Deputados comparam experiências mineira e gaúcha

"A transição da democracia representativa para a democracia participativa tem que ser um processo de conquista popula...

21/06/2004 - 00:00
 

Deputados comparam experiências mineira e gaúcha

"A transição da democracia representativa para a democracia participativa tem que ser um processo de conquista popular. Não será uma concessão dos poderes constituídos". Com essas palavras, o deputado Laudelino Augusto (PT) abriu o painel "Experiências de Comissões de Participação Popular no Poder Legislativo", na tarde desta segunda-feira (21/6/04) no Plenário da Assembléia Legislativa, dentro da programação do debate público "Participação Popular e o Poder Legislativo". Os expositores foram o deputado gaúcho Edson Portilho (PT-RS) e o deputado mineiro André Quintão (PT).

O convidado do Rio Grande do Sul preside a Comissão Mista Permanente de Participação Legislativa Popular, criada na Assembléia gaúcha no ano passado, quase ao mesmo tempo que a Comissão de Participação Popular do Legislativo mineiro. Portilho relatou as várias dificuldades para colocar em funcionamento a comissão, cuja finalidade é promover a aproximação entre o Legislativo e a população.

A Comissão tem 12 membros e precisa de quórum mínimo de sete deputados para aprovar qualquer de suas iniciativas. As reuniões semanais são abertas com um mínimo de quatro deputados. Portilho relatou que os debates mais importantes realizados neste primeiro ano da Comissão trataram das desigualdades sociais e das cotas nas universidades para negros e pobres. "O sistema de cotas tenta amenizar a brutal diferença entre ricos e pobres no Brasil, que sempre foi e continua sendo um país racista e machista".

Uma das iniciativas gaúchas que mais interessaram aos deputados mineiros foi a permissão de acesso à tribuna, mensalmente, de entidades inscritas para falar, durante 10 minutos, de suas expectativas e angústias, e até mesmo criticar a ação parlamentar. Agora, a Comissão busca influenciar a elaboração do orçamento do Estado e estender a criação das comissões de participação popular às câmaras municipais do interior.

Inclusão de emendas no PPAG foram a grande conquista em Minas

O deputado André Quintão, por sua vez, informou os critérios para o funcionamento da Comissão de Participação Popular de Minas e enfatizou o desempenho que teve na apresentação de propostas ao Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG). Quintão relacionou as audiências realizadas em várias cidades do interior para a coleta de sugestões, que foram condensadas em 180 proposições, das quais 107 receberam parecer favorável. Dessas, 22 foram incluídas no PPAG e 54 tornaram-se subemendas.

"A próxima fase é incluir emendas assegurando recursos para execução no próximo Orçamento, e manter a mobilização para que os desejos da sociedade sejam cumpridos, para que aconteça a materialização das propostas na vida do cidadão. Para isso é preciso criar rotinas de acompanhamento que não fiquem restritas ao gabinete do deputado. É preciso ter uma equipe competente, pois existem muito poucos especialistas em execução orçamentária", alerta o deputado André Quintão.

Com as intervenções da platéia, o debate se abriu para as grandes questões nacionais, dando oportunidade aos deputados expositores de falar sobre temas como o esforço para retirar da lista de privatizações o Banco do Brasil, a Petrobras e a ECT, o sucateamento do serviço público em nome da terceirização de serviços e do afrouxamento dos controles, o clientelismo político e o fortalecimento dos partidos sobre o personalismo dos candidatos. "Votar em pessoas, e não em partidos, não fortalece o coletivo, mas o individualismo", disse Edson Portilho. "O poder econômico acaba se sobrepondo às idéias", sentenciou.

 

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