Comissão discute a falta de fiscalização do queijo em Barbacena

A Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial discutiu os problemas enfrentados pelos produtores de queijo art...

08/06/2004 - 00:01
 

Comissão discute a falta de fiscalização do queijo em Barbacena

A Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial discutiu os problemas enfrentados pelos produtores de queijo artesanal e de leite de Barbacena e de todo o Estado, além de debater a ausência de um órgão de fiscalização desses produtos no município. Essas questões foram debatidas com convidados em audiência pública nesta terça-feira (8/6), a requerimento do deputado Padre João (PT) e da deputada Ana Maria (PSDB).

O deputado Padre João relembrou que, em outubro do ano passado, a vigilância sanitária fez o recolhimento de toda a produção de queijo comercializada na feira livre de Barbacena, por ordem do Ministério Público. Desde então, o comércio do produto foi proibido na região. Luiz Carlos Netto, promotor de Justiça da 3ª Vara Cível da Comarca de Barbacena, garantiu que a apreensão dos queijos só foi feita após conversa com os produtores, em que foram exigidas providências quanto ao saneamento na produção. O promotor falou que, após os queijos terem sido analisados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), foram encontradas vários tipos de bactérias que podem causar, entre outras doenças, a tuberculose e a meningite. Luiz Carlos Netto defendeu como solução para o problema a criação com urgência do Serviço de Inspeção Municipal (SIM).

Abandono - Segundo Vicente de Paula Almeida, produtor de queijo artesanal do município, a suspensão da venda do produto pegou de surpresa os fabricantes. Ele afirmou que, após a ação do Ministério Público, os produtores foram abandonados, sem renda para sua sobrevivência. Almeida ainda reclamou que, ao procurarem a Prefeitura de Barbacena e o Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima), não obtiveram uma resposta.

O representante da Secretaria Municipal de Agricultura de Barbacena, Silvério Galvão, acredita que para solucionar o problema sejam necessários esforços conjuntos de produtores, população da cidade, Prefeitura e órgãos públicos relacionados à questão. Galvão falou que existe a necessidade não só de parceria entre os envolvidos, mas também de treinamento dos produtores e conscientização. "O ramo oferece boas oportunidades, se bem administrado", afirmou.

Produtores precisam de apoio para se adequarem à lei

O chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora, Paulo do Carmo Martins, disse que para resolver o problema do leite deve-se analisar a cadeia do produto como um todo. E acrescentou que os pequenos produtores de leite e queijo de Barbacena precisam se adequar às exigências legais, mas ao mesmo tempo, as autoridades não podem virar as costas para eles. "É preciso dar a eles condições de se adequarem à exigência da Lei 14.185 de 2002".

Uma dessas condições, segundo o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barbacena e Região, Renato José Laguardia de Oliveira, é criar com urgência o Serviço Municipal de Inspeção Sanitária, cujo projeto de lei está na Câmara da cidade. Com o serviço, os produtores poderão ter sua produção certificada e, conseqüentemente, vendida na própria cidade, o que está proibido desde outubro do ano passado, pelo Ministério Público.

O sindicato congrega mais de dois mil sócios, de oito cidades e é responsável pela produção de 200 mil litros/dia de leite, na bacia da região, composta por cerca de 15 cidades. Renato Laguardia pediu ações concretas da reunião, como a inclusão de Barbacena na área de produção de leite artesanal protegida por legislação específica.

O presidente da Associação dos Produtores de Leite de Minas Gerais, Paulo César de Alvim Resende, disse que o setor vem passando por enormes dificuldades há muito tempo. E criticou os órgãos representativos de produtores, como a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), que ignoram as dificuldades com produção, comercialização, insumos e financiamento da produção leiteira.

Conseleite - Para o representante da Faemg e da Câmara Setorial do Leite, órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, Eduardo Dessimoni, os problemas com a área leiteira terão melhor encaminhamento com a criação do Conseleite, Conselho Estadual do Leite, órgão paritário que deverá ser composto pelos produtores de leite e indústria. O conselho existe no Paraná e é uma experiência bem sucedida, segundo Dessimoni, "mas em Minas Gerais estamos tendo certa dificuldade com o setor cooperativista industrial".

O deputado Padre João disse que os debates devem continuar e que a Assembléia vai procurar intermediar as questões que não estão sendo resolvidas. A deputada Lúcia Pacífico (PTB) defendeu o Movimento das Donas de Casa, como instância que vem se preocupando há muito tempo com o incentivo ao consumo de leite e a qualidade do produto oferecido. A deputada Ana Maria Resende (PSDB) disse que o setor leiteiro em Minas é muito tradicional e não pode ficar à margem das novas políticas governamentais, que já estão caminhando com a criação do Conseleite.

Pareceres e requerimentos são aprovados

A Comissão aprovou na reunião parecer de 1o turno favorável ao Projeto de Lei 1.457/04, do deputado Roberto Carvalho (PT), que cria uma linha de crédito especial no Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural (Funderur) para o financiamento de projetos de recuperação de áreas degradadas que usem sistemas de fruticultura integrada com a apicultura. O relator, deputado Doutor Viana (PFL), opinou pela aprovação do projeto com a emenda nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça, e as emendas nºs 2 e 3 apresentadas.

A emenda nº 2 ajusta o "desvio", previsto no texto original, que determina que o órgão gestor do Funderur elaborará os projetos técnicos para a implementação das culturas dos produtores selecionados. Segundo o relator, essa determinação é indevida, "pois implica em custos elevados para o Estado, além de cercear a liberdade e a criatividade dos tomadores de recursos para o fim previsto". Já a emenda nº 3 determina que seja fomentada a utilização de espécies frutíferas de porte arbóreo de forma integrada com a apicultura, em projetos de recuperação de áreas degradadas pela atividade agropecuária. "As plantas herbáceas são questionáveis para o objeto de recuperação de áreas degradadas. Por sua vez, as espécies ou variedades de porte arbóreo têm características de cultura permanente e admitem manejo menos agressivo", justificou Doutor Viana.

Terras devolutas - Também foi aprovado, só que em 2o turno, o parecer sobre o Projeto de Resolução (PRE) 1.214/03, de autoria da comissão, que aprova, em conformidade com o disposto no artigo 62, inciso XXXIV, da Constituição do Estado, as alienações das terras devolutas que especifica. O relator, deputado Padre João (PT), opinou pela aprovação do projeto na forma do vencido em 1o turno. Já o parecer sobre a Mensagem 214/04, do governador, foi aprovado, em turno único, na forma do PRE apresentado. A mensagem encaminha expediente que autoriza o Executivo a alienar imóvel a Alvino Teixeira Ribeiro e outros.

Os deputados aprovaram ainda, na forma apresentada, duas proposições que dispensam a apreciação do Plenário, uma de declaração de utilidade pública e outra concedendo votos de aplausos.

Presenças - Participaram da reunião, os deputados Gil Pereira (PP), presidente; Padre João (PT), vice; Doutor Viana (PFL); as deputadas Ana Maria Resende (PSDB) e Lúcia Pacífico (PTB).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715