| Legislação da silvicultura é entrave ao seu 
            desenvolvimento A legislação que rege a exploração de florestas 
            plantadas em Minas Gerais não acompanhou as evoluções do setor. Mas 
            ao mesmo tempo que é preciso desregulamentar as normas da 
            silvicultura, é necessário continuar contemplando os aspectos 
            ambientais. Estas foram as duas linhas de conclusões do debate 
            promovido pela Comissão Especial da Silvicultura, nesta terça-feira 
            (29/6/04), entre representantes do setor produtivo e consumidor de 
            florestas plantadas e órgãos fiscalizadores. As queixas foram sobre 
            o excesso de taxas cobradas do setor. Os produtores estiveram representados pela 
            indústria de ferro gusa, a maior consumidora do carvão vegetal, para 
            a qual a atividade florestal precisa ser tratada em condições de 
            igualdade à da atividade agropecuária. Maior consumidor de carvão 
            vegetal do País, usando 70% da produção nacional, Minas Gerais 
            carece de uma política de incentivos fiscais para a silvicultura, 
            segundo avaliação do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de 
            Minas Gerais (Sindifer). Para o secretário executivo da entidade, 
            Luiz Eduardo Furiati, é preciso chegar a uma legislação que atenda a 
            todos os segmentos. Reconhecendo a necessidade de desburocratizar os 
            procedimentos relacionados à silvicultura, o diretor geral do 
            Instituto Estadual de Florestas (IEF), Humberto Candeias Cavalcanti, 
            disse que o setor guseiro precisa trabalhar também para a 
            auto-suficiência, atendendo a legislação vigente. E garantiu que 
            alguns aspectos das normas, principalmente os referentes à 
            fiscalização e multa têm de permanecer e ser intensificados. "O 
            problema é diferenciar o que é carvão vegetal plantado, do nativo", 
            enfatiza.  Silvicultores querem mesmo tratamento da 
            agropecuária Proprietário do grupo Calsete, que atua no setor de 
            ferro gusa e plantação de eucaliptos, o empresário Antônio Pontes 
            comparou as atividades da silvicultura com as de agropecuária, 
            salientando que o tratamento é diferente. Segundo ele, há diversas 
            linhas de crédito para agricultura, com juros baixos e crédito 
            abundante, além de financiamento de colheitas e quebra de safras. 
            "Mas para a silvicultura há somente uma linha de financiamento do 
            BDMG (Profloresta), com juros altos e poucos recursos. Além disso, o 
            processo de concessão é demorado e burocrático. E ao final, o 
            processo de comercialização é extremamente complicado, com inúmeras 
            guias, enquanto o produtor agrícola vende sua colheita como quer, 
            para quem quer", afirmou. Sobre os impactos ambientais, ele disse que os 
            causados pela atividade agropecuária são mais intensos do que os da 
            silvicultura, "devido ao número de intervenções anuais e uso de 
            agrotóxicos da primeira, muito maiores do que na segunda atividade". 
            O consultor da RT - Reserva Técnica, empresa que presta consultoria 
            na área de silvicultura, Mauro Luiz Rodrigues de Souza, acrescentou 
            outras dificuldades, como a falta de transparência do Estado em 
            relação aos seus preços. Um dos principais entraves ao crescimento 
            da silvicultura, é, em sua opinião, o excesso de taxas cobradas. 
            Para o secretário executivo da Associação Mineira de Silvicultura 
            (AMS), José Batuíra de Assis, a desregulamentação precisa acontecer 
            para incluir o pequeno produtor rural na produção florestal.  IEF recomenda auto-suficiência ao setor 
            guseiro O diretor geral do IEF, Humberto Candeias, disse 
            que um dos grandes problemas com o uso do carvão vegetal no Estado é 
            a não suficiência da indústria do ferro gusa, como previa legislação 
            anterior a 2002. Com isso, permanece o estímulo à exploração do 
            carvão nativo, "geralmente em áreas muito pobres, usando a miséria 
            da população, em condições subumanas, como ocorre no Rio Pandeiros, 
            em Januária, Norte de Minas". Para ele, outro problema, além do aspecto 
            ambiental, é a evasão de receitas com o uso irregular do carvão 
            nativo com notas frias de Goiás. Em uma operação denominada "carga 
            pesada", o IEF montou fiscalização no trevão de Curvelo (BR-040) 
            para apreensão de produto irregular. Foi constatado o tráfego de 800 
            caminhões carvoeiros por dia, no início da fiscalização, quantidade 
            que caiu para 600 logo em seguida. E desses, 400 caminhões eram de 
            Goiás. Com o fechamento da fronteira entre os dois Estados, o número 
            caiu para 100 caminhões, "ou seja, o produto era mineiro mesmo, 
            nativo, e usava nota fria de outro Estado". Segundo ele, a evasão de 
            receitas de ICMS é de R$ 45 milhões por ano. O professor visitante do departamento de Geografia 
            da UFMG, Klemens Laschesfski ressaltou o problema ambiental da 
            atividade e disse que o Estado precisa definir qual modelo de 
            desenvolvimento quer implantar, "não esquecendo largas faixas da 
            população excluída de todos os benefícios".  Os deputados Leonardo Quintão (PMDB) e Doutor Viana 
            (PFL) defenderam melhor reestruturação do IEF, com contratação de 
            novos servidores por concurso público. O deputado Padre João (PT) 
            enfatizou sua preocupação com os aspectos ambientais e informou que 
            já existe linha de crédito para o pequeno produtor florestal, 
            através do Pronaf Floresta. O deputado Paulo Piau (PP) disse que a 
            comissão busca envolver todos os segmentos e ao final apresentar 
            soluções que contemplem todos os aspectos do problema. Legislação Em Minas Gerais, a silvicultura é regulamentada 
            pela Lei 14.309 de julho de 2002, que substituiu a Lei 10.561, de 
            1991. Esta última tinha mais caráter fiscalizador e de controle. A 
            nova lei trouxe mudanças, ao incluir o apoio às atividades 
            florestais, legislando concorrentemente com a União. Presenças - Participaram 
            da reunião os deputados Paulo Piau (PP), presidente; Leonardo 
            Quintão (PMDB), vice; Célio Moreira (PL), relator; Doutor Viana 
            (PFL) e Padre João (PT). E mais representantes de órgãos técnicos, 
            entidades de classe e empresas.     
             |