Imigração japonesa no Brasil está completando 96 anos
"Há quase um século, o navio japonês Kasato Maru
ancorava no Porto de Santos trazendo a primeira leva de imigrantes
japoneses para o Brasil. Eles foram levados inicialmente para as
lavouras de café do interior paulista, mas logo depois se tornaram
agricultores independentes em São Paulo e no Paraná. Os imigrantes e
seus descendentes enriqueceram o solo brasileiro com o seu trabalho
e seu exemplo de disciplina, e décadas depois da convivência entre
as duas culturas e dos casamentos interraciais, passaram a
integrar-se plenamente na cidadania brasileira".
Com essas palavras, a deputada Ana Maria Resende
(PSDB) saudou os 96 anos da imigração japonesa no Brasil, em
solenidade realizada na noite desta quarta-feira (23/6/2004) no
Plenário da Assembléia. Dezenas de imigrantes e seus descendentes -
chamados respectivamente de gaijins e nisseis - alguns
deles acima dos 90 anos de idade, compareceram à solenidade.
Dificilmente outro povo tem imagem que se compare à dos japoneses em
termos de honradez, capacidade de trabalho e dedicação, segundo a
deputada.
O cônsul-geral do Japão, Takeshi Kamitani, elogiou
as parcerias viabilizadas pelo capital japonês em Minas, como a
Usiminas, a Cenibra e o projeto de irrigação do Jaíba. O presidente
da Sociedade Mineira de Cultura Nipo-brasileira, Jiyoji Okuhara,
revelou que a comunidade japonesa e seus descendentes no Brasil
chega a 1,5 milhão de pessoas, sendo que 250 mil são
dekasseguis que trabalham no Japão. "Estamos na quarta ou
quinta geração e participamos ativamente da vida e dos costumes do
Brasil. Hoje não somos apenas agricultores e técnicos. Somos
professores, militares, políticos e até ministros. Vivemos
harmoniosamente e felizes neste país", disse Okuhara.
Dificuldades na chegada e na Segunda Guerra
Mundial
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), que presidiu
a solenidade, elogiou a capacidade dos japoneses de enfrentar e
vencer o desafio de emigrar para tão longe, de ser estrangeiros numa
terra onde nada sabiam sobre o clima, a língua e os costumes. "Vocês
vieram para substituir os escravos africanos na agricultura, e
tiveram que enfrentar as grandes dificuldades daquela época. Anos
depois, durante a Segunda Guerra Mundial, imagino o quanto sofreram
ao ver o seu país ser derrotado sem que pudessem ajudá-lo. Nada
disso abalou sua capacidade de trabalho e sua dedicação. Os
japoneses criaram aqui riquezas humanas incalculáveis e deixaram a
marca de sua cultura e suas tradições, transformando o Brasil em uma
nação mais fraterna e mais plural. Estamos honrados de tê-los como
irmãos e concidadãos", disse Adelmo Leão.
Durante a solenidade foram apresentados também
números musicais em japonês e português do Coral Usicanto, e um
número de dança do grupo feminino Botanzuhiyo, que vestia trajes
típicos. Placas de homenagem foram entregues ao cônsul Taheshi
Kamitani, a Jiyoji Okuhara e dois outros dirigentes da Sociedade
Mineira de Cultura Nipobrasileira, Mitsuju Ywasune e Hakal Sato.
A deputada Ana Maria Resende entregou também placas
de homenagem a 16 japoneses e descendentes, entre eles os mais
idosos da colônia mineira, e também ao presidente da Mitsubishi de
Montes Claros, Yoshisuke Oie, e ao presidente da Associação de
Produtores de Uva de Pirapora, Paulo Ossamu Kudo. Ao final da
solenidade, foi servido um chá típico no Salão Nobre da
Assembléia.
Composição da Mesa -
Deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), 2º-vice presidente da Assebléia;
Takeshi Kamitani, cônsul-geral do Japão no Rio de Janeiro; Jiyoji
Okuhara, Mitsuju Ywasune e Hakal Sato, dirigentes da Sociedade
Mineira de Cultura Nipo-Brasileira; Cel. Evandro Bartolomey Vidal,
representando o Exército; vereador Ronaldo Gontijo, representando a
Câmara Municipal de Belo Horizonte e a deputada Ana Maria Resende
(PSDB), autora do requerimento que deu origem à homenagem.
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