Desenvolvimento da fruticultura depende de capacitação profissional

Promover a capacitação profissional dos agricultores para o desenvolvimento da fruticultura no Sul de Minas Gerais. E...

10/08/2004 - 00:00
 

Desenvolvimento da fruticultura depende de capacitação profissional

Promover a capacitação profissional dos agricultores para o desenvolvimento da fruticultura no Sul de Minas Gerais. Este foi o ponto comum abordado pelos participantes da reunião da Comissão Especial da Fruticultura da Assembléia Legislativa, na Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Maria da Fé, na manhã desta terça-feira (10/8/04). A construção de um centro regional de capacitação para agricultores na fazenda também foi defendido pelos participantes da audiência pública, que reuniu cerca de 100 pessoas. Na fazenda da Epamig são desenvolvidas pesquisas para plantação de oliveiras, marmeleiros, figueiras, ameixeiras e parreiras - culturas favorecidas pelo clima temperado e pelo solo da região.

Para a secretária municipal de Agricultura de Maria da Fé, Carina Mori, o consórcio de fruticultura é uma alternativa para a agricultura da região, mas precisa de um incentivo principal: capacitação e informação dos produtores. "Há uma possibilidade enorme de cultivo de frutas, por isso é importante a informação", defendeu. Mesma opinião tem o gerente da Epamig em Maria da Fé, Luiz Eugênio Santos Matos. Segundo ele, para que os agricultores tenham conhecimento sobre a fruticultura é preciso investir na capacitação profissional, no viveiro de mudas e nos pequenos pomares. "Temos que tornar essa fazenda um centro regional de capacitação para alojarmos aqui, durante todo o ciclo da produção, agricultores interessados na fruticultura", opinou. "Precisamos tornar o produtor autônomo no sentido do conhecimento", completou.

Outro defensor da capacitação dos agricultores é o gerente regional da Emater de Itajubá, Nauto Martins. Segundo ele, para que o desenvolvimento sustentável da fruticultura prospere por décadas, trazendo resultados nos campos político, social, econômico e ambiental, é imprescindível o conhecimento. "O agricultor tem que ser competente e independente. Não há possibilidade de desenvolvimento sustentável sem o conhecimento", disse. Nauto informou que a fruticultura no Sul de Minas rendeu, no ano passado, R$ 60 milhões, sendo que quase 50% desse total foram gerados com a produção de bananas. "O Sul de Minas é o segundo produtor de banana no Estado", disse.

Luiz Eugênio defendeu ainda a plantação de oliveiras na região, algo que ainda não acontece hoje. "Recebo mais encomendas de mudas de oliveiras de estados como Santa Catarina e São Paulo do que de Minas Gerais. E essa é uma ótima atividade, de produção simples. Além disso, temos que lembrar que importamos mais de U$ 100 milhões em azeite de oliva, que poderíamos estar produzindo aqui", disse.

Como autor do requerimento para a realização da reunião, o presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT) espera fazer um diagnóstico da fruticultura na região e descobrir, junto com os produtores, proposta de incentivo para o setor. "Terra nós temos, pessoas dispostas a trabalhar também. Falta o quê? Incentivo, leis, diversificar a produção, questões legais, trabalhistas? Temos que descobrir juntos", ponderou Laudelino.

A deputada Ana Maria Resende (PSDB) detectou que o gargalo da fruticultura do Sul não difere dos problemas dos agricultores do Norte de Minas. Ela também destacou a importância da capacitação profissional do agricultor "para que seja independente no fazer e no pensar". O relator da comissão, deputado Carlos Pimenta lembrou que a contribuição de todos que falaram na reunião será aproveitada em seu relatório. E informou que tramita um projeto de lei na Assembléia que cria o Programa Mineiro de Fruticultura, "o que será de grande importância, já que nossa produção de frutas representa somente 10% da produção nacional, sendo que 80% das frutas consumidas em Minas são de outros Estados", enfatizou.

Êxodo rural - O produtor rural e presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável de Pedralva, Aroldo Lúcio Ribeiro Resende, chamou atenção para o êxodo rural na região. "Daqui a alguns dias não teremos mais jovens em nossas roças", disse. Ele defendeu a necessidade de incentivos para a fruticultura que, segundo ele, não vem dando retorno financeiro atraente. Mais de 20 presentes na audiência fizeram uso da palavra e relataram experiências em sua região, como o técnico da Epamig de Caldas, Murilo Albuquerque Regina, que desenvolve a produção de uvas para vinhos finos. Outros reclamaram de problemas com o crédito rural e com os assaltos.

Foram aprovados quatro requerimentos assinados por todos os deputados presentes. O primeiro pede que seja transmitido um apelo ao superintendente do Banco do Brasil em Minas, para que os recursos do Pronaf sejam liberados em tempo hábil e, ainda, para que seja feita uma reunião dos agricultores com ele. O segundo encaminha agradecimentos ao Ministério da Agricultura, pela contribuição no desenvolvimento dos trabalhos da comissão. Outro pede informações à Secretaria de Estado de Defesa Social, a respeito de assaltos e roubos a agricultores de Pouso Alegre. E por último, um requerimento pede a realização de uma visita técnica ao Centro de Referência de Viticultura da Epamig, em Caldas.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Carlos Pimenta (PDT), relator; Roberto Ramos (PL) e a deputada Ana Maria Resende (PSDB), além de prefeitos de cidades da região, produtores e técnicos de entidades como Emater e Epamig.

 

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