Homossexuais e policiais pedem apoio à Comissão de Direitos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos reuniu-se nesta quarta-feira (16/6/04) para discutir ações de combate à violência cont...

16/06/2004 - 00:01
 

Homossexuais e policiais pedem apoio à Comissão de Direitos Humanos

A Comissão de Direitos Humanos reuniu-se nesta quarta-feira (16/6/04) para discutir ações de combate à violência contra os homossexuais no Estado. Representantes do movimento gay e do programa Brasil sem Homofobia criticaram a morosidade da Justiça na apuração dos crimes contra homossexuais e o que chamaram de "educação conservadora e homofóbica" ainda vigente no País. Na segunda parte da reunião, os deputados ouviram reclamações de policiais militares e bombeiros, insatisfeitos com o reajuste salarial de 6% dado pelo Executivo. O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), chamou a atenção para a diversidade de assuntos tratados pela comissão, a cada reunião, o que, segundo ele, reflete o grau de desrespeito aos direitos humanos no Estado.

Frente Parlamentar - O presidente do Clube Rainbow, Danilo Ramos de Oliveira, pediu apoio da comissão para que seja criada uma frente parlamentar de defesa dos homossexuais. Ele citou vários casos de crimes motivados pela opção sexual da vítima e que continuam sem esclarecimento e punição pela Justiça. "Queremos o direito de exercer nossa orientação sexual, de amar publicamente", desabafou. O deputado Biel Rocha (PT) concorda com a necessidade de criação da frente, e disse que vai iniciar o processo de coleta de assinaturas para sua formalização.

O representante do programa Brasil sem Homofobia, Oswaldo Braga Júnior, pediu colaboração dos deputados estaduais para que sejam apresentados projetos de lei que ajudem os homossexuais. A deputada Marília Campos (PT) é autora do Projeto de Lei Complementar (PLC) 47, que estende o benefício da aposentadoria aos companheiros de servidores públicos do Estado, uma das reivindicações de Oswaldo Braga Júnior. A deputada pediu aos representantes dos movimentos de defesa dos homossexuais que acompanhem a tramitação do projeto, que está na Comissão de Administração Pública. Na opinião dela, o combate à discriminação, de qualquer ordem, deve ser uma bandeira de todos aqueles que defendem um País mais justo e democrático.

Minas também pode ter programa de combate à homofobia

O deputado Biel Rocha (PT), autor do requerimento que deu origem à discussão sobre o assunto, lembrou que a campanha Brasil sem Homofobia tem como objetivo coibir a violência contra os homossexuais, além de estimular a inclusão social dessas pessoas, através de ações políticas específicas em todos os ministérios. Na reunião, a comissão aprovou mais dois requerimentos do deputado Biel Rocha. O primeiro pede que seja marcada audiência com o sub-secretário de Direitos Humanos, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, João Batista de Oliveira, para discutir a criação de um programa mineiro de combate à homofobia, traduzindo, no Estado, as mesmas diretrizes do programa federal. O outro requerimento prevê que seja encaminhado ofício ao chefe de Polícia Civil, Otto Teixeira, solicitando agilidade na apuração de um assassinato no bairro Boa Vista, em Belo Horizonte, provavelmente de natureza homofóbica.

Policiais pedem revogação de acordo que pôs fim à greve

O cabo Luis Carlos Cândido, acompanhado de outros cabos, soldados e sargentos, procurou a Comissão de Direitos Humanos pedindo apoio para que seja revogado o acordo que pôs fim à greve da categoria, no último dia 9 de junho. Na opinião de Luis Carlos Cândido, mais conhecido como cabo Cadeado, o acordo firmado entre lideranças da Polícia Militar e o governo do Estado não reflete a opinião da maioria da corporação e por isso não pode ser levado a frente. Segundo o cabo, os militares mineiros não recebem adicional de insalubridade e periculosidade, direito já garantido em lei, e os 6% não podem ser considerados aumento de salário.

Os militares levaram um policial à reunião que ficou tetraplégico exercendo a profissão e um bombeiro que hoje está numa cadeira de rodas, porque contraiu esquistossomose na medula ao entrar no Rio Arrudas. Os dois, que receberiam salários entre R$ 700,00 e R$ 800,00, foram usados como exemplo para pedir a valorização da profissão. "Estamos apelando à comissão para que o direito do policial seja respeitado, como ser humano", disse o cabo Cadeado. O detetive Carlos Augusto Silveira, um dos fundadores do Sindicato da Polícia Civil (Sindipol), ressaltou a profissionalização e seriedade com que os policiais trabalham, sem o devido reconhecimento por parte do governo, na opinião dele.

A comissão aprovou requerimento assinado pelos deputados Durval Ângelo e Biel Rocha para que documentos apresentados pelos policiais presentes na reunião sejam encaminhados ao governador Aécio Neves e ao comandante-geral da Polícia Militar. Os militares reclamam de retaliações e risco de exclusão da corporação, em virtude de terem participado do movimento grevista. Durval Ângelo garantiu que os policiais sempre serão ouvidos na comissão. "Se cobramos respeito aos direitos humanos, temos que começar pelos direitos dos policiais", afirmou.

Outros requerimentos - A comissão aprovou ainda, de autoria do deputado Durval Ângelo, três requerimentos: um deles pede que seja enviada manifestação de congratulações ao jornalista Emanuel Carneiro, da Rádio Itatiaia, em razão da cobertura feita pelo veículo durante a última greve das Policias Civil e Militar; outros dois pedem envio de ofícios à chefia de Polícia, à Corregedoria da Polícia Civil, e também à Procuradoria Geral de Justiça, para que sejam tomadas providências quanto às ameaças de morte sofridas por Ronaldo de Almeida Cruz. Ele estaria sendo perseguido por Marco Túlio Prata, conhecido como Pratinha, ex-policial civil.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT) presidente; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha (PT); Paulo Piau (PP); e Marcelo Gonçalves (PDT); e a deputada Marília Campos (PT).

 

 

 

 

 

 

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