Fruticultura tem índice zero de inadimplência no BDMG

A reunião da Comissão Especial de Fruticultura desta terça-feira (29/6/04) foi dedicada a discutir os financiamentos ...

29/06/2004 - 00:00
 

Fruticultura tem índice zero de inadimplência no BDMG

A reunião da Comissão Especial de Fruticultura desta terça-feira (29/6/04) foi dedicada a discutir os financiamentos e incentivos para a cadeia produtiva da fruticultura. Para surpresa de muitos, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) não tem caso de inadimplência na atividade onde aplicou R$ 30 milhões no ano passado, e o Banco do Brasil revela que os índices são baixos, similares aos de qualquer atividade agropecuária. Os juros cobrados nas diversas linhas de crédito vão de 8 a 10,75% ao ano, percentuais que os representantes das instituições bancárias admitem ser altos se comparados aos praticados na Europa, mas bem razoáveis para o Brasil.

Na mesa, além dos representantes do Banco do Brasil e do BDMG, também estavam membros da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro Regional de Inovação em Fruticultura (Criv) do Triângulo Mineiro. Na platéia, professores universitários, representantes do Sebrae, da Faemg, de entidades de fruticultores, do Ministério da Agricultura e do IMA. A condução dos trabalhos foi do deputado Laudelino Augusto (PT), que relatou uma visita feita ao campo da Epamig em Lavras e a programação de visitas da Comissão, que vai a Rio Pomba, Pirapora, Monte Alegre de Minas, Jaíba, Petrolina, e Maria da Fé ou Caldas, cobrindo as principais regiões produtoras de frutas do Estado.

Paulo Rocha Brant, do BDMG, revelou que sua instituição opera uma linha do BNDES exclusiva para o Projeto Jaíba, com juros de 5% ao ano e 12 anos para saldar, e que já atende a uma área de 2 mil hectares, com um montante emprestado de R$ 30 milhões. Brant prevê que, apesar de hoje haver mais recursos do que projetos, os R$ 40 milhões reservados para empréstimos este ano serão insuficientes. "O BDMG já atua de maneira significativa, mas há um horizonte enorme de possibilidades", afirmou. "O Chile, país de pequena extensão de terras agrícolas, exporta quatro ou cinco vezes mais frutas que o Brasil", ilustrou.

Frustração na comercialização desestimula atividade

Carlos Tadeu de Melo, do Banco do Brasil, avalia que o produtor rural procura diversificar suas atividades, mas que os principais problemas da atividade são preocupantes: uma exigência muita alta de qualidade, sanidade e apresentação. "A grande causa de frustração do fruticultor é a comercialização. Ninguém sobrevive isoladamente neste mercado", assegurou. Produtores presentes acrescentaram outras causas, como os temporais, as ventanias e chuva de granizo, e a falta de uma assistência técnica especializada. Mas todos admitem que a comercialização da fruta fresca é o momento crucial do empreendimento.

"A saída é industrializar", disse Jeter Arantes, do Criv Triângulo, que produz citros, abacaxi e maracujá. Para agroindústria, os juros do BDMG são mais elevados: 13 a 14% ao ano, com índice pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), sem limite de valor. Fernando de Castro Santos, da Conab, revelou que a companhia compra volumes ainda inexpressivos de polpa de fruta através de cooperativas como instrumento de fomento ao Norte de Minas, para incentivar mini-indústrias de processamento. Também compra frutas, transfere renda ao produtor e doa para carentes locais, em parceria com as prefeituras. O deputado Padre João (PT), que havia levantado a questão da inadimplência, acredita que "seria necessário até um trabalho de reeducação alimentar, já que o acesso às frutas é um luxo desconhecido por milhões de carentes".

Outro assunto levantado por produtores de Zona da Mata foi a falta de um seguro para fruticultura. Carlos Tadeu, do BB, disse que o governo sinaliza mudanças no Proagro, e pode passar a financiar parte do prêmio do seguro, como outros países já fazem. Isso inclusive diminuiria a exigência de garantias bancárias, que afasta muitos clientes dos bancos. Tadeu disse ainda que os bancos oficiais são obrigados a exigir licenciamento ambiental de qualquer projeto a partir de 10 hectares, e que essa fiscalização não se estende aos bancos privados.

A deputada Ana Maria Resende (PSDB) falou sobre a dificuldade encontrada pelo pequeno produtor, para quem a única saída seria desenvolver formas cooperativas de comprar, produzir e vender. Sugeriu que a Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) liderasse esse processo. Vários dos presentes, no entanto, afirmaram preferir que esse papel caiba à Secretaria de Estado da Agricultura.

Heider Francisco Barros de Figueiredo lidera uma associação de produtores em torno de Lavras. Ele afirmou que a maioria dos produtores é experimentalista, e que só agora a Embrapa está testando variedades em sua propriedade. No entanto, têm sucesso na comercialização. Enquanto outros produtores desistiram de colher o maracujá, cujo preço caiu a R$ 0,10, sua associação está vendendo 100 toneladas semanais a uma empresa de sucos da Zona da Mata a R$ 0,35. Na opinião dos presentes, esse exemplo ilustra a fragilidade da ação governamental, que deveria saber informar quanto se planta de cada produto no Estado, para que não haja super oferta ou para que o produtor se prepare para uma queda no preço.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Padre João (PT), Wanderley Ávila (PPS) e a deputada Ana Maria Resende (PSDB).

 

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