Comissão recebe informações sobre projetos de qualidade de
frutas
A Comissão Especial da Fruticultura recebeu, nesta
quinta-feira (5/8/04), informações sobre os sistemas de garantia de
qualidade e certificação da produção de frutas em Minas e no Brasil,
durante reunião extraordinária com convidados realizada no
Plenarinho IV da Assembléia. Os dados recebidos vão fazer parte do
relatório que será preparado pelo relator, deputado Carlos Pimenta
(PDT), que também foi o autor do requerimento para a realização da
reunião. O deputado Laudelino Augusto (PT), que presidiu a reunião,
saudou os presentes dizendo que os resultados da comissão estão
superando as expectativas no que diz respeito ao diagnóstico e
possibilidades da fruticultura.
Os convidados apresentaram uma série de programas
desenvolvidos pelos governos federal e estadual no sentido de
melhorar a qualidade das frutas produzidas e propiciar a sua entrada
no mercado externo, cada vez mais exigente no que diz respeito às
questões sanitárias. De acordo com José Rosalvo Andrigueto, do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 70% das frutas
exportadas pelo Brasil têm como destino a União Européia. Naquele
continente, segundo ele, tem-se verificado que o consumidor tende a
rejeitar produtos que não tenham certificações de controle de
qualidade, segurança ambiental e processo produtivo. Os demais
consumidores das frutas brasileiras são os países da Alca (12%) e do
Mercosul (11%).
Andriguetto apresentou informações sobre o Programa
de Produção Integrada de Frutas (PIF), que trabalha atualmente com
15 espécies de frutas. O programa se baseia na sustentabilidade
econômica e na produção ambientalmente correta e socialmente justa.
Entre as vantagens do programa está a produção com o menor uso
possível de agrotóxicos. Em relação a Minas Gerais, ele disse que o
Ministério da Agricultura já aprovou a implantação do PIF para a
banana em Janaúba, para a uva em Pirapora, para as frutas cítricas
no Triângulo Mineiro e para o morango em Caldas e Pouso Alegre, no
Sul de Minas.
País conta com mais de 300 barreiras
sanitárias
O engenheiro agrônomo do ministério, Osmário Zan
Matias, apresentou aos deputados o Sistema Nacional de Classificação
Vegetal, que tem o objetivo de determinar a qualidade dos produtos
utilizando modelos-tipo de padronização, que levam em conta aspectos
como forma, cor, peso, tamanho e outras variáveis. Já o chefe do
serviço de Sanidade Vegetal da Delegacia Federal da Agricultura em
Minas Gerais, Francisco Roberto Pinho, mostrou números do Programa
de Prevenção e Controle de Pragas na Fruticultura. Segundo ele, no
Brasil há 249 barreiras interestaduais para fiscalização de produtos
vegetais. Em Minas o número chega a 16. Há ainda 79 postos
localizados ao longo da fronteira do Brasil com outros países.
O objetivo do programa é evitar a entrada de novas
pragas que representam risco para o agronegócio nacional, que em
2004 deverá exportar uma cifra da ordem de R$ 40 bilhões, disse
Pinho. Em 2003, a atividade apresentou um superávit de US$ 24,8
bilhões para a balança comercial brasileira. A sanidade, não só das
frutas como de todas as espécies vegetais cultivadas do Brasil, é um
ponto preponderante nesse processo, afirmou.
"O saldo comercial do País hoje vem principalmente
do agronegócio", completou o diretor-geral do Instituto Mineiro de
Agropecuária (IMA), Altino Rodrigues Neto. Ele afirmou que o órgão
estadual está pronto para oferecer a retaguarda e a defesa sanitária
necessária para a expansão da fruticultura no Estado.
Praga da banana ameaça o Estado
Francisco Roberto Pinho, da Delegacia Federal da
Agricultura em Minas Gerais, alertou que atualmente há cerca de 250
pragas que ameaçam a agricultura brasileira. Entre elas está a
sigatoka negra, que afeta a produção de banana e já se instalou em
São Paulo. Pinho sugeriu uma série de medidas para evitar a
contaminação dos bananais mineiros pela sigatoka negra, como um
plano estadual de prevenção, o treinamento de técnicos para que eles
sejam multiplicadores em identificação da doença, a distribuição de
barreiras fitossanitárias e um plano de contingência para o caso de
a sigatoka negra conseguir chegar aos bananais mineiros.
Apesar disso, o diretor técnico do Instituto
Mineiro de Agropecuária (IMA), Pedro Luiz Ribeiro Hartung, disse que
a chegada da praga a Minas é inevitável. "A questão não é se a
sigatoka negra chegará ao Estado, e sim quando isso ocorrerá",
afirmou. Ele defendeu uma linha única de atuação dos governos
federal e estadual no controle de qualidade da fruticultura mineira.
Para Hartung, diversos órgãos do Estado desenvolvem ações
importantes, porém cada um por sua conta, sem saber o que os outros
estão fazendo.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Laudelino Augusto (PT), Leonardo Quintão
(PMDB) e Padre João (PT). Participaram também técnicos de diversos
órgãos agropecuários do Estado e representantes de entidades ligadas
a produtores.
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