Audiência pública discute Programa Nacional de Crédito Fundiário

O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) visa permitir o acesso à terra em áreas não sujeitas a desapropriação...

17/06/2004 - 00:01
 

Audiência pública discute Programa Nacional de Crédito Fundiário

O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) visa permitir o acesso à terra em áreas não sujeitas a desapropriação, contribuindo para ampliação e consolidação da agricultura familiar, e, diferentemente do Banco da Terra, lançado pelo governo passado, não é um programa para vender terra. É, também, parte do Plano Nacional de Reforma Agrária e prioridade do Governo Lula. A garantia é do secretário Nacional de Reordenamento Fundiário do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Eugênio Peixoto, que participou, nesta quinta-feira (17/6/04), de audiência da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia de Minas. A reunião, realizada a requerimento dos deputados Padre João, Laudelino Augusto e Rogério Correia, todos do PT, teve por objetivo obter esclarecimentos sobre o programa, que vem recebendo críticas do Movimento dos Sem Terra (MST) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidades que há muitos anos lutam pela reforma agrária no País.

De acordo com Eugênio Peixoto, o Governo Federal quer fazer do PNCF uma referência de descentralização e transparência. Todos os investimentos serão gerenciados pelas próprias comunidades, com participação de estados e municípios, e os deputados poderão acompanhar a execução de cada processo, desde o início, mediante senha que será fornecida a todos os parlamentares e órgãos que lidam com a questão agrária. Ele explicou que o programa funciona com três linhas diferentes de financiamento: uma voltada para combate à pobreza rural, que vai beneficiar quem tem renda familiar anual inferior a R$ 5,8 mil e patrimônio inferior a R$ 10 mil, e pelo menos cinco anos de trabalho no campo; outra para jovens agricultores entre 18 e 24 anos, a fim de evitar o êxodo rural; e a terceira destinada aos agricultores sem terra ou com pouca terra, com renda familiar inferior a R$ 15 mil e patrimônio de até R$ 30 mil. A meta é atender 130 mil famílias até 2006.

Importância estratégica - Ao destacar a importância estratégica do programa, Eugênio Peixoto lembrou que as áreas ociosas inferiores a 15 módulos fiscais, não passíveis de desapropriação, somam, no País, mais de 40 milhões de hectares. Com o programa, essas áreas poderão passar a produzir e gerar ocupação e renda, "sem que isso signifique abandonar a bandeira da reforma agrária e da luta contra o latifúndio", assegurou.

Como inovações em relação a experiências anteriores de crédito fundiário, ele destacou a redução do custo do financiamento; a existência de linhas de crédito para cada público diferente; o financiamento também da estruturação produtiva; o poder deliberativo dado aos Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentável; mecanismos de controle social; e a execução descentralizada, com a participação e parceria dos estados.

Deputados e dirigentes do Incra/MG, do Idene, do Iter, da Fetaemg e da Contag, presentes à reunião, elogiaram o programa. Ademar Ludwig, representante do MST, alertou para o risco de se esvaziar a luta pela reforma agrária, em benefício dos grandes latifundiários.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados Padre João (PT), que a presidiu; Doutor Viana (PFL), Laudelino Augusto (PT), Chico Simões (PT) e Ana Maria Resende (PSDB). Entre outros convidados, também participaram o secretário Nacional de Reordenamento Fundiário do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Eugênio Peixoto; o diretor de Crédito Fundiário do MDA, Danilo Prado Garcia; o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais, Wallen Alexandre Medrado; o superintendente regional do Incra, Marcos Helênio; o diretor-geral do Instituto de Terras de Minas Gerais (Iter), Luiz Antônio Chaves; o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaemg), Vilson Luís da Silva; Juraci Moreira Souto, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag); e Ademar Ludwig, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

 

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