Universidades federais pedem redução de ICMS da energia

As dificuldades enfrentadas pelas instituições públicas de ensino superior, particularmente das universidades federai...

23/06/2004 - 00:00
 

Universidades federais pedem redução de ICMS da energia

As dificuldades enfrentadas pelas instituições públicas de ensino superior, particularmente das universidades federais, foram debatidas por dirigentes e deputados na reunião da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, realizada nesta quarta-feira (23/6/04). O vice-reitor da UFMG, Marcos Borato Viana, pediu aos deputados uma lei que reduza o ICMS de 18% cobrado sobre as tarifas de energia para as universidades federais, que são 12 em Minas. Só a UFMG pagou à Cemig, em 2003, R$ 10,5 milhões em contas de energia.

O custo da energia passou a ser excessivo para a UFMG não só por causa do recente aumento de 21% que não foi coberto pelo orçamento, mas também porque nos últimos anos houve crescimento de 64% na demanda pelos cursos noturnos, o que aumenta as tarifas do horário de pico. "Outros estados contribuem para a formação dos universitários, reduzindo o ICMS para 12%, para 6% e até mesmo dando isenção, como o Pará, que tem apenas uma universidade federal. Não podemos ser tratados como empresas ou indústrias, que usam energia para produzir bens e ter lucros", argumentou Borato.

Os deputados reagiram favoravelmente à proposta. Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) propôs que a comissão leve os reitores ao presidente da Cemig, Djalma Morais, para que a empresa mude a sua política tarifária em relação às universidades. Weliton Prado (PT) foi além. Para ele, universidades não deviam pagar pela energia. Jô Moraes (PCdoB) quer ampliar a discussão sobre o ICMS, levando os dirigentes ao governador, na presença dos secretários da Fazenda e do Planejamento, que saberiam encontrar alternativas para compensar as perdas de receita, como prevê a lei.

Copasa cancelou desconto do Hospital das Clínicas da UFMG

Borato Viana relatou que a Copasa concedia um desconto de 15% sobre a conta de água do Hospital das Clínicas da UFMG, que atende casos graves pelo SUS e forma médicos para urgência e emergência. Ultimamente, a concessionária exigiu um certificado de filantropia para não cancelar o benefício. Como é impossível a uma instituição pública ser considerada filantrópica, o desconto foi suspenso. A deputada Jô Moraes considerou absurda a decisão: "Isso, com certeza, é um erro crasso de burocrata de quarto escalão", afirmou.

Evaldo Ferreira Vilela, reitor da Universidade Federal de Viçosa, enumerou diversos entraves ao funcionamento ideal das instituições de ensino superior. Um deles é a manutenção da qualidade do ensino, que as condições orçamentárias não permitem. Outro é a impossibilidade de expandir o ensino, o número de vagas, a instalação e modernização de laboratórios e equipamentos.

"Outra questão que vem piorando é a da gestão, da perda crescente da autonomia que é prevista na Constituição. Somos tratados hoje como qualquer órgão público federal. Não nos consideramos melhores. Apenas diferentes. Obrigados a comprar pela lei de licitações, compramos mal e pouco, e pagamos caro. Isso não quer dizer que sejamos contra os controles. Quer dizer apenas que isso nos engessa e nos impede de implantar brilhantes idéias de nossos professores", argumentou Vilela.

O reitor da UFV disse que Minas perde seus universitários para São Paulo, Estado que apóia os cursos de pós-graduação, e os novos profissionais acabam se fixando lá. Revelou também que a conta de luz mensal da universidade é de R$ 300 mil. O deputado Dalmo Ribeiro percorreu a lista dos convidados e revelou que alguns deles não puderam nem mesmo comparecer à reunião por falta de verbas para viagem. "O Governo Federal precisa ter sensibilidade para com as súplicas da comunidade universitária", afirmou Ribeiro Silva.

Presenças - Compareceram à reunião as deputadas Ana Maria Resende (PSDB), vice-presidente, e Jô Moraes (PCdoB), e os deputados Weliton Prado (PT) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

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