Mesmo com fiscalização, contaminação por agrotóxicos preocupa

Apesar do emaranhado de leis que regulamentam a venda e a aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas, os diver...

22/06/2004 - 00:00
 

Mesmo com fiscalização, contaminação por agrotóxicos preocupa

Apesar do emaranhado de leis que regulamentam a venda e a aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas, os diversos órgãos de fiscalização não têm conseguido assegurar a comercialização de alimentos livres de contaminação. "Ficamos alarmados com os índices de contaminação do morango por resíduos de agrotóxicos. Em 2002, 50% das amostras analisadas apresentavam contaminação, índice que subiu para 65% no ano passado", afirmou a diretora substituta da vigilância de alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Cláudia Parma Machado. Ela participou de reunião da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial realizada nesta terça-feira (22/6/04), atendendo a requerimento do deputado Doutor Viana (PFL).

Segundo Cláudia, a fiscalização da Anvisa chegou a detectar nos morangos produzidos em Minas a presença de resíduos de pesticidas recomendados para outras culturas, o que é proibido por lei. Minas Gerais é um dos três Estados onde a Anvisa regularmente coleta amostras de produtos agrícolas no comércio e na indústria para a analisar a presença de resíduos de defensivos agrícolas acima dos níveis aceitos para o consumo humano. Esse programa teve início em 2002 e ainda não obteve resultados concretos na redução dos índices de contaminação porque a pesquisa não identifica a procedência dos produtos agrícolas. Além dos morangos, apresentam índices elevados de contaminação os tomates e batatas comercializados em Minas.

A visitação nas fazendas vem sendo feita pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que elegeu o uso de agrotóxicos como alvo de sua fiscalização. De acordo com a superintendente vegetal do instituto, Vânia Maria Carvalho, no ano passado, cerca de 6 mil propriedades rurais foram fiscalizadas. Mas, de acordo com Vânia, existem aproximadamente 500 mil propriedades rurais no Estado, das quais cerca de 20%, ou seja, 100 mil fazendas, utilizam agrotóxicos. "O IMA perdeu muitos servidores por causa dos baixos salários. Atualmente, temos 115 técnicos treinados para fazer essa fiscalização. É pouco para atender todo o Estado", disse, respondendo a questionamento do deputado Doutor Viana.

Quanto à fiscalização nos pontos de venda de defensivos agrícolas, a superintendente disse que ela vem sendo feita de forma satisfatória. Segundo Vânia, existem 1.208 estabelecimentos registrados para a venda de agrotóxicos, e a realização de três vistorias anuais em cada um deles é perfeitamente viável com a atual estrutura do órgão. Para esclarecer os produtores rurais sobre a importância do descarte correto das embalagens de agrotóxicos, o IMA pretende realizar uma série de seminários no interior do Estado.

A realização de campanhas educativas foi defendida por quase todos os participantes da reunião Mas apenas fiscalização e conscientização não são suficientes, na opinião do coordenador técnico da Emater, Marcelo Franco. "A solução para esse problema passa pela responsabilização do setor privado, que tem que ser auto-regulador e exercer a co-gestão juntamente com o governo", defendeu.

O deputado Padre João (PT), autor de projeto de lei que estabelece critérios para as pulverizações aéreas de inseticidas, criticou o uso abusivo de agrotóxicos e defendeu a agricultura orgânica. Já o deputado Doutor Viana disse que a responsabilidade pelo uso abusivo de agrotóxicos é de toda a sociedade. Ele sugeriu a intensificação da fiscalização sobre os morangos e propôs a realização de um fórum técnico para aprofundar as discussões sobre o assunto. "Parece que está tudo bom e ruim ao mesmo tempo. Na verdade está tudo errado, não pode ser assim", resumiu.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Padre João (PT), que a presidiu; Gil Pereira (PP), Doutor Viana (PFL) e Luiz Humberto Carneiro (PSDB). Também estiveram presentes o presidente da Sociedade Mineira dos Engenheiros Agrônomos, Rodrigo de Almeida Pontes; o representante do Sindicato Rural de Curvelo, Hugo Murté; e o representante do departamento de agroqualidade da Ceasa, Joaquim Oscar Alvarenga.

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715