Percentual da Cide para Estados pode subir, diz deputado federal

O percentual de 25% da Cide, previsto para os Estados, deve ser aumentado para 29%, segundo o deputado federal Eliseu...

28/06/2004 - 00:01
 

Percentual da Cide para Estados pode subir, diz deputado federal

O percentual de 25% da Cide, previsto para os Estados, deve ser aumentado para 29%, segundo o deputado federal Eliseu Resende (PFL_MG), da Câmara dos Deputados. A medida deve ser aprovada nesta terça-feira (29) no Senado, segundo Resende, que participou da reunião, nesta segunda-feira (28/6/04), da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembléia Legislativa. Políticos e representantes de órgãos gestores do transporte e de entidades empresariais defenderam a aplicação, pelo governo federal, da totalidade dos recursos arrecadados com a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) nas estradas nacionais.

Mas Eliseu Resende acha que falta vontade política do governo federal para aplicar o percentual restante que lhe cabe na Cide (hoje, de 75%, e se aprovada a mudança, de 71%). Ele informou ainda que sobre cada litro de combustível, são cobrados para a Cide R$0,07, no caso do óleo diesel e R$0,18 para a gasolina. De acordo com Resende, no orçamento de 2003 para o Ministério dos Transportes, de R$7,7 bilhões previstos para investimento, apenas R$3,7 foram aplicados, sendo que R$4 bilhões foram destinados à reserva de contingenciamento, ou seja, recursos economizados para gerar superávit primário. Ele esclareceu também que já debateu o problema nesse ministério e no Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), que demonstraram interesse na solução. Para Resende, está havendo insensibilidade por parte da área econômica do governo federal. "Não há como fazer economia nessa área", reclamou.

Superávit - O presidente da comissão, deputado Célio Moreira (PL) afirmou que, em média, 20% da arrecadação bruta da Cide têm sido direcionados para outras finalidades, principalmente para gerar superávit primário. Ele também disse que, desde 1988, os investimentos no setor de transportes vêm caindo a cada ano. Em 2004, por exemplo, nos quatro primeiros meses, dos R$2 bilhões arrecadados, só R$70 milhões foram destinados aos transportes.

Falta de manutenção em estradas gera grandes perdas

Segundo o diretor-geral do DER/MG, Renato Nascimento Santana, a falta de manutenção e conservação das estradas no País leva a perdas de R$1,2 bilhão por ano, pelas empresas de cargas e transportes, e de R$300 milhões em despesas geradas por acidentes nas rodovias. Outra perda lembrada pelo vice-presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), Tito Valadares Roquetti, foi a provocada pela descontinuidade na manutenção das estradas. "O governo está jogando dinheiro fora, fazendo intervenções paliativas", criticou.

O diretor do DER/MG apresentou ainda números sobre a malha viária do Estado, a maior do País. São cerca de 13.500 km de rodovias estaduais e outros 3 mil km de rodovias federais conveniadas com o Estado para manutenção. O governo estadual tem sob sua responsabilidade 16.500 km de rodovias - mais de 67% do total - que é de 24.500 km (8 mil km são de estradas federais), segundo Santana. O complicador maior é que 75% das cargas que passam por Minas utilizam as BRs. "Pode-se pensar na manutenção de todas as estradas pelo Estado, para que o atendimento seja feito com mais eficiência e agilidade", disse.

O deputado estadual de Santa Catarina, Reno Caramori, também reclamou do contingenciamento de gastos nos transportes. "Por que o governo federal está retendo recursos para o FMI, para vendermos mais caixões e túmulos?", condenou, lembrando que a situação das rodovias federais do seu Estado também é precária. Carlos Rosemberg, presidente da Agência Goiana de Transporte e Obras Públicas, disse que a falta de investimentos na malha viária está levando o País a perder o "trem da história". "Fomos a 8ª economia mundial; hoje somos a 12ª".

Documento - O deputado Célio Moreira informou que as contribuições dos participantes seriam reunidas num documento e encaminhadas ao Ministério dos Transportes e à Presidência da República. E que iria propor a realização de uma reunião no Congresso Nacional, com a participação da Câmara e do Senado, e de representantes dos empresários e usuários do transporte.

Presenças - Deputado Célio Moreira (PL), presidente da comissão. Participaram também: o diretor-geral do DER-AL, Aerson Mendonça de Oliveira; o diretor-executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada, Darcylo de Carvalho Laborne; o assessor de Planejamento do DER-RJ, Marco Aurélio Damato Porto; e o prefeito de Sanclerlândia (GO) e presidente da Associação Goiana de Municípios, Itamar Leão.

 

 

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