Deputados discutem questão do lixão do município de Inconfidentes

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa realizou uma reunião nesta quarta-feira (7/...

07/07/2004 - 00:00
 

Deputados discutem questão do lixão do município de Inconfidentes

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa realizou uma reunião nesta quarta-feira (7/7/04) para debater a situação do lixão do município de Inconfidentes, no Sul do Estado. O assunto que dominou as discussões foi a denúncia de depósito irregular de lixo tóxico no local. A denúncia, que, segundo o deputado Laudelino Augusto (PT), foi feita pelo vereador Alcides Constantini, daquela cidade, já foi apurada pela Polícia Civil. De acordo com o inquérito policial, um caminhão da cidade de Limeira (SP) despejou 152 tambores com o produto tóxico do lixão de Inconfidentes, que fica localizado em área de preservação ambiental do município. Já existe um mandado de prisão expedido contra o motorista do veículo que transportou o material tóxico, porém, o delegado da delegacia de Ecologia, Antônio Pádua Campos, disse que o motorista não pode ser preso por residir na cidade paulista.

O depósito dos tambores com material tóxico aconteceu no início do mês de fevereiro deste ano. Segundo o assessor jurídico da prefeitura de Inconfidentes, Ivan Almeida, moradores da região próxima ao lixão viram o caminhão que despejou o lixo e anotaram a placa do veículo. Os moradores comunicaram o fato ao prefeito da cidade, Décio Bonamichi, que ordenou que fosse aberta uma vala onde os materiais foram depositados e, posteriormente, enterrados. Segundo moradores, parte do material foi despejado no terreno do lixão por catadores de lixo para que os tambores fossem vendidos.

Risco de contaminação

De acordo com o deputado Laudelino Augusto, alguns dos parlamentares membros da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais visitaram o locam e constataram que há risco de contaminação do Rio Pitanga, onde a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) faz a captação de água para abastecer a cidade de Inconfidentes. Mas, segundo o chefe distrital da Copasa em Pouso Alegre, Alvimar Andrade, "a população pode ficar tranqüila, porque análises feitas após o despejo dos produtos tóxicos no lixão revelaram que não há contaminação da água que é distribuída na região".

Ivan Almeida relatou que o Ministério Público disse que "a prefeitura não podia tomar nenhuma providência de retirada do material antes de ser autorizada pelo Ministério Público ou por autoridades competentes". Os moradores da localidade de Pinhalzinho dos Góes, na região de Inconfidentes, reclamaram da falta de empenho da prefeitura para resolver a situação. O vereador Alcides Constantini, que denunciou o depósito de materiais tóxicos, também criticou descaso do governo municipal em relação ao assunto. A advogada da Defensoria das Águas de Brasília, Maria Helena Murta, disse que o fato é um "crime ambiental e que a Constituição Federal foi ferida".

Lixão da cidade é irregular

Durante a reunião da comissão, a gerente da Divisão de Monitoramento e Geoprocessamento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Rosa Maria Costa, lembrou que o lixão da cidade está funcionando de forma irregular. O técnico de geoprocessamento da Fundação, Mauro Campos Trindade, disse que a Deliberação Normativa 52 prevê que todos os municípios com menos de 50 mil habitantes devem apresentar, até o próximo dia 30, um projeto de destinação do lixo e o nome do responsável pelo projeto. Rosa Maria disse também que após a retirada do material tóxico do lixão será feita uma análise dos impactos ambientais no local.

O Ministério Público firmou um compromisso de ajustamento de conduta com a Prefeitura de Inconfidentes para resolver a situação do lixão. O compromisso trata da destinação que será dada ao lixo do município e do caso de depósito irregular do lixo tóxico. A prefeitura tem até 8 de dezembro deste ano para se adequar às condições previstas no termo de compromisso. Porém, a advogada da Defensoria das Águas de Brasília, Maria Helena Murta, disse que o acordo firmado entre a prefeitura e o Ministério Público é irregular porque órgãos e entidades que deveriam participar das negociações não foram convidados.

Parecer e requerimento aprovados

Ainda durante a reunião, os deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais aprovaram parecer favorável ao Projeto de Lei 1.149/03, na forma do substitutivo nº 1, e também, seis requerimentos. O PL 1.149/03 autoriza o Ministério Público, os órgãos e entidades estaduais e municipais de meio ambiente a determinar que os responsáveis por empreendimentos públicos e privados considerados poluidores ou degradadores do meio ambiente encaminhem relatório ambiental de suas obras ou atividades. O substitutivo nº 1 autoriza, além das entidades já citadas, a Assembléia Legislativa de Minas a pedir esse relatório.

Dos seis requerimentos aprovados, três, todos do deputado Laudelino Augusto, referem-se à questão do lixão da cidade de Inconfidentes. O deputado pediu que seja solicitada à Feam providências que permitam a remoção imediata, pela prefeitura de Inconfidentes, dos resíduos tóxicos depositados no lixão da cidade; e também que o órgão proceda a análise química do solo e da água próximos à área contaminada. O terceiro requerimento pede a realização de audiência pública da comissão no município de Inconfidentes para se debater e discutir com a comunidade a revisão do termo de ajustamento de conduta firmado entre a prefeitura e o Ministério Público.

Os requerimentos restantes referem-se a assuntos de interesse da comissão. Em um deles, o deputado Laudelino Augusto pede que sejam solicitadas ao município de Ouro Fino informações detalhadas sobre as obras na estrada que liga aquele município ao distrito de Crisólia. Em outro requerimento o deputado Fábio Avelar (PTB) pede que seja realizada uma audiência pública para discutir as medidas adotadas pelo Estado para se adequar ao Plano Nacional de Contingência para Emergências Ambientais. No último requerimento aprovado, os deputados petistas Maria José Haueisen, Padre João, Rogério Correia e Durval Ângelo também requerem a realização de uma audiência pública, na qual será recebido o relator nacional para o Direito Humano e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas, Jean-Pierre Leroy. A reunião será realizada em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos.

Presenças - Participaram dos trabalhos os deputados Doutor Ronaldo (PDT), que presidiu a reunião, Fábio Avelar (PTB), Laudelino Augusto (PT) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

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