| Direitos Humanos recebe denúncias contra juíza de 
            Esmeraldas Denúncias contra a juíza de Esmeraldas, Maria José 
            Starling, marcaram a reunião da Comissão de Direitos Humanos nesta 
            quarta-feira (18/8/04). Reinéria Maria Campolina, servidora do fórum 
            da cidade, disse que ela e seu marido, Hélvio da Natividade Dias, 
            vêm sofrendo perseguição da juíza desde fevereiro de 1999, quando 
            esta última moveu um processo contra Campolina. A alegação era de 
            que a servidora pública teria desviado R$30 mil da conta pessoal da 
            juíza. Campolina alegou que nunca desviou recursos, tendo inclusive 
            declarações de vários juízes atestando sua idoneidade. Segundo a 
            servidora, o processo de que foi vítima estaria repleto de 
            irregularidades como provas falsas e instrução de testemunhas pela 
            juíza.  Campolina explicou que, desde 1999, ela e seu 
            marido estão impedidos de trabalhar, apesar da decisão do Tribunal 
            de Justiça em março de 2000, que determinou a volta deles ao 
            trabalho. Mas, de acordo com a servidora, a juíza Starling teria 
            emitido certidão, mandando que o casal continuasse aguardando em 
            casa, recebendo seus salários, até a decisão final da Justiça. Por 
            esse motivo, Reinéria reclamou que ela e o companheiro estão sendo 
            prejudicados, pois a magistrada estaria dando aos dois nota zero na 
            avaliação de desempenho, impedindo promoções na carreira. Além 
            disso, a juíza estaria fraudando as folhas de freqüência desses 
            servidores, com o registro de que os dois estariam comparecendo ao 
            serviço em todo esse período.  O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo 
            (PT), perguntou a Reinéria se já havia comunicado esses fatos ao 
            TJMG. Ela respondeu afirmativamente, e afirmou que nenhuma 
            providência foi tomada, acrescentando que a juíza havia dito que tem 
            costas largas no Tribunal. A servidora disse também que o juiz 
            corregedor que atuou no caso, Demerval da Silva Vidal, não deixou 
            que ela falasse durante o processo. Foi citado ainda pela servidora 
            trecho do processo, em que o juiz Gudesteu Biber registrou a conduta 
            inusitada e irregular da juíza e do corregedor e o conluio entre os 
            dois para prejudicar Reinéria Campolina. Juíza usaria servidores como empregados 
            particulares Questionada pelo deputado sobre os motivos de toda 
            essa perseguição, a servidora informou que tudo começou quando ela 
            se negou a fazer um "favor" à juíza, que teria como praxe usar 
            servidores do Judiciário para trabalhos pessoais. "Para desviar a 
            atenção de oficiais de Justiça numa ação de execução, a juíza pediu 
            que eu ficasse num apartamento dela em Belo Horizonte, me passando 
            por dona do imóvel", declarou Reinéria. Ela declarou ter se negado a 
            fazer isso, pois alegou que estaria cometendo crime de falsidade 
            ideológica.  Fadel - Durval Ângelo 
            registrou que a juíza já foi alvo de outras denúncias na comissão e 
            que foi a responsável pela soltura do delegado Marco Túlio Fadel, à 
            revelia de decisões judiciais contrárias. Além disso, o deputado 
            constatou que o advogado de defesa de Fadel é o mesmo contratado 
            pela juíza no processo contra a servidora. Outra denúncia do 
            deputado foi a de nomeação pela juíza de comissários de menores em 
            Esmeraldas não residentes na cidade, o que contraria legislação 
            sobre o assunto. Há também, segundo ele, informações de que pessoas 
            estariam vendendo credenciais de comissário por R$ 5.000.  Atropelamento - A juíza 
            Maria José Starling teria agido de maneira inadequada também na 
            condução do processo que a vendedora Jaqueline Pacheco moveu contra 
            o caminhoneiro que atropelou e matou seu filho de oito anos. Segundo 
            Jaqueline, que prestou depoimento à comissão, o motorista estaria 
            dirigindo em alta velocidade e embriagado. O acidente ocorreu em 
            outubro de 1999. O veredito da juíza, inexplicável para a vendedora, 
            foi o de absolvição do réu por falta de provas. Numa das audiências, 
            Jaqueline disse que Starling lhe teria feito as seguintes 
            declarações: "Por que você está aqui? Seu filho já morreu mesmo. 
            Você está querendo dinheiro?". Aos prantos, a depoente lembrou que, 
            noutra situação, a juíza teria dito que a culpa pela morte era de 
            Jaqueline e do seu sobrinho, que estava com a criança no dia do 
            acidente. Outra irregularidade apontada pela vendedora foi a de que 
            o laudo de necropsia de seu filho teria sumido. Casos serão levados à ONU e a conselho 
            nacional Em resposta às duas denúncias, Durval Ângelo 
            relatou as providências que a comissão iria tomar. Ele disse que vai 
            solicitar que as testemunhas prestem depoimento ao Conselho Nacional 
            de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, em Brasília. Durval 
            anunciou também que os dois casos serão levados ao relator da ONU 
            para questões do Judiciário, que participará de reunião da comissão 
            na Assembléia, no dia 13 de outubro.  Candomblé - O sacerdote de 
            candomblé Bruno Dusceddu, de Ouro Preto, denunciou que policiais 
            abordaram-no de forma truculenta, impedindo a realização de um culto 
            na cidade, torturando-o psicologicamente, com armas. Ele disse que a 
            PM local não aceitou sua denúncia e ele foi obrigado a fazer 
            representação no Ministério Público, que marcou audiência no Juizado 
            Especial no dia 30 de agosto. Durval disse que vai pedir 
            providências ao MP, enviando inclusive um representante da comissão 
            à audiência, uma vez que a liberdade de culto é garantida pela 
            Constituição Federal.  Requerimentos - Foram 
            aprovados dois requerimentos do deputado Durval Ângelo, em que 
            solicita a realização de audiências públicas, com convidados: para 
            debater a Lei Federal 6.683/79, conhecida como "Lei da Anistia", que 
            completará 25 anos em 28 de agosto; e para obter esclarecimentos 
            sobre o método "closed caption", de inserção na programação das 
            emissoras de televisão para portadores de deficiência auditiva. 
             Presenças - Deputados 
            Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha 
            (PT) e deputada Marília Campos (PT).   
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