre o trabalho de seus compatriotas se
convocada pela Comissão de Direitos Humanos.
O deputado Roberto Ramos (PL) disse ter percebido
que há bom relacionamento entre os chineses e a comunidade
brasileira do shopping popular, mas manifestou preocupação com a
segurança dos comerciantes e freqüentadores: "Há momentos em que
circulam aqui 40 mil pessoas, nesses becos estreitos e sem saída.
Aqui não há hidrantes. Se houver um incêndio, as pessoas não têm
para onde correr", alertou o deputado.
|