Denúncia indica despejo clandestino de lixo tóxico em
Inconfidentes
Denúncias de despejo irregular de lixo tóxico
próximo a mananciais de água e contaminação do ar e de água por
chumbo levaram a Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da
ALMG a Inconfidentes e Pouso Alegre, nesta quarta-feira (23/6/04).
Em Inconfidentes, pela manhã, os deputados constataram a presença de
tambores que conteriam material tóxico despejado no lixão da cidade,
no distrito de Pinhalzinho de Góes. Em Pouso Alegre, à tarde, os
parlamentares realizaram audiência pública para ouvir as reclamações
dos moradores e as explicações da empresa MS Metais, que faz
reciclagem de baterias automotivas, acusada de causar poluição. O
requerimento da reunião foi apresentado pelo deputado Laudelino
Augusto (PT).
O caso mais grave, na opinião da deputada Maria
José Haueisen (PT), presidente da comissão, é o de Inconfidentes,
porque indica que o material pode ter contaminado o solo e o lençol
freático. De acordo com as denúncias que chegaram a Laudelino
Augusto, uma empresa de Limeira (SP) teria despejado conteúdo de 150
tambores no lixão municipal, no início de fevereiro,
clandestinamente. Acionada, a prefeitura teria mandado aterrar 30
tambores, levando a comunidade a pedir ajuda à Fundação Estadual do
Meio Ambiente (Feam). A Feam autuou a prefeitura, exigindo um laudo
técnico, que, feito por empresa do Paraná, constatou a presença de
resíduos considerados perigosos. A empresa de consultoria recomendou
que os tambores fossem queimados em alto-fornos. A Feam deu prazo à
prefeitura para a destinação do lixo tóxico até 30 de julho, quando
poderia então aplicar multa de R$ 74 mil. O caso foi acompanhado
pela polícia militar local e pelo Ministério Público.
Comissão promete acionar as autoridades
ambientais
Mobilizada, a comunidade de Pinhalzinho de Góes
interditou a estrada que liga a cidade a Ouro Fino, nesta
quarta-feira, durante a visita da Comissão de Meio Ambiente. Os
moradores também montaram uma vigília no lixão, para impedir que a
prefeitura mandasse aterrar o local. A prefeitura não enviou
representantes à vistoria dos deputados.
Questionados sobre as providências que a comissão
poderia tomar, a deputada Maria José Haueisen e o deputado Laudelino
Augusto explicaram que a comissão vai cobrar da Feam, do Ministério
Público e da prefeitura a agilização dos prazos para cumprimento das
recomendações de destinação do lixo. Laudelino Augusto disse que
pretende pedir uma audiência pública a ser feita na Assembléia, com
a presença de órgãos ambientais do Estado e de Inconfidentes, em que
será apresentado o relatório da vistoria. O lixão da cidade fica em
área de preservação ambiental, segundo lideranças comunitárias e
moradores, e não recebe qualquer tratamento. Há duas nascentes que
formam o Rio Pitanga, que abastece a cidade e é parte da bacia do
Rio Mogi Guaçu, que banha diversas cidades da região
Chumbo pode estar afetando saúde de moradores e
trabalhadores
À tarde, os deputados participaram, na Associação
Comercial e Industrial de Pouso Alegre, de uma audiência pública, em
que famílias dos trabalhadores da MS Metais confrontaram-se diversas
vezes com os moradores de cinco bairros próximos à indústria,
localizada no Km 16 da MG 290, distrito de Sertãozinho.
Neste caso, as denúncias eram de que a empresa
estaria contaminando o solo e a água com chumbo, metal encontrado em
alto teor em amostras de água e milho colhidas nas proximidades da
MS, segundo laudo encomendado pelos moradores. Liderados pelo médico
Braz Vitale Neto, os moradores afirmaram que têm sentido o efeito da
fumaça lançada no ambiente à noite. As principais queixas são de
náuseas, vômitos e dor de cabeça.
Os vereadores Geraldo Cunha (PFL), médico, e André
Adão Antunes (PT), da Comissão de Ordem Social da Câmara de Pouso
Alegre, relataram suas investigações sobre as queixas dos moradores.
O primeiro insistiu nos perigos que os habitantes da região e os
trabalhadores da MS Metais correm, não só pela presença do chumbo,
mas também de cádmio, "latamente cancerígeno".
O diretor da MS Metais, empresa de Guarulhos, São
Paulo, que emprega 50 trabalhadores em Pouso Alegre e recicla
baterias automotivas, Marco Antônio Vac Júnior, garantiu que a MS
tem todas as licenças de funcionamento. E que sofreu todas vistorias
de órgãos ambientais, depois das denúncias, sem que nenhuma
irregularidade fosse encontrada. O diretor disse que as informações
dos moradores eram mentirosas. Depois de mostrar um vídeo sobre os
perigos de contaminação por chumbo, Marco Antônio Júnior convidou os
deputados e toda a comunidade para visitar a empresa a qualquer
tempo.
O deputado Laudelino Augusto disse que a audiência
não tinha como finalidade verificar se a empresa era licenciada ou
não, mas ouvir tanto as queixas da população, como as explicações da
empresa. O deputado Doutor Ronaldo afirmou que, já que não se chegou
a uma conclusão sobre os laudos, o ideal seria um terceiro documento
de uma empresa isenta, de preferência estatal. A deputada Maria José
Haueisen informou que vai levar a sugestão de se instalar um
escritório da Feam em Pouso Alegre ao secretário de Estado de Meio
Ambiente, José Carlos Carvalho.
Presenças - Participaram
da reunião a deputada Maria José Haueisen (PT), presidente; e os
deputados Doutor Ronaldo (PDT), vice; e Laudelino Augusto (PT), além
de lideranças comunitárias, vereadores e autoridades locais.
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