Minas quer banco de sangue de cordão umbilical
O Brasil precisa de um estoque de 15 mil amostras
de células de sangue de cordão umbilical e placentário para atender
à demanda por transplantes de medula óssea. A informação foi dada
pelo professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Antônio Carlos
Vieira Cabral, que participou de reunião da Comissão de Saúde da
Assembléia Legislativa nesta quinta-feira (24/6/04). O objetivo da
reunião, convocada a pedido do deputado George Hilton (PL), foi
discutir a possibilidade de criação um banco de sangue de cordão em
Minas Gerais. O deputado é autor do Projeto de Lei 1.530/04, que
pretende estimular as doações de sangue de cordão nas maternidades
públicas do Estado.
O número apresentado pelo professor é uma
estimativa calculada com base na população brasileira e nos
diferentes níveis de miscigenação das diversas regiões do País. De
acordo com Cabral, no dia em que o Brasil contar com esses milhares
de amostras, será possível atender a qualquer demanda emergencial
por células-tronco. A transfusão dessas células é uma alternativa ao
transplante de medula óssea, nos casos em que o paciente não
consegue encontrar um doador compatível na própria família. O sangue
é retirado do cordão umbilical e da placenta logo após o parto.
Depois de processado, pode ficar congelado em tanques de nitrogênio
por muitos anos.
A utilização das células-tronco colhidas do sangue
de cordão também é uma alternativa mais eficaz ao transplante de
medula entre pessoas sem grau de parentesco, de acordo com o
coordenador de transplantes de medula óssea da Faculdade de Medicina
da UFMG, Welinton Morais de Azevedo. No Brasil, o Registro Nacional
de Doadores de Medula Óssea (Redome) tem cerca de 45 mil doadores
cadastrados. O cruzamento de dados do Redome com a fila de espera de
pacientes que precisam de uma doação de medula óssea já rendeu 50
transplantes no Brasil.
Já o banco de sangue de células de cordão, que fica
no Instituto Nacional do Câncer, com apenas 600 amostras,
possibilitou a realização de dez operações do mesmo tipo. É por isso
que a implantação de um banco semelhante em Minas Gerais, como parte
da formação de uma rede nacional de amostras de células-tronco, foi
defendida por todos os especialistas presentes à reunião.
Faltam recursos para criação do banco
A presidente da Fundação Hemominas, Anna Bárbara de
Freitas Proietti, informou que a instituição já tem um projeto de
centro de tecidos biológicos aprovado pelo Ministério da Saúde.
"Minas Gerais é candidato natural a ganhar um banco de sangue de
cordão umbilical, que poderia ser a primeira etapa desse centro. A
Secretaria de Estado da Saúde apóia essa idéia, mas faltam os
recursos necessários", explicou.
A escassez de dinheiro afeta não só a criação dos
bancos, mas também a realização de transplantes entre pessoas não
aparentadas, como alertou o professor Welinton Azevedo. Segundo ele,
atualmente 50 pacientes já têm doadores de medula compatíveis, mas
faltam leitos para a realização dos transplantes. Só três hospitais
têm autorização do Ministério da Saúde para fazer esse tipo de
cirurgia.
O deputado George Hilton disse que vai lutar pela
implantação do banco de sangue de cordão umbilical em Minas. Já o
deputado Neider Moreira (PPS) defendeu a criação de parcerias
público-privadas para viabilizar a implantação do banco, e lembrou
que a iniciativa pode trazer economia aos cofres públicos, livrando
milhares de pacientes de tratamentos caros e prolongados.
O presidente da comissão, deputado Ricardo Duarte
(PT), que é o relator do PL 1.530/04, disse que seu parecer vai
incorporar as sugestões apresentadas durante a reunião. E informou
que apresentou uma emenda ao projeto da Lei de Diretrizes
Orçamentárias para alocar recursos para a implantação do banco de
sangue de cordão umbilical em Minas.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente; Neider
Moreira (PPS) e George Hilton (PL). Também estiveram presentes o
coordenador de medicina fetal do Hospital Mater Dei, Carlos Henrique
Mascarenhas; a chefe do serviço de hematologia do Hospital das
Clínicas da UFMG, Nelma Cristina Clementino; e o diretor do Hospital
das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, Alair Benedito
Almeida.
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