Comissão de Silvicultura debate problemas do setor madeireiro

Fabricantes de móveis, painéis e outros produtos de madeira, além de representantes de órgãos públicos de fomento e e...

17/06/2004 - 00:00
 

Comissão de Silvicultura debate problemas do setor madeireiro

Fabricantes de móveis, painéis e outros produtos de madeira, além de representantes de órgãos públicos de fomento e entidades representativas debateram com deputados as dificuldades e perspectivas do setor. A reunião, realizada pela Comissão Especial da Silvicultura, nesta quinta-feira (17/6/04), enfocou também as iniciativas de uso dos chamados produtos sólidos e de produção de painéis no Estado, bem como políticas públicas para o segmento.

Tratando das indústrias de móveis e artefatos de madeira, segmento que representa no Sindimov, o diretor da entidade, Marcus Vinícius Lima, disse que "o cenário do setor é crítico". Segundo ele, as cerca de 5 mil empresas de móveis estão enfrentando todo tipo de dificuldades - ambientais, tributárias, queda da demanda por produtos, crédito difícil. "Hoje, para se obter uma licença ambiental, gasta-se cerca de R$ 20 mil e as empresas não têm como pagar isso", reclamou.

Marcus Vinícius Lima condenou também o aumento de 40% dos insumos. Ele questionou o fato de o Estado ter apenas uma fábrica de aglomerados, embora conte com a maior plantação de eucaliptos do país. "Somos obrigados a trazer de 80% a 90% da matéria-prima de outros estados; ficamos à mercê deles", acrescentou. Apesar das queixas, Marcus Vinícius anunciou que o Sindimov construiu um centro de tecnologia da madeira e do móvel, que já realiza cursos com o objetivo de profissionalizar pessoal para o setor moveleiro.

Exportações - O secretário executivo da Associação Mineira de Silvicultura (AMS), José Batuíra de Assis, trouxe alguns números sobre a produção de móveis em Minas e no Brasil. Segundo ele, o Estado tem ainda uma participação muito pequena, de apenas 2%, nas exportações brasileiras de móveis, que apresentam boas perspectivas de crescimento. Em 2002, foram R$ 500 milhões; em 2003, R$ 1 bilhão; e a projeção para 2005 é de R$ 2,4 bilhões. Batuíra mostrou ainda uma vantagem do cultivo da madeira, que utiliza áreas cinco vezes menores (de 5 milhões de hectares), em relação à cultura da soja, que usa 25 milhões de hectares.

Empresas trazem dados sobre setor

Depois de apresentar dados sobre a Preservar Madeira Reflorestada, o seu gerente-geral, Oilder Marchezini, informou que Minas Gerais é responsável pelo maior volume de madeira tratada no Brasil. Ele acrescentou que a demanda por esse tipo de madeira vinha crescendo moderadamente nos últimos dez anos e que a perspectiva era de continuidade desse crescimento. Mas Marchezini apontou também as dificuldades enfrentadas pela empresa: altos investimentos em florestas, problemas financeiros, ciclos de longo prazo para o crescimento das árvores, ameaça de movimentos sociais e florestas de terceiros em escassez (apesar de a empresa depender muito delas - 80% são terceirizadas e apenas 20% são florestas próprias).

Preços - O gerente da Aracruz Celulose S.A, Pedro Mário Ribeiro, respondeu a questionamentos do deputado Célio Moreira (PL) sobre a diferença de preço da madeira no mercado nacional e no internacional e os impactos dessa situação. Ribeiro afirmou que era muito mais rentável para a empresa exportar a madeira do que vendê-la no mercado nacional. No Brasil, os preços das madeiras da empresa ficam próximos a R$ 450 ; já no mercado internacional, atingem até R$ 1,5 mil, informou ele. Mas, segundo o executivo, para atender ao nível de exigência dos países desenvolvidos, a Aracruz teve que investir em pesquisa, selecionando espécies que se equiparavam ao padrão internacional.

Representando o Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (Indi), Marcos Vinicius Malta de Oliveira Lima, constatou que "Minas Gerais não tem legislação tributária competente para anular a concorrência dos demais estados". Ele acredita que o Estado deve oferecer, no mínimo, os mesmos incentivos apresentados pelos outros. "Temos que criar meios para atrair mais empresas do setor de madeira e móveis para o nosso Estado", defendeu.

Incentivos - Depois de ouvir os convidados, o presidente da Comissão da Silvicultura, deputado Paulo Piau (PP), resumiu a situação da cadeia de madeira e móveis no Estado. Para ele, o modelo de gestão pública para o setor está defasado: "Estamos sempre tapando cascos de navio nas políticas públicas", disse acrescentando que faltam mecanismos de incentivo para o setor produtivo, que com isso, fica sempre inseguro. Piau criticou também a prioridade absoluta dada ao meio ambiente, "até mesmo sobre a produção".

Presenças - Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PP), presidente; Leonardo Quintão (PMDB), vice; Célio Moreira (PL), relator; Doutor Viana (PFL) e Padre João (PT). Além dos convidados citados na matéria, participaram também: o diretor de Formação Sindical da Fetaemg, Carlos Gilberto Marques; o analista de crédito do BDMG, Valdir Pereira Nunes; os representantes do IEF, José do Carmo Neves; do Ministério Público, Carlos Mercês de Oliveira e Tereza Cristina dos Santos; o professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Rodrigo Pinto Mata Machado; os engenheiros florestais da Sociedade Mineira de Engenheiros Florestais, José Augusto Furlani, e da Emater/MG, Ivo Pêra Éboli.

 

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