Deputados, empresários e contadores criticam legislação tributária

A lei que consolidou a legislação tributária de Minas Gerais tem 29 anos e já foi alterada 30 vezes. O decreto que re...

29/06/2004 - 00:00
 

Deputados, empresários e contadores criticam legislação tributária

A lei que consolidou a legislação tributária de Minas Gerais tem 29 anos e já foi alterada 30 vezes. O decreto que regulamenta o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços tem quase mil artigos. Entre janeiro de 1995 e maio de 2004, foram editados 446 decretos alterando a legislação tributária do Estado, alguns dos quais vigoraram por apenas 45 dias. Esses são apenas alguns exemplos do emaranhado de normas que regulamentam o recolhimento de tributos no Estado e dificultam a vida de empresários, contadores e fiscais da Fazenda. A necessidade de uma nova consolidação da legislação tributária mineira foi o assunto discutido pela Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa nesta terça-feira (29/6/04), a pedido do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

"É um quadro estarrecedor, trata-se de um verdadeiro manicômio judiciário", definiu o presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC), Nourival de Souza Rezende Filho. Para ele, o emaranhado de leis dificulta sua própria aplicação, e a interpretação jurídica dos diversos mecanismos que regem o recolhimento de tributos em Minas é responsável por cerca de 90% das infrações detectadas pelo fisco estadual. O presidente do CRC acredita que as dúvidas quanto à interpretação da lei desestimulam novos investimentos, reduzem a geração de empregos, favorecem a sonegação de impostos e incentivam a guerra fiscal entre os estados.

De acordo com Nourival Rezende, a confusão é tamanha que o próprio governo do Estado desconhece a validade de alguns dispositivos da legislação. Ele citou o exemplo de um decreto que foi editado para alterar outro decreto que já havia sido revogado pelo Executivo. "O profissional de contabilidade que disser que conhece toda a legislação tributária do Estado é um gênio ou está mentindo", acrescentou. Como solução para o problema, o presidente do CRC sugere a simplificação da legislação tributária, para facilitar a sua aplicação e fiscalização. Representantes da Associação Comercial de Minas Gerais também criticaram o excesso de decretos e regulamentos e defenderam a necessidade de simplificação da legislação tributária.

Assembléia aprovou projeto de consolidação

O procurador da Fazenda Estadual, Ronald Magalhães de Souza, reconhece as dificuldades enfrentadas por empresas e profissionais de contabilidade e disse que o Estado está disposto a negociar uma solução para o problema. O primeiro passo, segundo ele, vai ser a sanção do Projeto de Lei Complementar 50/04, do deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL), aprovado recentemente pela Assembléia. Esse projeto estabelece novas regras para a elaboração e consolidação das leis de modo a evitar erros e sobreposições de mecanismos legais.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva disse que os inúmeros decretos, resoluções, portarias, regulamentos e leis esparsas que regem o recolhimento de tributos no Estado provocam muita confusão, mas também acredita que a aprovação do PLC 50/04 vai contribuir para a solução do problema. A deputada Jô Moraes (PCdoB) se disse assustada com a quantidade de normas jurídicas e também defendeu a necessidade de simplificação e maior divulgação das leis tributárias.

Nova reunião da comissão foi marcada para as 16 horas desta terça-feira (29), para votação de pareceres de 15 proposições, entre elas o projeto de desverticalização da Cemig e sete planos de carreiras de servidores do Executivo.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que a presidiu; Fábio Avelar (PTB), José Henrique (PMDB) e Jô Moraes (PCdoB). Também estiveram presentes o diretor executivo e o assessor jurídico da Associação Comercial de Minas Gerais, Cleider Gomes Figueiroa e Eduardo de Barros, respectivamente.

 

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