Cipe Rio Doce realiza audiências em Resplendor e Itueta

Impasses sociais e reivindicações indígenas podem atrasar a entrada em operação da Usina Hidrelétrica de Aimorés, um ...

05/07/2004 - 00:01
 

Cipe Rio Doce realiza audiências em Resplendor e Itueta

Impasses sociais e reivindicações indígenas podem atrasar a entrada em operação da Usina Hidrelétrica de Aimorés, um empreendimento de US$ 230 milhões para gerar 330 megawatts que está sendo construído pelo consórcio Cemig-Cia. Vale do Rio Doce, previsto para funcionar a partir de outubro próximo. Os deputados da Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe Rio-Doce) realizaram reuniões nas cidades de Resplendor e Itueta, na última sexta-feira (2/7/2004), para ouvir os produtores rurais e as comunidades que serão removidas para dar lugar ao reservatório de 31 km².

Em Resplendor, mais de 100 pessoas se reuniram no teatro da cidade, principalmente produtores rurais, lideranças e prefeitos dos municípios de Resplendor, Conselheiro Pena, Santa Rita do Itueta e Itueta, que serão desapropriados para a implantação do Parque Estadual de Sete Salões, um sítio arqueológico rico em pinturas rupestres, cujos 12.500 hectares atingem parcialmente os quatro municípios. O consórcio Cemig-CVRD destinou R$ 1,78 milhão como compensação ambiental para esse parque, mas as terras e o dinheiro são reivindicados por remanescentes krenaks que vivem no local, mediante ações propostas pelo Ministério Público Federal. Segundo a assessoria da Cipe, a Funai teria lançado edital para contratação de um antropólogo que opine se é legítima a pretensão indígena.

Ministério Público vai dar explicações nesta quarta

"Por diversas vezes convidamos o Ministério Público para debater conosco e com a comunidade o mérito dessas ações que nos parecem equivocadas", disse o deputado José Henrique (PMDB). "Em Resplendor eles também não compareceram, mas conseguimos marcar uma reunião para esta quarta-feira (7), às 15h30, em Belo Horizonte", informou o deputado. Uma dessas ações pede o seqüestro do dinheiro do consórcio, o que inviabilizaria o cumprimento das condicionantes ambientais indispensáveis para que o Ibama conceda a licença de operação da usina. "Se não houver uma solução, isso implicará em adiamento na obra", resume José Henrique.

Os produtores rurais presentes em Resplendor também manifestaram revolta contra a criação do Parque Estadual de Sete Salões, em que o Estado não cumpre as desapropriações pagando as indenizações, mas inviabiliza a venda e a utilização das áreas. O representante dos índios, Valdemar Adilson Krenak, opinou que "a briga dos brancos não é contra os índios. É contra os próprios brancos do Governo".

A reunião realizada em Itueta teve o objetivo de verificar se o consórcio estava cumprindo as promessas feitas à comunidade que será removida para uma nova cidade. Foi dirigida inicialmente pelo deputado capixaba Paulo Foletto (PSB), e depois por Márcio Passos (PL) de Minas, que anotou cuidadosamente as doze queixas feitas pelos moradores e as apresentou aos funcionários do consórcio ali presentes. O deputado Padre João (PT), que não é membro da Cipe, mas representa os atingidos pela barragem, relatou que 65 famílias cujas terras de plantio foram desapropriadas ainda não receberam lotes equivalentes, e que há outras famílias ignoradas, como as que vivem da pesca e que plantavam milho e feijão nas ilhas do rio Doce.

"Além disso, não indenizaram até hoje a família Sampaio, em cujas terras está sendo construída a cidade de Nova Itueta. Com tantas pendências, confiamos que o Ibama não dará licença de operação enquanto não forem solucionadas", disse o deputado petista.

 

 

 

 

 

 

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