Deputados conhecem, em Vazante, sistema inédito de
plantio
Deputados da Comissão Especial da Silvicultura
conheceram, nesta sexta-feira (6/8/04), uma experiência agrícola
inédita no Brasil, que vem sendo desenvolvida pela unidade florestal
da Companhia Mineira de Metais (CMM) nos municípios de Vazante e
Paracatu. Trata-se de uma atividade conhecida como
agrossilvicultura, ou sistema agroflorestal, que consiste da
plantação de eucalipto no mesmo espaço onde há criação de gado e
cultivo de grãos e pastagens. A experiência vem sendo desenvolvida
há 15 anos nas fazendas Bonsucesso e Riacho.
De acordo com o gerente corporativo da empresa, o
engenheiro florestal Luciano Lage de Magalhães, a agrossilvicultura
"é um sistema economicamente viável, socialmente justo e
ecologicamente correto". Ele explicou aos parlamentares que, por
esse sistema, enquanto o produtor cultiva e comercializa itens como
arroz, soja e gado, a plantação de eucalipto funciona como uma
espécie de poupança, que, sem prejudicar as demais culturas, trará
rentabilidade ao produtor quando as árvores estiverem prontas para
serem cortadas.
O gerente garantiu ainda que os resultados
financeiros obtidos com a agrossilvicultura são melhores do que a
cultura de apenas um produto. A unidade florestal da CMM fatura
anualmente R$ 12 milhões, segundo o coordenador florestal Vicente de
Paula Silveira. A madeira é responsável por 75% do faturamento, a
venda de grãos responde por 15% e a pecuária por outros 15%. A
unidade possui 84 mil hectares. Desse total, 20 mil hectares são
destinados à plantação de eucalipto, sendo que 5 mil hectares já
estão funcionando em regime de agrossilvicultura. Silveira informou
que a cada dois anos 2 mil hectares são incorporados ao novo
sistema. Quando os 20 mil hectares estiverem ocupados com o sistema
agroflorestal, a expectativa é que o faturamento suba para R$ 40
milhões ao ano.
Luciano Magalhães disse que a grande vantagem desse
sistema é que ele pode ser utilizado por produtores de qualquer
porte e aplicado em qualquer lugar do Brasil. "A agrossilvicultura é
um grande gerador de emprego. Ativa a economia local e fixa o homem
no campo", afirmou ele, garantindo que é um processo simples,
bastando para isso que o produtor conte com o material genético
adequado.
O gerente corporativo apresentou detalhes da
experiência, citando que as filas de pés de eucalipto ficam a dez
metros umas das outras, com árvores dispostas de quatro em quatro
metros. Nos espaços entre uma fila e outra são realizadas as demais
culturas. Nas fazendas Bonsucesso e Riacho, o eucalipto é plantado
junto com o arroz. Um ano depois, o arroz é substituído pela soja.
No ano seguinte, é a pastagem que divide o espaço com os eucaliptos.
Passado mais um ano, coloca-se ali o gado, que se alimenta do capim.
A essa altura, os eucaliptos já cresceram o suficiente para que o
gado não seja capaz de derrubá-los ou comer suas folhas. Essa etapa
dura mais seis anos e, ao final dela, as árvores já estão prontas
para serem cortadas e vendidas. E o ciclo recomeça.
A unidade florestal da CMM conta com 400
funcionários, sendo 250 diretos e 150 terceirizados. Todos moram na
agrovila instalada dentro da unidade, que conta com cem casas,
supermercado, escola, refeitório e outras instalações, permitindo
que ela tenha "vida própria", como definiu o gerente
corporativo.
Presenças - Participaram
da visita os deputados Paulo Piau (PP), presidente; Célio Moreira
(PL), relator; Doutor Viana (PFL) e Antônio Andrade (PMDB).
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