Comissão obtém informações sobre a fruticultura
mineira
Uma série de problemas vividos pelos produtores
mineiros de frutas foi listada durante a reunião desta terça-feira
(15/6/04) da Comissão Especial da Fruticultura da Assembléia
Legislativa. Entre os principais obstáculos foram lembrados o baixo
nível de associativismo dos agricultores, a má conservação das
estradas, que dificultam o escoamento da produção, a desorganização
da classe produtora e a dificuldade de acesso ao crédito. A comissão
foi criada para, em 60 dias, estudar a situação da fruticultura
mineira e elaborar alternativas para a expansão e o desenvolvimento
da atividade no Estado. A reunião desta terça atendeu a requerimento
dos deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão, Luiz
Humberto Carneiro (PSDB) e Carlos Pimenta (PDT).
De acordo com o engenheiro agrônomo da Federação da
Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) Pierre Santos Vilela,
antigas vantagens do setor da fruticultura, como a mão-de-obra
barata e a disponibilidade de condições naturais favoráveis já não
são mais tão significativas. Ele mostrou duas pesquisas, uma feita
nos Estados Unidos e outra em Minas Gerais, que detectaram o mesmo
comportamento do consumidor: na hora de comprar uma fruta, ele
avalia como atributo mais importante a qualidade (60% das respostas
em Minas), seguido da aparência (18%). O preço foi considerado o
fator principal por apenas 12% dos entrevistados pelo Ministério da
Integração Nacional, em pesquisa de 2001.
"Competitividade, portanto, não é apenas uma
questão de custo e preço", disse Vilela. "O sucesso da fruticultura
depende da qualidade", acrescentou o professor da Universidade
Federal de Viçosa, Flávio Couto. O diretor de Recursos Tecnológicos
e Naturais da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Seapa), Lucas Rocha Carneiro, completou que, cada vez
mais, a qualidade não só do produto, mas também do processo
produtivo, vai ter que ser certificada, em uma situação semelhante à
que já acontece na indústria, como as certificações ISO. "Precisamos
preparar os produtores para esse aumento de qualidade", alertou. Sua
opinião foi compartilhada pela especialista em Políticas Públicas e
Gestão Governamental da Delegacia Federal da Agricultura no Estado
de Minas Gerais (DFA/MG), Adriana Prado Bicalho. Ela garantiu que o
Ministério da Agricultura elegeu a fruticultura como uma de suas
prioridades.
Estradas ruins e falta de energia prejudicam
setor
A questão da infra-estrutura foi apontada pelo
presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de
Minas Gerais (Emater/MG), José Silva Soares, como uma dificuldade a
mais para os produtores. Ele referiu-se não apenas às precárias
condições das estradas, mas também à falta de energia elétrica na
área rural. A deputada Ana Maria Resende (PSDB) alertou para a
necessidade de recuperação da BR-135, uma das rodovias que liga o
norte de Minas ao sul do Estado, passando por Montes Claros.
Outra característica do setor citada pelo
engenheiro Pierre Vilela, da Faemg, diz respeito à mudança na
preferência do consumidor quanto ao local preferido para comprar
frutas. Em 1998, 46% preferiam o supermercado, índice que subiu para
55% em 2001. As feiras livres, que respondiam com 9%, caíram para
7%. Isso significa, segundo Vilela, uma ameaça aos produtores, pois
grandes redes varejistas e atravessadores conseguem impor preços
baixos aos agricultores. Ele defendeu o cooperativismo como forma de
combater essa prática.
A mesma opinião foi manifestada pelo técnico da
Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf)
Alex Douglas Demier, que levou para a reunião um diagnóstico da
fruticultura na área mineira da Agência de Desenvolvimento do
Nordeste (Adene). Segundo números apresentados pelo técnico, dos
16,9 mil hectares cultivados com frutas na região norte de Minas, a
banana representa 74%. Os 26% restantes são divididos principalmente
pela manga, pelo coco e pelo limão.
Deputados têm perspectiva otimista
O deputado Laudelino Augusto mostrou-se satisfeito
com a reunião e otimista. "O que os outros Estados e países têm
feito que nós não podemos fazer também?", questionou. O deputado
Carlos Pimenta, relator da comissão, disse que está confiante em
relação aos resultados das audiências regionais que serão feitas em
diversas regiões do Estado.
O diretor técnico do Instituto Mineiro de
Agropecuária (IMA), Pedro Luiz Ribeiro Hartung, e o coordenador
técnico em Agronegócios-Fruticultura do Sebrae/MG, Cláudio Wagner,
também presentes à reunião, foram convidados a participar em caráter
permanente dos trabalhos da comissão.
Requerimentos - A comissão
aprovou um requerimento do deputado Laudelino Augusto, em que
solicita que a Organização e Sindicato das Cooperativas do Estado de
Minas Gerais (Ocemg) seja convidada para participar das reuniões e
audiências públicas da comissão em caráter permanente. Foi aprovado
também requerimento do deputado Ricardo Duarte (PT), pedindo a
realização de uma visita técnica e uma audiência pública em Monte
Alegre de Minas, no Triângulo Mineiro. Da deputada Ana Maria Resende
e dos deputados Carlos Pimenta e Laudelino Augusto foi aprovado um
requerimento solicitando que sejam aprovados os trabalhos a serem
desenvolvidos pela comissão nas 3ª, 4ª , 5ª e 6ª reuniões, conforme
programação apresentada.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Luiz
Humberto Carneiro (PSDB), Carlos Pimenta (PDT), Ricardo Duarte (PT)
e a deputada Ana Maria Resende (PSDB).
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