Direitos Humanos discute criação de Ouvidoria Geral

A aprovação em 1º turno, na noite de segunda-feira (5/7/04), do projeto de lei 1.350/2004, que cria a Ouvidoria-Geral...

06/07/2004 - 00:00
 

Direitos Humanos discute criação de Ouvidoria Geral

A aprovação em 1º turno, na noite de segunda-feira (5/7/04), do projeto de lei 1.350/2004, que cria a Ouvidoria-Geral do Estado, provocou a convocação de uma reunião extraordinária da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, nesta terça-feira (6/6/04). A Comissão precisa votar seu parecer na manhã desta quarta-feira, para que o projeto do governador possa voltar ao Plenário para votação em 2º turno.

O presidente da Comissão, deputado Durval Ângelo (PT), fez elogios aos pontos que considera positivos na nova estrutura, como a autonomia administrativa e financeira que terá, e a estabilidade do ouvidor após quatro meses de exercício, mas criticou o fim da lista tríplice preparada pelo Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh) para nomeação do Ouvidor de Polícia. "Receio que uma estrutura muito grande acabe por engolir a voz do povo", disse o deputado.

O deputado Biel Rocha (PT) também declarou ter ficado assustado com o tamanho da estrutura. "Orçamento de R$ 1,5 milhão, 35 carros, 20 assessores. Parece que estão criando mais uma estrutura burocrática, com jeito de povo, mas longe do povo", criticou.

O receio dos parlamentares é compartilhado por Carlos Vitor Muzzi, conselheiro da OAB, para quem a Ouvidoria Geral tem que buscar a informalidade e facilitar o acesso do povo, embora deva manter ligações com cada órgão público. "Defendo que seja o mais sem terno e gravata possível, e principalmente sem farda. O Estado brasileiro é civil, e as forças militares são uma excrescência que nem deveria existir".

João Batista de Oliveira, subsecretário de Direitos Humanos da Sedese, também critica a existência de assessores policiais civis e militares dando expediente na Ouvidoria de Polícia. "Como cidadão, eu jamais iria a uma ouvidoria dar queixa da polícia se lá houvesse dez policiais. Já houve caso de policial denunciado que chegou à casa do cidadão portando uma cópia do seu depoimento para ameaçá-lo. Acho que os policiais deveriam ficar em suas unidades, e ser chamados para despachar com o ouvidor quando for necessário", disse Oliveira.

Instituições policiais precisam de um bom controle externo

Duas vozes defenderam a presença de policiais na Ouvidoria. A representante da própria Ouvidoria, Ivone Maldonado Gama, disse que a colaboração dos policiais tem sido bem-vinda, inclusive porque não trabalham fardados, nem com a identificação funcional. O subtenente Luiz Gonzaga Ribeiro, da Associação dos Praças da PM, defendeu que o policial também precisa exercer sua cidadania, e que não pode ser considerado mais suspeito que qualquer outro funcionário da Ouvidoria. "O que precisamos é de um bom controle externo, para melhorar cada vez mais nossa atuação", sugeriu.

Fábio Alves dos Santos, do núcleo de assistência jurídica da PUC, lembrou que a Ouvidoria de Polícia surgiu em Minas a partir das atividades da CPI do Sistema Carcerário, e que sua função é principalmente ouvir abusos e arbitrariedades cometidas por policiais, embora ouça também denúncias de policiais contra seus superiores. "Hoje não tem nenhuma autonomia e depende da boa vontade das secretarias de Governo e de Defesa Social para funcionar. Acho que a Ouvidoria de Polícia deve ser separada da Ouvidoria do Sistema Penitenciário, onde há muitas violações específicas. A meu ver, a Ouvidoria como é hoje está muito dependente das corregedorias, que trabalham sobre as denúncias que lhes são levadas. Quanto melhor a Ouvidoria atuar, menor será o número de policiais envolvidos em abusos e crimes", afirmou Santos.

Ao final da reunião, o deputado Durval Ângelo determinou à consultoria que inclua os diversos pontos de vista no parecer que será votado na manhã desta quarta-feira, restabelecendo o princípio de que o ouvidor de Polícia seja escolhido a partir de lista tríplice apresentada pelo Conedh.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PL), vice-presidente; e Biel Rocha (PT).

 

 

 

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